In this life

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(Beatrice)

Já se passou um mês desde tudo, desde que derrotamos Adriel, desde que deixei a OEC, desde que perdi a Ava...

No começo foi angustiante. Como eu deveria seguir em frente após perder o amor da minha vida? Mas a Ava me pediu, ela me pediu para tentar viver, mesmo eu não sabendo como. O que eu deveria fazer a seguir? Onde deveria ir? Por muito tempo eu fui uma freira...uma freira guerreira, a única outra coisa que eu sei fazer é administrar um bar e foi para lá que eu voltei.

Foi difícil convencer o dono a me contratar novamente, mas eu consegui, disse a ele que um membro da minha família havia falecido, de forma tão súbita que eu não consegui informar da minha viagem a ninguém. E veja só para constar, eu não menti, só contei uma meia verdade.

Esse lugar está carregado de lembranças, boas lembranças. Me pego sorrindo várias vezes ao lembrar da Ava errando os drinks dos clientes, ou chegando atrasada e me bajulando para que eu não chamasse sua atenção, até mesmo a noite que ela me ensinou a beber e que dançamos juntas. No começo eu quis me entregar ao álcool, encher a cara como dizem e eu fiz isso pelo menos uma vez, mas essa não sou eu, Ava não iria querer isso, o melhor jeito de honrar o seu sacrifício é viver, viajar, visitar lugares e depois voltar para a nossa casa nos alpes.

Eu não tenho mais contato com a OEC, deixei meu colar sobre a espada da Ava antes de ir embora, a única que sabe como me contatar é a Camila, deixamos recados em um anúncio online de um jornal, ela me passa informações sobre si e sobre a Madre superiora, nada sobre a ordem, Camila sabe que eu não quero mais me envolver nesses assuntos e eu aprecio isso.

Vez ou outra surge notícias nos jornais sobre a guerra santa, travada entre os seguidores de Adriel e a igreja católica. Os primogênitos acreditam que Adriel não foi derrotado e que ele irá voltar para continuar seu trabalho. Um novo papa foi escolhido e a igreja católica informou por meio de um pronunciamento que Adriel era um falso profeta e responsável pela morte do Santo Papa. Essa guerra não me interessa, essa luta não é minha, eu já fiz a minha parte, eu já dei meu coração por essa guerra, eu não posso oferecer mais nada.

A madre superiora me entregou uma carta escrita pela Ava, ela sabia que precisava se sacrificar, ela sabia disso desde que foi para o outro mundo. Eu li a carta logo que voltamos pra OEC depois da batalha. Eu simplesmente me tranquei no meu quarto e peguei o pedaço de papel.

"Bea, eu te amo, eu não sei dizer exatamente como ou quando isso aconteceu, não sei se foi por toda a paciência e gentileza que você demonstrou comigo desde o início, não sei se foi o seu jeito certinha de ser, eu não sei se foi seu sotaque britânico ou suas pequenas sardas no rosto, ou talvez o jeito como você dança, mas eu te amo e não sei se terei tempo de te dizer isso...Você deve estar me odiando agora, por eu ter partido e por ter me sacrificado mesmo sem você pedir, mas era o certo, você sabe disso. Até outra vida Bea".

Sentei na cama e as lágrimas vieram, mesmo que eu tentasse conter, elas continuavam rolando pelo meu rosto, molhando o papel.

Não era justo, nada disso é justo, eu não quero ter a Ava só em outra vida, eu preciso da Ava agora...preciso dela me ajudando no bar a lidar com o Hanz, preciso dela nessa casa me fazendo rir com as suas piadas sem graça e seu comportamento infantil, preciso dela na nossa cama que dividimos todo o tempo que passamos disfarçadas. Eu queria mais tempo, eu queria que ela me ouvisse dizer "eu te amo".

Durante o dia eu me mantenho ocupada, mas a noite, sozinha nessa casa eu deito na cama e sinto o cheiro dela no travesseiro, demoro a dormir e quando durmo sempre tenho o mesmo sonho. Eu impeço a Ava de explodir o divinium, conseguimos vencer o Adriel com ajuda da Reya e voltamos todas para casa. É um bom sonho, mas a pior parte é acordar e perceber que não é real, que eu estou aqui sem ela.

In This Life Or The Next-AvatriceOnde histórias criam vida. Descubra agora