Capítulo 1: Começar Por Aí

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Como Criar Pássaros
Capítulo 1: Começar Por Aí

20 anos atrás

ㅡ Eu posso me sentar aqui? ㅡ o olhar perdido do garoto bicolor fitou a garota que o olhava carinhosamente. Rapidamente seu olhar se tornou de confusão pela forma como a garota se vestia. Deu de ombros como resposta. ㅡ Então licença. ㅡ e observou a garota se sentar graciosamente.

No reformatório, para que eles pudessem ser aptos a serem soltos com a ficha consideravelmente limpa, eles tinham essas sessões de encontro umas três vezes na semana com pessoas que se voluntariam para conversar com menores infratores. Fazia-se três meses que Hanemiya havia sido preso pela segunda vez e ninguém nunca escolhia ele; mas não que ele se importasse. Costumava deitar a cabeça na mesa e esperar que aquela uma hora de conversa acabasse para retornar para a sua cela.

Essa tinha sido a primeira vez que via aquela garota ali, e ela havia escolhido sentar com ele? Não entendia muito bem o que estava acontecendo, mas preferiu se manter quieto. A garota colocou uma bolsa de tamanho médio em cima da mesa e retirou de dentro um livro, que começou a ler sem se importar com a presença do outro.

É óbvio que ela não falaria comigo. ㅡ pensou, confuso com o que estava sentindo. De forma discreta olhou o título do livro e arregalou os olhos: "Como Criar Bebês". Passou-se alguns minutos com ambos em silêncio: Hanemiya com a cabeça deitada na mesa, mas não dormindo, e a garota lendo o livro.

ㅡ Quando sair, pensar em criar uma família? ㅡ a pergunta pegou o bicolor desprevenido, que levantou-se rápido e passou a olhar para a garota. ㅡ Ah é, eu me chamo Nozomi. Onoda Nozomi. ㅡ sorriu esperando a resposta.

ㅡ Você quer? ㅡ a garota pareceu pensar um pouco antes de falar algo.

ㅡ Ah, ㅡ e dera uma curta risada. ㅡ eu quero, por isso estou estudando. ㅡ mostrou o livro para o garoto. ㅡ Não é fácil criar crianças, sabe? ㅡ sorriu pequeno. ㅡ Mas não me respondeu, Kazutora-san. ㅡ esperou que o bicolor a respondesse.

ㅡ Não acho que... Alguém gostaria de mim... ㅡ a resposta foi em um tom baixo, mas nada que Nozomi não tenha ouvido.

ㅡ Sabe, todo mundo pensa, pelo menos uma vez na vida, em matar alguém. ㅡ a garota guardou o livro dentro da bolsa e deixou as mãos repousarem em cima do próprio colo enquanto falava, fitando a mesa. ㅡ É necessário muita coragem para fazer isso, mesmo em momento de pânico, sabia? ㅡ mesmo que o outro não pudesse ver, fincou as unhas nas próprias pernas por cima da saia de vestia. ㅡ Eu não sinto medo de você pelo o que você fez no passado, mas sim o que essa ação vai fazer com você no futuro. ㅡ suspirou um pouco cansada.

ㅡ O que quer dizer com isso? ㅡ Hanemiya não estava entendo o que a garota queria dizer.

ㅡ Se você se arrepende de verdade do que fez, sempre há uma segunda chance. ㅡ e tirou de dentro da bolsa um embrulho. ㅡ Não precisa ler se não quiser, é apenas um livro que fala sobre perdão. ㅡ entregou ao outro e se levantou. O tempo estava acabando. ㅡ Na próxima vez que eu vier, podemos começar por aí. ㅡ e acenou para o outro, que ficou sem reação.

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O quarto estava silencioso. Por mais que soubesse que o outro lado da cama estaria vazio, esticou o braço e sentiu o frio do outro lado da cama vazio. Lentamente se levantou e desligou o chamado do celular. Dirigiu-se ao banheiro e parou de frente à pia. Escovou os dentes e lavou o rosto. Ao retornar ao quarto constatou que horas eram: cinco e trinta e três da manhã.

 Arrumou a cama e saiu do quarto sem fazer muito barulho. Abriu a porta do quarto que ficava ao lado do seu e sorriu ao ver o abajur amarelo aceso e uma pequena garota dormindo calmamente. Fechou a porta devagar e se dirigiu à sala, onde começou a juntar os brinquedos que estavam jogados pelo chão da sala, pegou a manta amarela que ficava no sofá e a levou para a lavanderia, voltando com outra manta, desta vez uma azul escuro.

Após arrumar o sofá, se dirigiu à cozinha e começou a lavar a louça da noite anterior e arrumar a bagunça que ficou na cozinha. Quando terminou já eram seis e meia da manhã. Abriu a geladeira pegando uma vasilha transparente que continha arroz dentro e dois ovos. Deixou ambas as coisas em cima da bancada da pia e foi ao armário pegar sal, farinha de trigo e alguns temperos a mais. Quebrou um ovo de cada vez dentro de uma xícara para ter certeza que não estavam estragados e colocou junto do arroz. Aos poucos foi colocando o sal, a farinha e os temperos, para não salgar e não ficar muito exagerado. Pegou uma colher e começou a mexer até que ficasse em um boa consistência e deixou em cima da bancada. Pegou um rolo de papel manteiga em uma das gavetas e forrou o compartimento da fritadeira elétrica. Com o auxílio de uma colher, fez seis pequenas bolinhas em cima do papel manteiga e deixou fritando dentro da fritadeira.

Após colocar a tampa de volta na vasilha, o jovem lavou a mão e rumou para o quarto que ainda estava com a porta fechada. Abriu a porta e nem se importou em acender a luz, foi logo abrindo a janela sem fazer muito barulho. Foi rumo à cama e começou a chacoalhar a garota que dormia ali.

ㅡ Sayu-chan, vamos acordar? ㅡ agachou-se e começou a chamar a garota mais um pouco. Era um pouco difícil acordar a pequena garota: havia puxado o hábito de dormir demais da mãe.

ㅡ Papai... ㅡ sussurrou assim que se sentou na cama sonolenta.

ㅡ Vai escovar os dentes e logo vamos tomar café, tudo bem? ㅡ acariciou o topo da cabeça da menina que desceu da cama e rumou ao banheiro. Enquanto a garota escovava os dentes com todo cuidado que havia aprendido, o jovem rapaz arrumava a cama. Foi em direção ao guarda-roupa da garota e separou o uniforme da garota, deixando em cima da cama. Voltou para a cozinha e colocou uma nova leva de arroz dentro da fritadeira enquanto a primeira leva esfriava. Foi até a geladeira e pegou a jarra de suco e deixou em cima da mesa.

O café da manhã seguiu tranquilo, com ambos conversando animadamente após a garota estar totalmente despertada. Eram sete e meia da manhã quando decidiram sair de casa. O jovem garoto ficou de mão dada ouvindo cada palavra da pequena garota enquanto iam em direção à escola da mesma. Assim que chegou em frente da escola, agachou-se para ficar na altura da mesma e sorriu.

ㅡ Papai vem te buscar mais tarde. ㅡ sorriu calmo. ㅡ Papai te ama.

ㅡ Sayuri ama mais. ㅡ e beijou a bochecha do garoto. ㅡ Tchau papai! ㅡ e correu para dentro da escola. Antes que pudesse ir embora, ouviu uma voz lhe chamando:

ㅡ Senhor Kazutora! ㅡ virou-se e viu a professora de sua filha. ㅡ É... amanhã vai ter uma reunião na escola... ㅡ a mulher parecia um pouco acanhada.

ㅡ Sim, eu sei. ㅡ respondeu frio. A garota não soube o quê responder, ficando em silêncio. ㅡ Então estou indo. ㅡ se curvou lentamente e voltou a caminhar rumo ao seu trabalho.

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sim, essa história é inspirada na música "mockingbird" e espero que gostem dela

sim, reescrevendo pois gosto dessa temática de história kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Como Criar Pássaros | Imagine KazutoraOnde histórias criam vida. Descubra agora