Capítulo 25

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Houghton corria pelo labirinto do beco, já sabia quem a seguia e não conseguia evitar o instinto da fuga, a chuva não a ajudava e a fazia tropeçar a cada relevo ou buraco no chão. Ela não fora rápida o suficiente para despistar o cobrador de dívidas. Marlon a agarrou pela cintura e a jogou no chão molhado.

—Olá docinho.

—Me deixe em paz Marlon— a garota ficou de pé. —Se tem algum recado do seu chefe diga de uma vez.

—Ah, eu tenho sim. Ele irá cobrar a terceira noite em algumas semanas, sabe como é, ano novo os rapazes estão com os ânimos as alturas.

—Não pretendo ser um objeto sexual aos homens dele— cuspiu.

—Tão selvagem— deu um passo e segurou o pescoço dela com firmeza. —Tenho um segundo recado, um aviso na verdade.

—E o que seria?

—Danco me mandou aqui, o que acha que é docinho?

Viviane observou a arma na cintura do homem e começou a se desesperar, precisava sair dali. Marlon a empurrou, dando-a chance de correr, mas não para muito longe, ele a alcançou e puxou os cabelos soltos, o cobrador a jogou no chão e começou a sufoca-la,  Houghton se debatia e arranhava as mãos e o braço do homem, ela viu a tatuagem no braço do homem, a mesma que Beverly descreveu ao pai.

—Você— a falta de ar começava a fazer os pulmões dela arder. —Você... Mandou Beverly... Hospital.

Marlon deu um sorriso sádico e pressionou mais as mãos no pescoço da jovem que aos poucos parava de se debater. O cobrador não podia mata-la, mas o prazer em vê-la sufocando era maior que a ordem do chefe. Viviane estava quase sem ar quando o brutamonte foi empurrado de cima dela que, com a pouca força, virou o corpo e começou a tossir freneticamente, e então voltou o olhar vermelho para a pessoa que a ajudou.

Raul Vallauri.

O rapaz cerrava os punhos e observava a garota ainda com falta de ar, Marlon ficou furioso e puxou a arma da cintura apontando em direção ao herdeiro, Houghton ficou que pé num sobressalto e ficou de frente a arma usando o corpo como escudo, para proteger o herdeiro.

—Abaixe essa arma, Marlon— a voz estava enguiçada, mas o olhar era ameaçador. —Não pode me matar e eu não irei sair da sua mira.
O cobrador tentou desviar a direção da arma, mas a garota sempre ficava a frente da mira.

—Maldita desgraçada— ele pressionou a arma a testa dela. —Eu deveria mata-la.

—Faça isso então— berrou de braços abertos. —Atire Marlon, aperte a droga do gatilho.
Os dois se encaravam com fúria aos olhos.
Raul estava pálido, mas não saiu detrás da garota, estava impressionado com a audácia e coragem dela. Marlon hesitou por apenas um segundo o que deu a chance da garota dar um chute a virilha do homem que caiu de joelhos no chão, Viviane virou com velocidade e agarrou o pulso de Yan e começou a correr puxando o rapaz, ela tossia a cada dobradiça do beco e finalmente tomou fôlego quando não estavam mais nele. O herdeiro encarou-a preocupado, mas ela não falou absolutamente nada no caminho até o carro branco do rapaz, ao lado de dentro os dois evitaram contato visual e ao chegar a mansão apenas suspiraram em alívio. Viviane passava a mão pelo pescoço agoniada, o gesto não foi despercebido por Raul.

Quando os dois entraram na mansão, encharcados e sujos de lama o olhar mordaz de Sculler passou para aflição, Houghton não deixou que o homem falasse e foi para o segundo andar batendo a porta do quarto.
—Não faça perguntas— o herdeiro passou a mão pelo cabelo, o olhar estava abatido. —Só desta vez, não faça perguntas.

Raul foi para o quarto e se jogou na cama. Sculler ficou perturbado e quase foi até o quarto do filho, mas respeitou o pedido dele.
No banheiro, a garota de olhos avelã tirava as roupas com pressa, precisava de um banho quente. Quando seu olhar parou no reflexo diante do espelho, observou o pescoço que começava a ficar arroxeado sob as manchas vermelhas, a garota ficou enjoada e foi até a latrina onde começou a vomitar. Viviane ficou no banheiro por quase três horas, tomando banho, sufocando a vontade de vomitar cada vez mais e lavando o tênis e a roupa, assim que saiu foi até o armário e vestiu o primeiro conjunto que Devan lhe dera, em seguida foi para debaixo dos cobertores onde só acordou na manhã do dia seguinte.

Em Memória ao Beco Waston Onde histórias criam vida. Descubra agora