I - Interesse

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Em todo lugar há aquele cara que costuma ser o centro das atenções, que todo mundo quer ser amigo, que quer pegar, no mínimo parar na cama dele no fim de uma festa. No trabalho, geralmente aquele cara que nunca erra, já na faculdade, geralmente aquele badboy com a vida toda bagunçada. Pois bem, na faculdade da Academia de Batalha tinha um cara que se encaixava nesse perfil, adicionando uma pilha de músculos, um par de orelhas lupinas e bastante arrogância. Settrigh era o nome dele, mas preferia que o chamassem de Sett. Equipado de um corpo que dava água na boca ou inveja no sangue, Sett era um cara briguento, desaforado, debochado, mas muito, muito gato. O cara era o pedaço de mal caminho da faculdade, que até quem não curtia caras queria se envolver para pelo menos ter certeza da sua preferência. Acontece que essa não era beem uma prioridade dele, preferia mais quebrar umas caras, talvez ganhar umas cicatrizes novas, mas com certeza arrancar alguns dentes de caras imbecis, coisas da vida. Mas não era uma tarefa fácil segurar seus hormônios em épocas reprodutivas.

Como era uma união sanguínea entre uma vastaya pura e um humano, Sett era sensível aos dois tipos de feromônios. Sentia com facilidade o odor de mulheres no período fértil, assim como vastayas com hormônios primitivos do cio. Não o bastante, percebia até mesmo o cheiro de caras com o sexo acordado. Definitivamente, saber, reconhecer e ser afetado desde adolescente por hormônios dos outros era um saco, mas pelo menos, depois que despertou sua vida sexual, conseguia escolher com facilidade quem seria a pessoa ideal para o seu interesse, e talvez ele aproveitasse até bem demais essas oportunidades, afinal, mesmo não sendo a sua real prioridade, nada como um bom sexo para garantir sua dominância.

Uma coisa que constantemente Sett se gabava, fora a sua força física, é como todo mundo caía em seus encantos, seja na sua lábia, ou nas suas provocações. Todos, exceto aquele cara. O caladão com a lua na cara. Até a prima dele, que também tinha uma lua na cara, que ainda por cima era uma sapata, tinha um fraco pelo grandioso Sett, mas não sabia o porquê, o primo dela em específico era indiferente ao seu charme e às suas provocações. Era fato, Sett estava interessado naquele Lunari, sabia que ele era tão bom de luta quanto sua beleza era estonteante, e o meio-vastaya gostava de imaginar os dois lutando até a tensão sexual desabrochar e irem pra cama para se resolver. Mas, puta merda, como aquele cara era difícil. Calado igual uma pedra, não falava nada, parecia até ter alguma mudez, mas uma vez estava passando perto da assistência pedagógica quando escutou o pedagogo Braum sendo muito sutil em tentar entender o porquê de Aphelios se recusar a falar sem ser por libras ou escrita, visto que ele não havia nenhum diagnóstico de deficiência na fala. Sett não soube qual fora a resposta, mas ouviu o professor tentar encaminhá-lo ao psicólogo da faculdade para ajudá-lo a desvendar o porquê de tanta relutância em dialogar e finalmente desenvolver o hábito da fala, visto as dificuldades que poderia enfrentar no futuro. Entretanto, Sett viu o Lunari sair da sala com olhar irritado, amassar o papel do encaminhamento e jogá-lo no lixo. Aquela foi a primeira vez que havia visto aquele cara esboçar algo, ele definitivamente havia ficado mais do que puto com Braum, e certamente aquilo atiçou a curiosidade de Sett.

Desde então, Settrigh, um cara que mais passava suas horas na faculdade dormindo, fazendo algum esporte, caçando briga ou aproveitando alguns flertes, passava cada oportunidade olhando aquele cara, o analisando. Estava no mínimo curioso e intrigado, e não mais queria apenas soca-lo e fode-lo, como também descobrir o que ele ocultava. Talvez estivesse mais do que curioso. Talvez obcecado, talvez até demais. E talvez ele tivesse percebido.

Naquele dia, Sett estava na sala, e até mesmo estudantes aleatórios haviam percebido seu novo hábito de ficar acordado em aula e olhando certo alguém. Sentado na cadeira que gangorrava apoiada em apenas dois pés, Sett mordia um palito de dentes, se entretendo enquanto encarava fixamente a nuca de Aphelios, coisa que não passou por despercebido de Yasuo.

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