A coreana observava atentamente pela janela de vidro do prédio onde trabalhava, a figura de cabelos ruivos, Minatozaki Sana, entrar no luxuoso carro de cor preta. Prendeu seus lábios entre os dentes e logo jogou os seus pertences; que estavam espalhados sobre mesa revestida de ébano do escritório, dentro da sua bolsa e correu até o elevador mais próximo. Apertava o botão para o térreo de forma bruta, enquanto batia impacientemente um dos pés contra o piso cinza do local ínfimo.
Suspirou aliviada quando chegou aonde queria, e correu até a porta grande, sentindo o ar frio bater no seu rosto quando passou por ela. Estendeu a sua mão para que o táxi que estava vindo parasse. E assim ele o fez. Ela entrou rapidamente no veículo e pediu para que a taxista seguisse o carro indicado, que já estava virando a rua. Seus olhos estavam atentos a qualquer movimento do carro em que sua namorada havia entrado, que nem prestou atenção na tamanha beleza que a taxista carregava.
De um lado, havia uma Kim totalmente desconfiada sobre por onde a sua namorada, Sana, estava andando. Já fazia por volta de um mês que ela estava achando estranho os compromissos repentinos que a garota dizia ter, e só hoje resolveu tomar alguma atitude e descobrir a verdade por conta própria. Conheceu Minatozaki quando estava desgastada, sem saber que caminho seguir, totalmente quebrada. Portanto, quando alguém finalmente notou a sua dor, ela depositou toda a sua confiança na pessoa. E era nítido o amor que Dahyun sentia por Sana, mas parecia que o amor não era mútuo, mesmo a ruiva afirmando o contrário.
Do outro lado, Momo pisava com toda a força no acelerador, curiosa por saber o porquê daquela bela mulher estar tão disposta a seguir um carro. Havia tido um dia cheio, e estava disposta a encerrar o seu turno, mas quando Dahyun apareceu, praticamente implorando para que o táxi parasse, e ela se comoveu. Mas nunca achou que teria que dar uma de Velozes e Furiosos.
O carro preto parou e Hirai fez o mesmo, um pouco atrás. Observou a rua deserta e sentiu um arrepio percorrer o seu corpo, estava com medo de ser roubada. Uma mulher de fios curtos e negros saiu do carro, e abriu a porta para a de fios ruivos, que saiu com um sorriso radiante no rosto, entrelaçaram as mãos e foram andando até um motel que tinha logo a frente. A japonesa pôde perceber uns suspiros baixos do banco de carona quando ambas atravessaram a porta do estabelecimento. Ela abriu várias vezes a boca para falar algo, mas nenhuma palavra se formava, nada se adequava a aquela situação.
— Quanto deu? — ela falou, por fim, limpando as lágrimas que ainda insistiam em sair.
— Não precisa pagar...
— Claro que preciso, agora diga-me, quanto deu?
Hirai se calou devido a rigidez da garota, ela provavelmente deveria estar muito abalada com o que acabara de acontecer. O silêncio permaneceu no veículo, até ser quebrado pela voz, agora calma, de Dahyun.
— Me desculpe por ter falado de forma grossa contigo. — ela levou uma das suas mãos até a de Momo, que estava apoiada na sua própria coxa.
— Eu vi como você ficou abalada, então, não precisa pagar. Ou melhor, se você quiser desabafar... — se arrependeu depois de ter falado aquilo quando viu a expressão confusa da de cabelos castanhos.
— Sabe a garota de cabelos ruivos? Pois bem, ela é minha mulher. Ou era, não sei ao certo. — a japonesa arregalou os olhos surpresa.
— Ãhn, eu não sei o que falar...
Dahyun soltou uma risada nasal seguido de um: — Não precisa falar nada. Você pode, por favor, só me escutar?
Hirai ajeitou sua postura no banco do carro e balançou a cabeça em confirmação.
