Acabamos de aterrar em Porto.
Olhei para o Nuno e vi que estava pensativo. Provavelmente por já sentir saudades de Nádia. Elas ainda ficaram na ilha por mais 2 dias, mas como moram a uns 150km da nossa cidade, ficou combinado marcarmos um encontro novamente todos juntos quando voltassem.
Nuno com certeza iria ver Nádia, e Nádia também viria até ao Porto para vê-lo antes disso.
Ao despedir-me de Jéssica trocamos números de telefone, e também ficou combinado fazermos algumas visitas um ao outro.— Acho piada à cara de parvo com que ficas quando estás apaixonado.
Digo rindo provocando o Nuno, que me olha com um sorriso irónico enquanto saíamos do avião.
— Engraçadinho. Também não me passou indiferente a tua proximidade com a Jéssica. E ontem sozinhos a ver o pôr do sol, super romântico.
Ele responde com ar de malícia.
— Não é nada do que estás a imaginar. Tornou-se simplesmente uma boa amiga.
— Sem dúvida, que ela é boa!
Ele ri dando ênfase à palavra boa, e fez-me rir também. Ele era assim mesmo, brincalhão. Que pensasse o que quisesse, não ia adiantar dar-lhe mais satisfações.
— Queres almoçar lá em casa? Aviso a Sílvia que conte também contigo para o almoço.
— Pode ser.
Chegando em casa já Sílvia nos esperava à porta de casa.
— Então as férias foram boas? — pergunta com um grande sorriso no rosto.
— Ótimas, Sílvia! A ilha é perfeita, recomendo. — Nuno responde entrando em primeiro lugar em casa.
— Foram boas sim, Sílvia, embora eu tenha agora umas contas a ajustar com alguém que se esqueceu de uma ordem minha.
Falo fingindo-me de aborrecido. Não resisti em assusta-la um pouco, pela sua ousadia com os preservativos deixados no meu saco.
Mas claro que nunca a despediria. Sílvia trabalha para mim há anos e já ganhei uma certa afeição por ela.— Oh Rodrigo, desculpe, eu..
Ela ficou visivelmente preocupada, fechando o sorriso.
— Estou a brincar consigo, mulher! Acha mesmo que eu teria coragem? Embora você me desafie. Já está pronto o almoço?
Sorrio deixando-a aliviada.
— Já está sim. Instalem-se, que já o vou servir.
— Obrigado.
Durante o almoço com o Nuno, resolvi perguntar algo que já havia surgido em meus pensamentos muitas vezes.
— O hospital tem os dados das pessoas que receberam os órgãos da Eva?
Nuno para de mastigar e olha-me intrigado.
— Não sei. Porque queres saber disso?
Eu sei que ele sabe, ele trabalha na parte administrativa do hospital onde Eva esteve depois do acidente, e de onde foram retirados seus órgãos para doação.
— Eu gostava de conhecer essas pessoas. Sei lá saber se estão bem.
Dou aos ombros.
— Rodrigo, não acho isso boa ideia.
— Nuno, por favor. É importante para mim. Talvez isso me ajude a ultrapassar. Saber que alguém sobreviveu, por ter um pedacinho de Eva. Talvez eu me conforme.
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Teu Coração ( Disponível na Amazon)
RandomRodrigo perde sua noiva Eva, num terrível acidente automóvel. Seus órgãos são doados. Nunca conformado com sua morte, Rodrigo procura quem foi o receptor do coração de sua falecida noiva, na ilusão de se sentir um pouco mais próximo dela ao conhecê...