Quem Manda?

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   Kim e Kamol já mantinham um relacionamento estável a algum tempo, tinham sempre a mesma rotina e com o tempo acabaram por se acostumar com a presença um do outro.
  Mesmo após se habituarem a trabalhar juntos no escritório quando Kamol estava em casa, e apesar da insistência do mesmo, Kim não quis se envolver nos negócios.
   Ele tendo seu escritório de contabilidade não quis se envolver nos negócios ilegais, e mesmo após discutirem a possibilidade dele cuidar apenas da parte limpa do dinheiro, ele ainda não quis se envolver.
   Nunca houve um momento em que se interessou pelos negócios do outro. Até o dia em que ouviu Kamol ao telefone negociando uma boate.
  -O que comprou desta vez Kamol?
  -Uma boate no centro.
  -Que tipo de boate? Seja mais específico, eu já te ouvi no telefone.
  -Uma boate de strip, Kim. Mas apenas para os negócios, ajudará a atrair clientes para os cassinos.
  -Você não terá um clube de strip, Kamol. -disse com uma pontada de ciúmes.
  -Mas será bom para os negócios, Kim. Apenas seja razoável.
  -Eu disse que não, Kamol. Você não terá esse tipo de negócio enquanto eu estiver aqui. Ou acha que vou permitir que passe as noites lá "supervisionando" com a desculpa de que "são apenas negócios".
  -Não sabia que tinha uma "esposa" tão ciumento. Gosto disso. -disse com um tom de voz divertido enquanto beijava as bochechas do outro, o deixando ainda mais irritado.
  -Eu disse que não, desfaça essa aquisição.
  -Será bom para os negócios, tente ser mais razoável.
  - Não quero saber, continue com isso e eu serei o primeiro a dar um show lá.                -Kim já se sentia quente pela irritação e não queria mais ouvir o outro, então apenas deu as costas indo para o banho se acalmar.

  -O que fará senhor? O mestre Kim parece muito bravo com isso. -disse Kom após cruzar o caminho de Kim e já imaginar a situação.
  -Ele só esta irritado, Kim jamais faria um escândalo. Quando se acalmar falarei com ele de novo.
  -Você terá problemas mestre. -disse Kom para alerta-lo uma última vez.

   Na noite de estreia Kamol notou Kim mais calmo, e achou que o outro havia aceitado, então o convidou para irem juntos a inauguração do clube.
   Kamol terminava de se arrumar no espelho, quando sentiu Kim se aproximar lentamente o abraçando por trás.
  - Tem certeza que vai continuar com uma boate de strip mesmo eu sendo totalmente contra?
  -Pensei que já tivesse aceitado isso, Kim. Mas não se preocupe com nada, é apenas para os negócios.
  - Tudo bem, querido. Eu farei você mudar de ideia- disse Kim enquanto mordiscava a orelha do outro. -vamos ver quem manda mais, eu sei ser muito convincente quando quero.
   -Não use truques sujos, Kim. Já esta tarde e não podemos nos atrasar na estreia. -disse Kamol já tentado a não sair do quarto naquela noite.
   -Então vamos. - disse se afastando das costas do outro e recebendo um olhar confuso e indignado como resposta.

    Ao entrarem no local Kamol notou os olhares em volta, esses que se dirigiam mais especificamente a sua "esposa". Ele estava lindo, a calça social mais justa que o costume  e a blusa de seda vermelha marcavam perfeitamente seu corpo. A luz fraca levemente neon do ambiente faziam sua pele brilhar intensamente, o destacando no local.
   Kim estava deslumbrante naquela noite e nem os guarda costas ao redor e muito menos o olhar raivoso de Kamol foi capaz de afastar os olhares de desejo voltados para ele.
   Kamol estava ficando irritado, e Kim não era bobo e nem de longe inocente, havia mesmo planejado aquilo com cuidado. Sabia exatamente que nada impulsionava mais o companheiro que o ciúmes, e ele no momento usava as armas que tinha, só precisava o incomodar mais um pouco para conseguir o que queria.
   -Gostei do local, e as pessoas parecem bem..... interessantes. Acho que posso me acostumar a vir SEMPRE com você. -disse olhando ao redor com um sorriso malicioso tentando provocar o outro.
    -Nem pense nisso, essa é a última vez que vem aqui. Agora preciso verificar os negócios.  -disse com um tom de voz levemente irritado e que não passou despercebido por Kim.
    -Cuidem de minha esposa, não deixe ninguém se aproximar. -ordenou aos seguranças e se afastou para tentar manter a calma.

    No meio da noite ainda não havia terminado seus negócios, e mesmo ocupado seus olhos não conseguiam parar de observar de longe. Kamol já estava irritado com toda a atenção e os olhares que percebia direcionados para Kim, e estava pedindo mentalmente para tudo aquilo acabar e poder sumir logo dali carregando o outro.
    Com o ciúmes o consumindo ele se direcionou ao banheiro na esperança de que lavando o rosto na água fria ele pudesse pelo menos afastar um pouco a irritação e terminar o trabalho que tinha que ser feito. Mas enquanto estava distraído com seus pensamentos ouviu um grupo de homens entrando e alertando os guarda costas que o seguiram, mas apenas os observou pelo espelho.

   -A boate é interessante, mas nenhum show dos dançarinos conseguiu tirar minha atenção daquele rapaz no canto. -vinham falando alto sendo impossível não prestar atenção na conversa.
    -Não arrume problemas, ele é lindo mas esta cheio de guardas ao redor. E pelo que parece tem muita gente de olho também.
    -E quem se importa. Aquele rosto doce com as roupas provocantes fazem totalmente o meu tipo, quem sabe não consigo o convencer a ir pra casa comigo hoje.
    Ao ouvir isso Kamol não conseguiu se controlar, avançou em direção ao homem e o chutou fazendo com que caísse imediatamente no chão.
     -Nem ouse olhar de novo para minha esposa, ou vai ser jogado no mar antes de conseguir se aproximar dele. -falou travando a mandíbula do outro com força antes que Kom pudesse se aproximar tentando o acalmar.

    -Ei, o rapaz que você gostou esta subindo no palco, não vai querer perder esse show, vai?! -gritou um homem entrando no banheiro sem reparar a cena, e antes que Kamol pudesse processar a informação ouviu uma enorme gritaria tomando conta da boate.
     Quando se deu conta das palavras do outro saiu correndo para fora e se deparou com Kim  andando pelo palco seguido dos gritos de toda a boate. Ordenando aos seus homens para tirar Kim imediatamente dali.
    -Não podemos mestre, se tentarmos e ele resistir e se machucar o senhor nos mata, mas se não tentarmos o senhor nos mata do mesmo jeito. Como podemos decidir assim?!- disse Lop abaixando a cabeça.
     -Eu mesmo faço isso, saiam da frente. - disse Kamol indo apressado as escadas que dava para o palco, e quando Kim o avistou de longe deu um sorriso malicioso em sua direção e piscou para ele.
     Kim passou a andar sensualmente pelo palco parando no meio dele e se abaixando enquanto passava a mão por todo o seu corpo sendo ovacionado pelo público que começou a jogar dinheiro pelo palco, e para provocar ainda mais o outro começou a abrir devagar os botões da camisa de seda, e quando já estava prestes a arranca-la completamente Kamol o alcançou e o puxou jogando sem nenhuma delicadeza por cima do ombro e saindo dali com os gritos quase ensurdecedores daqueles que os assistiam.
    Ao descer pelas escadas avistou os guardas abrindo espaço pelo público para que passasse sem nenhum problema para a saída.
    -Kom, encerre isso agora e tire todos daqui. Depois venda ou queime esse lugar imediatamente, não me importo desde que seja agora mesmo.- gritou Kamol enquanto colocava Kim no carro, arrancando uma risada alta do mesmo.
    Os guardas entraram rápido no carro sem querer interromper a discussão de seus chefes, pois notaram uma nuvem negra surgir em cima da cabeça de Kamol enquanto entrava.

   -Você fez isso para me provocar, Kim. Porque?
    -Não fique chateado, querido. Eu te disse que sei ser muito convincente quando quero. E bom, agora consegui exatamente o que queria. -disse com cara de inocente e um tom levemente provocativo que fez os guardas se assustarem ao ouvir.
     -Tenha cuidado ao falar, Kim. Já estou nervoso o suficiente pelo que fez. -disse massageando as têmporas enquanto tentava se acalmar.
     -Vamos deixar isso claro, Kamol.    Você pode fazer qualquer coisa com sua vida ou negócios, ser o chefe de todos esses homens e até permito que mande em mim naquela cama, mas que fique bem claro pra você, que eu interfiro se achar necessário e mando quando quiser. E saiba que mesmo que você não aceite, eu ainda posso fazer você me obedecer a qualquer momento.
     -Isso não me impede de te punir como merece, esposa. - respondeu soltando um riso fraco seguido de um silêncio incômodo por todo o caminho.
     Os guardas sentiam a tensão no ar, a guerra fria travada silenciosamente entre os chefes os fazia prender a respiração, e quando chegaram a casa e desceram observaram Kamol carregar Kim sob os ombros para a escadaria.
     Nenhum deles ousou chegar perto do andar de cima por toda aquela madrugada, pois já sabiam bem o que aconteceria ali.

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