— Eu passei por uma fase muito difícil na minha vida, a morte do meus pais, minha irmã sendo diagnosticada com câncer, a descoberta da minha sexualidade. Me sentia totalmente sobrecarregada, só queria dormir e não acordar mais, entende? — recebeu como resposta, novamente, uma confirmação com a cabeça. — Mas então ela chegou. E eu, tola, caí no canto da sereia. Desde a primeira vez que minha amiga, Chaeyoung, bateu os olhos nela, ela disse que a Sana não era uma boa pessoa e que não me faria bem. Eu não acreditei, como sempre. Me sinto um lixo por ter depositado toda minha confiança e amor numa pessoa que só queria brincar com meus sentimentos.
Momo continuava de olhos arregalados, não sabia o que falar. Ela apenas abriu os braços, quando viu os olhos castanhos escuros da garota se encherem de lágrimas, e Dahyun foi rapidamente ao encontro dos braços aconchegante da taxista.
— Vou te dizer as três leis da vida. — Momo falou enquanto alisava os fios escuros. — Primeiro, ama-se acima de tudo. Não há ninguém que vai fazer isso por ti. Então, se ame. Olhe para seu interior, é tão lindo, sorria para o reflexo do espelho e pare para admirar o seu corpo esbelto. Segundo, não confie em qualquer pessoa. E na maioria das vezes, escute conselhos. Principalmente de pessoas próximas, como por exemplo, sua amiga, Chaeyoung, que tanto te avisou que a tal Sana não era uma boa pessoa e você não acreditou. Mas se tivesse ouvido o conselho dela e ter prestado atenção nas atitudes que ela tomava e a forma que ela te tratava, nada disso teria acontecido, entende? — desceu seu olhar para a garota que balançou a cabeça em confirmação.
Hirai levantou, delicadamente, a cabeça da outra, obrigando-a a encará-la e Dahyun aproveitou para admirar a beleza desmesurada que a outra carregava. Seus fios caíam sutilmente sobre seus olhos escuros e intensos, seus lábios estavam entreabertos enquanto ela respirava pesadamente, segurava seu rosto de forma tão cuidadosa, que por um momento, ela se esqueceu de Sana e da sua traição, apenas estava aproveitando o momento ao lado da taxista.
— Terceiro, último e mais importante. Lembre-se que você já era arte antes de ela chegar, e vai continuar sendo arte mesmo depois que ela for embora. Então não se preocupe, não se sinta um lixo, ou qualquer coisa assim. Você tem que reconhecer o quão especial tu és para muitas pessoas, e que elas ficariam muito tristes em saber que você está tão magoada por uma garota que nem liga muito para como tu está se sentindo. Eu, que acabei de te conhecer, já estou triste em saber que tu está se sentindo assim.
O êxtase efêmero de Kim contribuiu para que Momo se aproximasse até seus rostos ficarem a poucos metros de distância. A coreana prendeu a respiração pelo ato repentino da outra, um arrepio com um misto de emoções percorreu o seu corpo.
— Apenas, seja você, seja arte. — finalizou.
Ela apertou a cintura tênue da garota, a puxando mais pra perto e finalmente, um singelo juntar de lábios fez a outra ceder, logo se aprofundando num beijo delicado. Dahyun explorava cada canto da boca de Momo, e a outra desfrutava do melhor beijo que já tivera. Ambas amaldiçoaram os pulmões quando o ar faltou, sendo obrigadas a se afastar. Um sorriso tomou conta dos lábios carmesim de Kim.
Hirai Momo havia dito as coisas mais belas e a feito sentir um misto de emoções boas em poucos minutos, coisa que Sana nunca fez em cinco anos de namoro. Ela, de fato, estava feliz ao lado da taxista que nem sabia o nome. E estava disposta a seguir as três leis da vida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Beautiful | Dahmo
FanfictionCONCLUÍDA Disposta a seguir o carro que sua namorada teria entrado, Dahyun acaba por descobrir que estava sendo traída há um tempo. Então, resolve desabafar pra taxista. · créditos à: @byulpoetry - história original versão satzu · capa/banner por: @...