| Capítulo 03 |

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— Não. – Dinah falou, um pouco alto demais.

Eles estavam na sala da diretora do orfanato, na companhia da assistente social e da diretora do local, enquanto Quentin tentava convencer a mulher de adotar Lara:

— Meu amor. – Falou calmamente. – Você precisa vê-la, ela é um encanto de menina.

Não tinha dúvidas de que Quentin havia se encantado pela menina, ele simplesmente não podia deixá-la lá, ou pior, em um hospital psiquiátrico.

Seria muita maldade de sua parte, até porque se sentia ligado a ela de uma maneira inexplicável, mas Dinah não queria ceder:

— Viemos adotar um bebê, lembra? – Ela parecia indignada. – Eu não quero uma menina de cinco anos de idade.

A diretora, assim como a assistente social, observavam aquela pequena discussão em silêncio. A mulher que dirigia o orfanato, torcia para que o casal levasse a pequena menina, pois só ela sabia os problemas que lhe foram causados por causa da resistência da criança, que não falava com ninguém. Assustava as outras crianças, os funcionários e até os pais que vinham visitar seus futuros filhos. Já a assistente social, tentava entender o que acontecia:

— Vá falar com ela. – Quentin insistiu. – Dê uma chance. Se não se encantar por ela, levaremos outra criança.

Mesmo contra sua vontade, Dinah concordou, pois sabia que aquilo era o mais próximo de um acordo que eles chegariam. Ela não entendeu a teimosia do marido, que era um homem calmo e compreensivo na maior parte do tempo, e quase nunca discordava dela.

— Então... - Ela puxou assunto. – O que essa menina tem de tão mágico, que encantou o meu marido?

— Seu marido é um homem bom. – Foi tudo o que a mulher falou.

Assim como aconteceu com Quentin, Dinah também sentiu o coração apertar quando viu a menina. Ela estava na mesma posição de quando Quentin saiu, sentada no chão e olhando para um canto qualquer do quarto:

— Vou deixá-las a sós.

A freira sumiu pelo corredor, e Dinah permaneceu parada no mesmo lugar, observando a criança.

— Er... Oi. – Dinah tentou uma aproximação, mas parou quando recebeu o olhar da menina.

Aqueles grandes olhos cor de céu, carregavam algo tão pesado, que fez Dinah querer chorar.

E foi o que fez.

Dinah andou até a menina, e sem dizer nada, a puxou para seu colo e se manteve abraçada a ela, enquanto as lágrimas encharcavam seu rosto.

Demorou um pouco para a menina retribuir o abraço, e quando o fez, Dinah entendeu o encanto de Quentin e assim como ele, também se apaixonou pela menina.

Dinah se abaixou para colocar a menina no chão, e aproveitou para olhá-la melhor.

Sim, ela parecia uma bonequinha.

O vestido florido, as tranças aos lados da cabeça, a boca desenhada e os olhos lindos... Ela era perfeita.

Assim que tocou o chão, a menina correu até o urso que estava no canto do quarto e o entregou a Dinah, que não entendeu o que a menina queria:

— O que? – Perguntou confusa, enxugando os olhos. – Quer que eu o segure?

Ela negou com a cabeça:

— É para levá-lo embora?

Negou novamente, deixando Dinah cada vez mais nervosa.

— Ele quer um abraço.

Quentin observava a cena encostado na parede do quarto, tão silencioso que nenhuma das duas o havia notado:

— Ele quer um abraço? – Ela perguntou, vendo a menina afirmar com a cabeça.

Dinah sorriu e abraçou o urso encardido, ele cheirava a mofo e poeira, ela daria um jeito de se livrar dele mais tarde:

— Então. – Quentin se abaixou ao lado da mulher. – Já posso chamá-la de filha?

Revenge | Avalance VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora