Nova Vida

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- Haewon! - soojin gritava pela filha, que aparentemente havia ido ao banheiro escovar os dentes e ainda estava lá. - Você vai acabar se atrasando para seu primeiro dia de aula. - disse olhando para o relógio em seu pulso.

Foi a conta dela mencionar isso, que a garotinha surgiu na sala. Ela caminhou até o sofá para pegar sua mochila e foi até a porta, onde sua mãe estava em pé.

- Rápido, mamãe. - dizia afobada enquanto puxava a coreana pela blusa. Soojin achou fofo e logo fez o que a menina pediu, trancou a porta e foram até a garagem.

Soojin abriu a porta de trás e posicionou Haewon na cadeirinha, a menina pareceu se virar bem apertando o cinto sozinha. A coreana deu a volta no carro e entrou, se certificando de travar as portas antes de fazer o percurso até a escola.

Felizmente, o tráfego não ficava muito pesado pela manhã, então em menos de vinte minutos, a coreana já estava em frente à escola estacionando o carro. E digamos que acabaram chegando cedo demais, o portão só seria aberto daqui a 15 minutos, então a coreana decidiu esperar no carro enquanto jogava um jogo de adivinhações com Haewon, que parecia estar ligada nos 220 V.

Quem olha para a pequena menina de cinco aninhos nem faz ideia do que ela e seu irmão, Hyun, passaram. Há aproximadamente 6 meses, os dois foram levados para um orfanato, pois alguém havia alertado a polícia sobre os hematomas que apareciam nas crianças. Os vizinhos sempre relatavam esse tipo de situação mas ninguém fazia nada.

Até que a nova professora do jardim de infância, Cho Miyeon, resolveu tirar fotos dos machucados e levar como evidência até uma delegacia, exigindo que algo fosse feito urgentemente. E foi exatamente isso que aconteceu.

No mesmo dia uma equipe foi até a residência dos irmãos, e logo de cara sabiam que havia algo errado, já que os pais das crianças não estavam permitindo a entrada dos oficiais dentro da casa. Sendo assim, a equipe foi obrigada a entrar a força, e a cena que presenciaram era totalmente desumana.

Havia roupas e lixo por todo canto da casa, o chão parecia que não era limpo há meses, talvez anos. Na cozinha havia restos de comida sobre a pia e vários mosquitos rondando por ali. E, sem falar das condições dos quartos, onde nem cama tinha, ao que parece todos dormiam no chão, sobre um fino lençol. E o banheiro era a pior parte, o vaso sanitário estava entupido e tinha fezes até a borda, assim como em boa parte do chão.

Os oficiais decidiram revirar o quarto do casal só por precaução e acabaram encontrando sacos contendo tipos diferentes de drogas. Aquilo foi o suficiente para ambos serem presos por maus tratos e posse de drogas. Sendo assim, as crianças foram enviadas para uma instituição até o julgamento de seus pais, para confirmarem se apenas um deles estava ou não envolvido, e se o outro havia sido induzido a colaborar, e também para ver se algum parente iria ficar com a guarda das crianças, mesmo que temporariamente.

Após duas semanas de investigação, a declaração final foi de que, os pais tinham total noção do que estavam fazendo, e se era ou não prejudicial para seus filhos. Alguns investigadores decidiram ir mais fundo durante um interrogatório com a mãe das crianças e acabaram descobrindo que o casal só aceitou ter filhos para ganharem o benefício que o governo dava para crianças, era a única razão pela qual eles iam para a escola.

Depois de tudo isso e pelo fato de nenhum parente aparecer para zelar pelas crianças, ambos foram enviados para um orfanato, mas dessa vez era definitivo. Porém, no meio do processo para isso acontecer, os irmãos acabaram indo para orfanatos diferentes. Haewon ainda tinha esperança de ver seu irmão e de ter uma vida feliz, com pessoas que realmente a amassem, mas conforme as horas, dias, semanas e meses se passaram, ela acabou morrendo.

Mas meses mais tarde, essa esperança voltou, quando Soojin passou pela porta do orfanato e diferente das outras pessoas, foi em direção a uma menina que ficava sentada no sofá de cabeça baixa. A coreana logo conseguiu construir uma base sólida com a garota, e a menina acabou se apegando a ela, tanto que até começou a chamar a coreana de "mamãe".

As funcionárias do orfanato, ficaram surpresas ao ver a relação das duas, já que Haewon sempre ficava na dela e mal falava, mas ao lado de Soojin ela virava uma verdadeira tagarela.

O processo de adoção não foi tão difícil, Soojin por outro lado imaginou que seria totalmente o contrário, por não estar casada. Mas por outro lado ela tinha um emprego fixo e uma ótima renda, e isso acabou ajudando. A coreana também fez tudo para tentar achar o irmão da pequena Haewon, mas infelizmente não conseguiu.

Por conta disso, Soojin sempre mudava de assunto quando a pequena perguntava sobre seu irmão.

No começo, a coreana também tinha a mesma esperança mas conforme os meses foram passando, ela foi se desgastando, já que era bem provável que Hyun também tivesse sido adotado.

- Mamãe! - diz de repente e faz a coreana tomar um leve susto.

- Hum?

- O portão já abriu. - a pequena aponta para frente. - Olha. Já posso ir?

- Claro. - a coreana se aproxima da menina que está sentada no banco do passageiro e dá um beijo em sua testa. - Se comporte, está bem?

- Pode deixar. - ela retribui o beijo de sua mãe e abre a porta do carro, logo em seguida sai correndo para dentro da escola.

Soojin fica mais uns cinco minutos parada em frente ao prédio e faz seu caminho até seu escritório.

Ela daria tudo para virar um mosca e saber como sua filha vai passar a manhã. Será que ela iria se adaptar bem? Ou acharia que seria muito e entraria em desespero querendo sua mãe?

De qualquer forma, Soojin se certificou de deixar seu celular no último volume, assim não perderia qualquer ligação.

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