CAPÍTULO 26 √

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MAY ESPOSITO

— May, ou, acorda. — saio dos meus pensamentos com a Leda estalando seus dedos na minha frente. — Quase que eu jogo essa água no seu rosto, eu em. — falou baixo.

— O que foi? — questiono confusa e ela aponta pro lado com a cabeça e eu encaro os seis pares de olhos na minha frente. 

Engoli em seco e eu desviei o olhar com um pouco de vergonha e desnorteada tentando organizar meus pensamentos.

— E então, senhora, esposito? Está fechado ou não? 

— Sim, por mim está ótimo.

A reunião chegou ao fim e eles saíram pela porta. Meu corpo deu uma tremida pelo modo que a Leda reagiu. A mesma se levantou rápido da cadeira fazendo ela quase cair atrás.

— Que isso…

— Ficou doida? Você estava aérea o tempo todo na reunião, quase não falou e eu tive que falar por você. Não sabe nem o que estavam falando direito, onde estava com a cabeça? — sua cartilha de indignação eram solta, sem respirar direito. 

Talvez eu esteja pensando em uma pessoa que me fez gozar com uma faca dentro de mim, falando coisas sujas, enquanto me sufocava. Pensei, mordendo minha bochecha. 

— É por isso que você é o meu braço direito, não? — sorri na tentação de acalmar ela.

— Oh, eu sou seu braço direito? Pensei que fosse a Tiana que vive levando papéis e mais papéis para assinar as encomendas que são chegadas. — levantou uma sobrancelha em desdém.

Neguei veementemente e me levantei. 

— Claro, que ela é… Que não né, não é você quem passa o dia todo fazendo os trabalhos pesados e se responsabiliza na empresa quando ocorre de eu faltar ou algo assim. 

Passa o dedo pelo seu blazer fungando, se segurando pra não gritar que nem uma doida pela felicidade. Em boa parte sim ela está certa, eu devia ter prestado atenção na reunião, todavia se a reunião tivesse ido mal ou a proposta não fora tão boa assim, ela me diria na hora. No entanto, se eu aceitei e ela não reclamou ou contestou minha decisão, é porque a reunião seguiu corretamente como devia.

— Hm, bom saber disso, pois eu hoje eu acordei decidida em pedir minha carta de demissão. — olhou pra janela que dá a vista pra cidade. 

— Se você quiser podemos ir pra minha sala. — sugiro prendendo minha risada. 

— Ah fica quieta, se não quiser que eu te jogue daqui. 

IVETE DORLÉAC

Abro a porta do meu loft e olho para um lado e o outro, não vendo nenhuma movimentação anormal. Eu comemoro com uma certa felicidade e volto para pegar a minha bolsa em cima do balcão. Fecho a porta e caminho em direção ao elevador. 

5…4…3…2…1

Encaro a porta do elevador abrir e eu saio rapidamente, contando mentalmente que só falta eu pegar um táxi e pronto, eu consegui. 

Só que quando as coisas correm bem como você planeja, o santo desconfia. Era de se esperar. Não consegui dar um passo sequer a mais, por eu ouvir a voz dos meus pesadelos. Minhas narinas se alargam e eu mordo bem forte o meu lábio inferior. Meu corpo todo ponderou e ficou rígido. Na medida que eu sentia seu perfume másculo, forte se alastrar mais fundo e perto de mim, era a sensação de que ele estava bem atrás de mim. 

— Onde pensa que vai?

Girei meus calcanhares, encarando a sua silhueta de braços cruzados e com um semblante sério. 

— Sair, porque? 

— Porque eu infelizmente irei com você. 

Reviro meus olhos. 

— Você está me perseguindo toda hora nessa porra. Eu não preciso de babá, vai caçar o seu rumo que dá minha vida, cuido eu. — minha voz sai firme e séria, ele deu uma risada debochada e me olhou.

Molhou seus lábios, subindo seu olhar da minha boca, para os meus olhos. 

— Bem que eu queria seguir seus meros conselhos, todavia, as coisas não funcionam assim. Eu sigo ordens, e se eu não as sigo eu me fodo e consequentemente eu te trago junto você querendo ou não e vai por mim você não vai querer se encrencar por conta e uma teimosia, não é mesmo? — olhou bem no fundo dos meus olhos quase que vendo minha alma.

Meu corpo tensiona e com isso vem ondas desconhecidas pelo meu corpo. Não sendo intimidada eu continuei segurando seu olhar, a única coisa que me fez ponderar e tremer um pouco foi a sua voz. Que saia sombria e fria sem humor.

— Querido, eu já me encrenquei muito nessa vida, não vai ser o capo me dando um esporro que me fará mudar de jeito. 

— Pode não mudar, mas pode fazer você baixar a guarda e passar a aceitar suas ordens. Vai por mim, quem avisa amigo é, quando o capo está puto por desobedecerem suas ordens.

Não sei se era um aviso ou se o mesmo estava blefando. No entanto, como nesse mundo, não é um mundo fácil de se viver sem se proteger, eu baixei um pouco a minha guarda. Afinal, tudo o que eu menos quero agora é me ferrar com eles. 

— Ele tortura, bate, surta…? 

— Não queira provar pra ver.

— Ah, ok chega de ladainha. Agora eu tenho que ir. — tentei me afastar mais ele sendo rápido demais, puxou meu cabelo com uma certa força me fazendo desequilibrar em meus próprios pés e bater em seu peitoral firme.

— Não, sozinha. Qual a parte que não entendeu que você não andará mais sozinha? — sua voz sai, perto da minha orelha junto com seu hálito quente que bate contra a pele do meu pescoço.

Fechei meus olhos e minha boca tentando buscar minha sanidade mental que ainda me restava. Minha bunda estava encostada em sua virilha onde eu sentia perfeitamente seu cacete, semi-ereto. O aperto continuou em meu cabelo e minha mão estava em cima da sua. 

— Mais que inferno, não vejo a hora disso acabar.

— Idem.

— É sério que você quer passar seu dia sendo babá?

— Não tenho outra opção. 

— Claro, cachorrinho. Hm. — solto um gemido dolorido pelo aperto forte que causou uma ardência.

— Tudo o que eu mais queria era foder alguém por aí, e depois voltar com a porra do meu trabalho e não ficar aqui sendo vigia de alguém. No entanto, isso é tudo que você terá por enquanto, até eu parar de ficar vigiando você. — rosna, e um arrepio surge na minha espinha.

Mais que inferno.

— Cazzo, você é um idiota. Você pode mentir. — sugiro.

— Estamos falando do Ravi? Porque pelo o que eu sei, ele é inteligente como uma figa, não ouse mentir para ele. 

— Vocês são tudo uns cretinos, agora me solta porque está me machucando. 

— Sério? Não parecia, já que estava bem acomodada em cima do meu pau. — deu um sorriso presunçoso em deboche.

— Só para ver se o tamanho é favorável. Agora se quiser me seguir nesse inferno de cidade, vamos logo. 

31.08.2022

DESEJO ALÉM DO LIMITE ©Onde histórias criam vida. Descubra agora