Talulah
Chegamos ao apartamento. Heitor ajudou Nico a subir com as malas e as levou para os quartos. O bebê conforto de Lucas estava no canto da sala, pude ver de relance que o menino ainda dormia, assim como Knight.
- Tulah, decidimos sair para pizzaria mais tarde. - Heitor informou. - Eu ou o papai vamos te buscar. Provavelmente eu.
- Hm. - murmurei, colocando Kni no sofá. - Quem vai?
Vi Nicolas erguer a sobrancelha para mim e sentar-se ao lado do nosso bebê.
- Eu, Lucile, Gabe. O papai, mamãe... - listou.
- Seu amiguinho não vai não, né? - indaguei diretamente.
- Tulah. Qual é, já fazem dois anos. Você sabe. Desde que vocês namoravam sempre saíamos juntos. Depois que foste embora isso teve que continuar acontecendo. A mídia está de olho. - explicou. - Vai ser muito estranho se ele ou você deixarem de ir. A melhor coisa a se fazer é todo mundo sentar na mesa como se tivéssemos superado o término.
- E não superamos? - Nicolas perguntou. Olhei para ele instintivamente e abri a boca para responder, mas nada me veio.
Pelo seu olhar, senti dor.
- Sim. - Heitor respondeu por mim. - Mas para a imprensa, não. Temos que mostrar que isso aconteceu. Somos uma família pública.
Nicolas assentiu. Ele desviou o olhar para Knight e acariciou sua barriguinha.
- Ok, Thor. Tudo bem. - consenti.
- Os busco às 19h30. - avisou, pegando o filho de Tony. Meu irmão se aproximou de mim e me abraçou. - Senti sua falta.
•••
Ao chegarmos à pizzaria, percebi que meu irmão estava certo: todos olhares estavam concentrados na gente. Senti o braço de Nicolas rodear minha cintura, me aproximando de seu corpo. Olhei para ele e dei um sorriso. Seu outro braço estava ocupado com nosso filho, que olhava tudo e todos atentamente.
Os flashs de fotos não paravam de nos cegar, mas quando de fato entramos no estabelecimento, isso aliviou.
- Filhota! - Meu pai correu e me abraçou. Retribui o abraço que mais me fez falta nos últimos anos.
- Que saudade, papai. - o apertei. Quando nos afastamos, não hesitei em falar. - Esse é Nicolas, seu genro.
Eles apertaram a mão um do outro.
- É um prazer, senhor. - Nico cumprimentou, me pareceu nervoso. Então coloquei minha mão na sua costa para apoiá-lo.
- Por favor, me chame de Eliot. Afinal, és da família. - meu pai deu um sorriso de lado. - Esse é meu neto? - fez menção de pegar Kni.
Knight, no entanto, se virou.
- Filho, esse é o vovô. - Nicolas sussurrou. - Ele é o papai da mamãe.
- Papa? - Kni olhou para o pai tentando entender.
- Eu sou seu papai. - Nicolas explicou. - E ele... - apontou para Eliot. - É o papai da sua mamãe. - apontou para mim. - Por isso, ele é seu vovô. Você o conheceu quando era um neném.
- Vovô. - Knight repetiu.
Meu pai deu um sorriso.
- Com o tempo ele se acostuma conosco. - meu pai disse.
Nos aproximamos da mesa. Percebi o quão eufemista Heitor tinha sido mais cedo ao citar quem iria vir. Na mesa, além das pessoas que ele já havia mencionado, encontrava-se, creio eu, sua equipe de trabalho inteira.
Cumprimentei a todos e não economizei abraços em minha mãe e irmã. Nicolas as apresentou para Knight da mesma forma que apresentou meu pai. Percebi o quão seguro meu filho se sentia nos seus braços.
- Então, esse é o famoso Gabe, o noivo! - Brinquei, cumprimentando meu cunhado.
- Fala sério, Tulah. Até parece que não apostava na gente. - me abraçou. - Desde criancinha.
- Desde criancinha. - confirmei.
Sentamos na mesa. E foi inevitável: senti seus olhos sob mim. Procurei e achei. Antony não parava de nos encarar. Olhei e dei um sorriso falso. Eu não vou estragar a noite do meu irmão e muito menos a empresa deles por causa de um desgraçado.
Senti a mão de Nicolas na minha coxa, por cima do vestido. Olhei para ele e sorri sem mostrar os dentes, levantando a sobrancelha.
Me aproximei dele.
- Tá muito certinho hoje. - sussurrei em seu ouvido, senti ele arrepiar.
Logo, sua mão continuou na minha coxa, mas agora embaixo do vestido, em contato direto com minha pele.
- Então, Sweet, conte-nos as novidades. - meu pai pediu, colocando vinho em sua taça.
- Eu e Nico decidimos ficar direto para as duas comemorações. A sua e de Lucile. - avisei.
- Que notícia ótima, querida! - minha mãe disse, enquanto tentava brincar com Knight.
- Vão ficar os dois meses corridos aqui? - Heitor perguntou, enquanto cortava sua pizza. - Vai ser incrível. Vou levar meu sobrinho para a praia. Ele já conheceu?
Neguei. E quando ia responder, a voz de Antony foi mais rápida:
- Sobrinho?
Meu irmão engasgou e toda a mesa se calou. Não pude deixar de notar que Lucas estava na cadeira de criança ao lado da de Antony.
- Sim. - eu mesma respondi. - Knight é meu filho, sobrinho de Heitor e Lucile.
- E meu. - Gabe acresceu, tentando aliviar o clima.
- Quantos... - limpou a garganta. - Quantos anos ele tem? - levou sei copo até a boca.
- Dois. - Nicolas respondeu, fazendo Tony também engasgar com a água. - Nosso filho tem dois anos. - reformulou a frase e encarou Antony.
Dei um sorriso. Nicolas me olhou e dei um selinho nele. Feliz pela resposta.
- Quem quer pizza de lombo com geleia de pimenta? - Meu pai perguntou, olhando para o cardápio.
Logo, a mesa ja estava distraída novamente.
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Inacreditável
RomanceInacreditável: a traição não começa no beijo A vida de Talulah muda completamente ao se deparar com seu namorado, Antony, traindo-a com sua melhor amiga. Em uma noite desesperadora, ela compra uma passagem para o exterior e não se importa com o qu...