Capítulo 32

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—Isso é surreal.

Viviane e Olívia estavam deitadas sob a cama encarando o teto, a garota de cabelos negros virou a noite conversando com a loira, contando como havia sido o encontro com Maribel na ponte e esclarecendo a história de ser a irmã de Raul.

—Eu jamais iria desconfiar— murmurou. —Nunca vi sua mãe, nem nas reuniões, e vocês não tinham fotos.

—Aquela mulher deve ter planejado tudo, se foi capaz de me levar até Danco. Pergunto-me se Ícaro foi envolvido nos planos dela.

—Uma mulher como Maribel é um perigo para sociedade, e eu não duvidaria se fosse você.

—Olha juro que jamais imaginei que vocês duas eram tão íntimas.

Raul estava deitado ao chão sob o tapete aveludado e usando uma manta para se manter aquecido.

—Se quiser podemos ter nosso primeiro segredo— sugeriu a jovem. —É só não mencionar o nome de Danco perto de seu pai.

O jovem resmungou enquanto sentava.

—É difícil de acreditar que Maribel foi capaz de fazer de tudo para você ser infeliz.

—Ela queria nos castigar— deu de ombros. —A mim e a Sculler... E conseguiu— suspirou sentando na cama. —Preciso ir até a casa de Ícaro, ouvi-lo e tentar entender essa história. Que horas são?

—Não está pensando em sair daqui agora, né? —Indagou o herdeiro franzindo o cenho.

—Você deveria descansar, Vivi.

A garota ficou de pé e arrumou a roupa.

—Eu não vou demorar— disse pegando o celular sob a cômoda e olhando as horas. —Volto antes das 17h.

—Você não come nada desde ontem, leve pelo menos uma fruta e peça para John te levar— Viviane encarou o rapaz com um sorriso presunçoso. —O que foi?

—Mal fizeram 24h e você já está cumprindo o papel de irmão mais velho?

Raul ficou envergonhado e encarou os lados, Olívia ficou de pé e abraçou o rapaz sentado ao chão.

—Vá logo, e leve seu celular.

Houghton assentiu e saiu do quarto. Sculler tomava café ao lado de John, que estava entediado, lendo um jornal.

—Hum. John?

—Oi— ele engoliu em seco deixando o jornal de lado.

—Pode me levar em um lugar?

—Aonde você quer ir a essas horas? —Sculler perguntou mal-humorado.

A garota recuou um passo ao ver a expressão que o homem fazia, John pisou no pé do amigo por debaixo da mesa, o empresário resmungou e encarou o chofer que franzia o cenho.

—Eu te levo sim, Viviane— o ruivo ficou de pé e enrolou o jornal na mão.

A garota acenou para Sculler e saiu da mansão seguida por John que lançou um olhar de repreensão ao homem.

Sculler passou a mão pelo cabelo e suspirou observando a xícara de café.

—Você tem que ir mais devagar— José apareceu à cozinha e puxou uma cadeira sentando de frente para o filho. —Isso é novo para Viviane, ela viveu em um casulo a vida toda, sem a constante proteção de alguém, sem a presença do pai ou do irmão. Dê tempo a ela.

—Tenho medo de ela querer partir. Sair do Havaí ou não querer ficar conosco.

—Se essa for a escolha dela, você tem que apoia-la. Viviane será sua filha independente do lugar que esteja.

Em Memória ao Beco Waston Onde histórias criam vida. Descubra agora