Capítulo 2

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Margarida on

Mais um dia de trabalho, eu iria ver o treino.
Avaliei alguns jogadores, prestando atenção como eles jogavam, caso alguma coisa não estivesse bem.
Eu sempre gostei de futebol e de ajudar os outros, daí ter escolhido fisioterapia desportiva.

Hoje era sábado, e o jogo seria amanhã, eu iria estar presente no jogo, para caso algum jogador se lesionasse, agora era oficial eu era fisioterapeuta do Benfica, eu não podia estar mais feliz.

O treino estava quase a terminar, quando o Neres faz falta sobre o António Silva, o António levantou-se e começou a coxear, o mister perguntou se ele estava bem e ele deu apenas um polegar para cima.

Mas o mister não pareceu acreditar, e partilhou um olhar comigo, e eu percebi que tinha de lhe dar uma vista de olhos.

O treino terminou, o mister mandou o António vir comigo, e ele veio contrariado, caminhámos até uma sala, eu ía á frente e ele vinha atrás de mim, abri a sala, deixei-o entrar e fechei a porta.

—Pode-se sentar—eu disse-lhe apontando para a maca

Ele fez o que eu lhe pedi, caminhei até ele e começei a desapertar os cordões da sua chuteira, e retirei-a, em seguida agarrei no tecido da meia e retirei-a suavemente, olhei para ele como se pedisse permissão para lhe tocar, ele olhou para mim, e desviou o olhar logo em seguida, eu esfreguei as minhas mãos uma na outra para as aquecer, e começei a examinar o seu tornozelo, fiz alguns movimentos e olhei para as suas expressões para ver se ele mostrava alguma dor.

Ele parecia não demonstrar nenhuma dor, ou melhor, tentava não demonstrá-la, reparei que ao fazer um movimento ele mudou de expressão.

—Dói?—eu perguntei voltando a fazer o mesmo movimento

—Não—ele disse com um certo receio

—António tens de ser sincero, eu estou aqui para te ajudar, não para te prejudicar—eu olhei para ele e percebi que ele recusava a encontrar o meu olhar—Responde-me dói-te

—Sim—ele acabou por responder

De repente, bateram á porta.

—Entre—eu disse olhando para a porta

—Margarida, a sua mãe está no telefone—disse a rececionista

—Faça me um favor, peça para ela me ligar, daqui a alguns minutos—eu disse ela concordou e retirou-se

Eu voltei a minha atenção novamente para o seu pé.

—Se quiser pode atender—ele disse

—Neste momento o trabalho é mais importante—eu respondi-lhe, afastei-me dele

—Levante-se—eu disse-lhe ele levantou-se, ao fazê-lo apoiou-se no meu ombro, ele ía retirar a mão do meu ombro, mas eu agarrei-a, não o deixando retirá-la—Não se preocupe, pode apoiar-se em mim

Ele assim o fez ele deu alguns passos e eu observei como ele andava, aparentemente não parecia nada demais, nada que gelo é um gel anti-inflamatório não curasse.

—Pode-se sentar novamente—eu disse ajudando-o a sentar-se novamente

Fui até um dos armários, e retirei a pomada, chamei uma auxiliar fisioterapeuta para me trazer gelo, após ela o trazer, eu coloquei sobre o seu tornozelo.

—Desculpe incomoda-la, mas sua mãe ligou outra vez—disse a recepcionista

Eu suspirei, eu teria de atender o telemóvel ou ela não iria parar de ligar.

—Dê-me o telefone—eu disse estendo a mão e ela entregou-me o telefone

Eu peguei na mão dele e coloquei-a sobre o gelo, e atendi o telemóvel.

—Diz mãe—eu disse com um tom de voz neutro—Não te preocupes que eu vou busca-la, assim que sair do trabalho eu vou lá

Falei mais pouco com ela, e depois desliguei, coloquei o telefone em cima da mesa, e caminhei até ele, tirei o gelo, e coloquei-o no lixo, peguei no creme e comecei a passar no seu tornozelo e massageei-o.

—Vou poder voltar a jogar?—ele perguntou-me

—Em princípio sim—eu disse-lhe sem olhar para ele

Após terminar, lavei as mãos, abri uma das gavetas e tirei uma meia elástica, deixei a pele absorver o creme, e coloquei-lhe a meia

—Apenas não te apoies muito no pé, e tenta repousar, o máximo que puderes—eu disse encontrando o seu olhar—E amanhã estarás novinho em folha, pronto para o jogo

Ele pegou na chuteira e na meia, levantou-se, e caminhou até à porta.

—Quer ajuda para chegar ao balneário?—eu perguntei aproximando-me dele

—Não, não é necessário, você já fez muito por mim—ele disse virando-se para me olhar

—É o meu trabalho—eu disse com um sorriso

Ele apenas concordou com a cabeça e saiu

Eu suspirei, arrumei a sala, e caminhei até aos balneários, abri o meu cacifo tirando as minhas coisas de lá, mudei de roupa, peguei nas minhas coisas, saí, e disse até amanhã ao segurança.

Caminhei até ao meu carro, entrei dentro dele, e dirigi até à escola, como era hora de ponta à escola estava cheia de pais, tranquei o carro, e adentrei na escola.

Cheguei à sala, a educadora viu-me, e eu fiquei à espera.

—Mamã—assim que a vi abri os meus braços

Ela correu em minha direção, e eu peguei-a ao colo, e caminhámos até ao carro, coloquei-a na cadeirinha, e comecei a dirigir, mas fiz um desviou para comermos no McDonald's.

Vocês devem estar a perguntar filha?
Pois é uma longa história...

Opposites-Antônio SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora