Capítulo 1 - Pensamentos

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P.O.V. Ginny Weasley

Levantei cedo naquela manhã fria com uma empolgação incomum para um sábado. Mas não era um sábado comum. Ah, não era.

Nos últimos dois anos estive me corroendo de inveja por não poder deixar os terrenos da escola e ir até o vilarejo um pouco mais a baixo na colina do castelo. Porém, inveja se tornou ansiedade quando ingressei no terceiro ano e poderia enfim saciar minha curiosidade.

Sair do dormitório antes mesmo que alguma das minhas "colegas" acordasse.

Não éramos exatamente amigas, para ser sincera. Não deu tempo de desenvolvemos algo semelhante a uma amizade em nosso primeiro ano, pois eu estava ocupada conversando com a memória de um maníaco em um diário velho. Claro, se eu soubesse, o teria atirado pela janela na primeira oportunidade. Ou na lareira, talvez. Quem sabe o enterrasse em algum lugar nas profundezas da floresta proibida. Mas isso já não importava. O diário se fora, e minha chance de brotar algum sentimento de fraternidade com minhas colegas de quarto igualmente evaporara.

Apesar de não haver sentimentos amigáveis em nossa relação, havia o mínimo de respeito que o bom senso permitia. Embora eu soubesse que elas não eram exatamente confiáveis, pois falavam de quase todo mundo de Hogwarts quando empoleiravam-se em uma das camas — a mais distante possível da minha — e tratavam de cochichar, dar risinhos bobos e soltar exclamações de indignação ou surpresa.

E não que eu me importasse com isso, mas eu sabia que elas também falavam de mim pelas costas. De qualquer forma, elas não faziam falta, pois para mim, era melhor o nada do que uma amizade falsa.

Alcancei a sala comunal e como era cedo demais para o café e tarde demais para ver o sol nascer, me sentei no tapete em frente à lareira, observando as chamas arderem craqueando. Deixei a vista desfocar enquanto abraçava os joelhos e pensava sem um rumo definido.

Minha mente decidiu vagar para Hogsmead. Já ouvira muito falar das atrações que a vila de bruxos proporcionava aos visitantes. O bar do Três Vassouras era o ponto mais famoso para se acomodar e beber uma cerveja amanteigada e a Dedosdemel a melhor loja de doces já criada.

Como será que eram seus interiores? Os imaginavam quentes e aconchegantes, tão convidativos quanto era A Toca magicamente bem aquecida no inverno.

A ansiedade borbulhou dentro do meu estômago e por um momento a confundi com a fome. Era verdade que os dois estavam fazendo uma festa com direito a música com batidas dentro de mim. Ri ao imaginar uma discoteca de entranhas dançarinas no meu estômago.

— Bom dia.

Me sobressaltei com uma voz atrás de mim. Virei para olhar, pois não esperava que alguém descesse tão cedo como era aquela hora.

— Ah, oi, bom dia. — disse meio sem jeito por ter sido pega rindo sozinha sentada em frente à uma lareira às 6 da manhã de um sábado. Tentei sorrir, torcendo para que ele não tivesse notado a minha vergonha e o motivo dela.

— Posso? — Harry apontou para o chão ao meu lado. Assenti sem olhá-lo, achando o fogo repentinamente muito interessante. — E seria abusar muito se eu perguntasse qual foi a piada que o fogo te contou? — ele murmurou quando se acomodou no espaço ao meu lado.

Senti meu rosto corar fortemente e tentei escondê-lo com o cabelo. Deveria estar parecendo uma estúpida.

— Seria egoísta da minha parte se eu não quisesse dividir o senso de humor do fogo? — consegui murmurar de volta torcendo para minha voz parecer indiferente.

— Contanto que eu não seja a piada. — disse com o humor negro.

Franzi as sobrancelhas, um tanto confusa.

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⏰ Última atualização: Nov 13, 2022 ⏰

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