Parte 2 - Harry

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Laura dedicou suas horas livres a cumprir a promessa que fez para o fantasma de Draco, mas nada que fazia dava resultados. Suas pesquisas sempre acabavam em becos sem saídas, e aparentemente não havia nada na história da Primeira Guerra que reconhecia a vida e morte desses dois soldados.

Será que isso significava que essa história não passava de um delírio de sua cabeça facilmente impressionável? Será que o corretor de imóveis a impressionou tanto a ponto de seu cérebro inventar essas pessoas e essa história?

Não. Não poderia ser.

A memória do soldado sentado no chão chorando e contando sobre sua morte era vívida demais. Laura conseguia lembrar da cor do cabelo de Draco, da cor dos olhos, dos detalhes do uniforme. Ela conseguia lembrar da voz quebrada do garoto enquanto descrevia o corpo sem vida de seu parceiro caído em seus braços.

Não era invenção. Não era delírio. Aquela pobre alma estava ali há décadas, sofrendo, sem saber o que aconteceu com o corpo e alma do homem que amava. Estava ali, preso naquela casa, se culpando por tudo o que aconteceu.

— Você está chorando? — Uma voz familiar soou atrás de Laura, que se sobressaltou com o susto.

Era Draco.

— Já falei pra você não fazer isso! — ela disse, com uma mão no peito e a outra limpando as lágrimas que nem havia notado antes.

— Desculpe, eu não consigo bater na porta, sabe?

Laura riu, fechando o notebook e levantando da cadeira e deitando na cama em seguida.

— Eu sei, é que você sempre chega do nada e eu ainda não me acostumei.

— Não consigo controlar isso também. Acho que fico sem energia se interajo muito com você, e às vezes preciso tentar contato mais de uma vez até você me ver e me ouvir.

— E às vezes você simplesmente some do nada e eu fico me perguntando se tudo isso é real ou não.

Draco sorriu, mas ainda parecia um pouco nervoso, mexendo nos dedos o tempo todo e evitando contato visual. Laura sabia o porquê.

— Você não achou nada, não é? — ele perguntou.

A tristeza marcada no rosto de Draco entristecia Laura também. Ela não poderia saber com certeza, mas imaginava o quão doloroso deveria ser para alguém ficar tanto tempo preso no limbo, e sem saber o que aconteceu com o próprio corpo depois da sua morte. E o principal, sem saber o que aconteceu com o corpo e a alma do homem que tanto ama.

— Ainda não — ela finalmente respondeu, também evitando contato visual. — Mas eu prometo que não vou desistir.

Draco sorriu.

— Eu nunca conseguiria colocar em palavras o quão grato sou por você estar fazendo isso por mim.

Laura sorriu também.

— A única coisa que eu quero é que você finalmente encontre paz e-

A casa ficou em completo silêncio por alguns momentos enquanto Laura parecia lembrar de alguma coisa importante. Ela pegou o telefone, desbloqueou e ligou para alguém.

Draco apenas observava.

— Oi — ela disse quando a pessoa atendeu. — Sou eu, Laura. Eu queria te perguntar uma coisa sobre aquela lenda que você me disse. Sim, eu sei, é só curiosidade. Eu só queria saber se a família que morava aqui guardou algum registro sobre essas possíveis assombrações... Aham, ok. Obrigada!

— O que foi isso? — Draco perguntou depois que Laura desligou o telefone, observando-a com um olhar curioso.

— Meu agente imobiliário!

Almas Perdidas || DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora