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Estava chovendo torrencialmente quando Celestia finalmente foi liberada para retornar a casa dos Jones.

Apesar do desconforto na garganta e a dificuldade em falar, ela já havia se recuperado e se sentia muito melhor do que a 1 mês atrás. Ela não precisava mais daquele curativo incomodo e agora seu pescoço exibia uma linha irregular de textura diferente. 

Mas mesmo feliz de estar fora de uma cama de hospital, Celestia sabia que havia perdido a paz e privacidade que o Saint Mungos oferecia.

Mais uma vez, Lorde e Lady Jones estavam excessivamente sobre ela, olhos atentos e preocupados a qualquer indício de descontentamento que ela pudesse exibir. Ainda sim, mesmo em seu estado físico e mental, Celestia não conseguia se levar a rejeitar os esforços de dois pais tão amáveis.

Hector era um ônus com o qual ela teria que lidar. Celestia não podia falar normalmente ainda, mas não precisava de mais que um sussurro para fazê-lo correr pelos corredores de volta a seu quarto.

A enorme mansão, ela notou, se tornava mais escura com a chuva. Do quarto de Alice era possível ouvir a sonolenta sinfonia das gotas incessantes sob o telhado.

Celestia estava morbidamente feliz pela cicatriz, já que isso a havia livrado de uma festa de aniversário para Alice. Este corpo havia feito 16 anos enquanto estava desacordada no hospital. E a última coisa que ela queria era ter que socializar e sorrir para membros da sociedade bruxa e familiares dos Jones que a dariam parabéns e condolências ao mesmo tempo.

Ela estava satisfeita em simplesmente aceitar o presente dos pais de Alice, um conjunto de joias de esmeralda - que deveria custar 3 fortunas inteiras -, mesmo que não fosse usá-lo. Apenas para tranquilizar Agatha e Hugo.

Celestia não se lembrava da última vez em que havia feito algo por nada além de sua própria vontade.

Talvez tenha sido na Copa do Mundo de Quadribol, pouco antes de Cedrico morrer.

Celestia achava o jogo entediante e sem sentido, preferindo muito mais uma corrida de vassouras. Por causa disso, era Cedrico que acompanhava seu pai na paixão pelo esporte, sempre ao seu lado quando iam aos jogos importantes.

Ela se recorda de negar o convite, dizendo que passaria o fim de semana com a família de Cho. Na época, nada disso parecia fora do ordinário. Amos nunca forçaria Cedrico ou Celestia a algo que eles não desejassem, e sempre foi feliz com escolhas e gostos de seus filhos. 

Mas depois disso, ela não se lembra de ter feito algo que não fosse pelo "bem maior".

Depois que Cedrico se foi, toda a vida de Celestia derreteu em suas mãos, escapando por entre seus dedos.

Dentro de casa, ela tentou se manter forte para ser o apoio que seu pai precisou; e em Hogwarts, Celestia estava zangada o tempo todo. Qualquer tijolo do castelo a lembrava da falta de seu irmão e todos que a olhavam possuíam aquele brilho fantasma nos olhos.

Dó. Pesar. Saudades.

Ela sabia que todos amavam Cedrico, e o fato de estarem rechaçando Potter por ele dizer a verdade sobre o assassino de seu irmão a enfurecia. 

Então, mesmo que achasse idiotice, quando Potter montou a Armada de Dumbledore, Celestia se inscreveu. Porque era o que seu irmão faria. A coisa certa.

O resto do ano só tornou as coisas piores. Umbrigde era a pior figura para se colocar em uma escola; cruel e perversa além de severamente parva. Celestia passou todo seu quarto ano mordendo a língua para não mandá-la caçar um trasgo, porque sabia que se fosse mandada a detenção eram Fred e George que iriam em seu lugar.

FRATURA ♟TOM RIDDLE (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora