CAP QUATRO - No meio do caminho

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NOTAS: Amores esse cap é MUITO delicado por lidar diretamente sobre Bullying e as suas vertentes. SEMPRE SE SINTAM CONFORTÁVEIS PARA PULAR O QUE AS ABALAR. Absolutamente tudo o que foi inserido na Fanfic a respeito do Bully (agressor) e Bullying (vítima) foi retirado de estudos reais das áreas de Psicologia escolar e Cognitiva comportamental, os artigos utilizados de referência estão listados aqui:

CARVALHO, Maria Pinto de. Família e Escola: novas perspectivas de análise. Vozes, 2013.

CARVALHO, J. S. F. Um bullying fora do lugar: quando o conceito exclui a complexiadade de cada caso. Educação, São Paulo, 2011.

DE LUCCA, Lisie. Bullying não é amor. São Paulo, Cortez, 2011.

Organização Mundial da Saúde. Health topics: adolescent health [Internet]. Disponível em: https://www.who.int/topics/adolescent_health/en/ (Acessado em 30 de agosto de 2022.)

TTOFI M.M.; FARRINGTON, D.P. Do the victims of school bullies tend to become depressed later in life? A systematic review and meta-analysis of longitudinal studies. J Aggress Confl Peace Res 2011.

TREVISOL, M. T.; DRESCH, D. Escola e bullying: a compreensão dos educadores. Revista Múltiplas Leituras, 4(2), 2011.

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O caminho até a sala de inglês foi silencioso.

Mic não conseguia pensar em nada que pudesse dizer. Ele queria voltar naquela sala e falar poucas e boas para aquela mulher, mas sabia também que se Shouta não havia feito nada, era simplesmente porque ele havia mantido a calma, não valia o preço da paz de seu marido. Reiko havia feito seu melhor para manter tudo sob controle. E só pioraria toda a situação, que já era aterradoramente ruim. Foi quando toda a sua atenção se voltou para o garoto que caminhava à sua frente. Katsuki sempre parecia ser a criança mais forte da sala, aquela que se o mundo cair estaria de pé, o professor tinha certeza que se precisassem dele, mesmo com o jeito bruto o garoto iria e não recuaria até que todos os outros estivessem em segurança.

Toda aquela situação era uma merda. A ligação que tinha feito com Reiko durante a madrugada estava rondando em sua mente. E depois do espetáculo de horrores que presenciou as falas da terapeuta eram sentenciosas e pareciam dolorosamente cruéis.

"- Eu não consigo entender, ele é grosseiro mas é uma criança com tanto potencial." - sussurrou contra o telefone, o menino já estava dormindo e ele estava do lado de fora da casa, sentado na calçada da rua. Não queria de nenhuma maneira colocar mais peso naquela criança. Um fato que poucas pessoas costumavam reparar no homem barulhento e sempre espalhafatoso era a alta capacidade de considerar o outro.

"- Ah querido, potencial não me diz nada sobre boa indole." - A voz gentil devolveu ao telefone.

"- Ele não é mal." - O professor se viu na defensiva.

"- Mic, eu não disse que ele é mal." - Reiko se fez mais clara para ser entendida. "- O bullying vai muito além de preto e branco. Eu sei que é dificil pra entender em uma sociedade de heróis e vilões, mas há uma gama muito maior de coisas quando se fala de pessoas." - A terapeuta ouviu o amigo suspirar do outro lado do telefone. "- O comportamento dele foi danoso a outra criança."

"- Não vou deixar que o expulsem." - Foi impossível para a mulher segurar o sorriso que surgiu quando ele se prontificou em defesa.

"- Hizashi eu estou realmente ofendida!" - Ela brincou do outro lado da linha. "Eu não iria sugerir isso. Mas teremos que preparar de forma pedagógica e terapêutica um meio de responsabilizá-lo pelos atos." - Um silêncio estava se instalando na ligação. "Não é nossa responsabilidade enquanto instituição, uma vez que nada disso aconteceu dentro da nossa escola." A mulher evidenciou o grande elefante branco que havia naquela conversa. "- Mas nós formamos heróis, não podemos deixar que isso passe de maneira impune."

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