Wild Wild

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Os alunos estavam animados e falando com suas respectivas duplas, apenas por cima conseguia pescar quatro ou cinco conversas aleatórias acontecendo entre eles. Estava no primeiro banco sentada ao lado de Aizawa, gentilmente ele me deixou ficar na janela.

— Ei vocês, o ônibus só vai parar uma vez depois de uma hora, depois disso...

Ele tentou avisar, mas foi completamente ignorado, com um suspiro ele voltou a olhar para frente.

— Tanto faz, só vão poder se divertir agora mesmo.

Juntei as mãos no meu colo olhando para o mais velho — Soa um pouco sombrio quando fala desse jeito.

— Continua sendo verdade, é um acampamento de treino afinal.

O professor estava certo, virei a cabeça para a janela e reparei na paisagem que passava rapidamente, dependendo da curva alguns raios de sol entravam pelo vidro e faziam minha pele formigar. Juntei a ponta dos meus dedos esticando eles para frente, alongando meus braços antes de voltar a me ajeitar.

— Está nervosa?

A pergunta do homem me pegou de surpresa, só então percebi estar um pouco inquieta.

— Acho que sim — respondi envergonhada —, é tão diferente. Quero dizer, eu estive com os terceiranistas por um tempo, só que a energia dos mais jovens é completamente caótica, não de um jeito ruim.

— Você se acostuma — uma afirmação curta, mas de alguma forma reconfortante —, acho que não tivemos essa conversa, o que gostaria de lecionar? Já que está no aprendizado para ser professora.

— Tenho algumas competências com honras, como leis e matemática, só que gostaria de me especializar com individualidades. Controle e treino, algo nessa linha.

— Quer o meu emprego então?

Me virei chocada, e ergui as mãos as balançando — Nada disso Aizawa, tenho um respeito enorme por você, não acho que tem outra pessoa melhor para lidar com os primeiros anos. Nunca nem pensaria nisso!

— Se acalme [Nome], foi uma piada.

Choque tomou meu corpo, como poderia ser uma se ele disse de maneira tão séria? Porém, o leve puxar de canto de lábio tinha um tom mais cômico que parecia indicar ser verdade. Senti meu rosto esquentar e voltei a me ajeitar no assento, desejando sumir no estofado.

Aizawa levantou a mão até o pescoço, suponho que a situação de ter uma... Assistente, se é que eu poderia dizer isso, é incomum. Apesar de ser um herói, o homem mantém sua discrição.

— Não sei como posso te ajudar no estágio, então se mantenha por perto e pergunte o que precisar.

— Obrigada — e continuei —, se me permite. Por que pediu para o diretor Nezu a liberdade para expulsar e admitir alunos? Começou a lecionar depois que eu saí, quando ouvi sobre isso fiquei curiosa.

Ele voltou a cruzar os braços na frente do corpo — Ser herói é uma profissão perigosa, um erro e morremos. Autossacrifício e imprudência são diferentes, para que os alunos entendam isso é necessário vivenciar a falha pelo menos uma vez, e então os faz se esforçar ainda mais.

É um paralelo inteligente, expulsão da escola e morte, aqueles que tem a sensação agem de maneira diferente. Para os recém alunos da U.A os fazia voltar com os pés no chão, entender que o que acontece ali é para pessoas salvarem outras pessoas, e que nenhum herói é eterno.

Ergui minha cabeça e espiei os alunos da turma 1-A, eles haviam passado por tantas coisas, e ainda assim continuavam a querer evoluir e se tornar a melhor versão de si mesmos. Me permiti sorrir, e voltei a encarar a minha companhia com admiração.

Litō - (Dabi x [Nome] x Hawks)Onde histórias criam vida. Descubra agora