Capítulo 3

25 5 15
                                    

Seven Miles Beach, Ilhas Cayman, Caribe.

19° 20' 34.0800'' N, 81° 23' 30.1236'' W


Koji não acreditou no que tinha acabado de acontecer. No meio de um restaurante, diante de um grande número de turistas, cujos smartphones fora de seus bolsos capturavam registros inesquecíveis de suas viagens, ele e sua esposa foram rendidos por homens fortemente armados.

Claro, eles foram delicados a ponto de esconder suas pistolas, dos mais variados calibres, debaixo de suas roupas. Damiani teve a decência de pegar a arma de Leslie das areias e ocultá-la entre o colete e o terno. O brutamonte carrancudo que a desarmou a puxou pelo braço atlético e a empurrou em direção a um cais à beira da praia.

— Sem gracinhas. — A outra mão, no entanto deslizou perigosamente na cintura de sua mulher e correu até as pernas torneadas dela. Ocultas pela tanga, ele chegou até onde ela havia ocultado suas adagas. — Eu fico com isso.

Leslie grunhiu e a face de poucos amigos contrastou com o deleite do homem quando este apalpou a parte interna das coxas dela. Caso fosse um homem másculo, ele partiria para cima do carrancudo para defender a honra de sua esposa.

Ele preferia ser mais inteligente e bem, Leslie era uma mulher que chutaria seu traseiro até a China se ele tomasse alguma atitude. Se lembrou do ocorrido em Praga e de como ela odiava o que ela chamava de machos burros.

No mais, ele gravou a face daquele capanga, capacho. O troco viria doce e saboroso, tal como um sushi feito pela sua mãe. O melhor que ele já comera. Havia muitas formas de se vingar, sem precisar dar um murro no rosto ou um chute nos testículos.

O aceno positivo e tranquilo da esposa para ele o arrepiou. Ela tinha suas próprias formas de aplacar o furor contido por uma máscara de nojo. Quase sentiu pena do capanga. Quase.

Gostaria muito de ver o vulcão chamado Leslie entrar em erupção.

Ao chegar no final do cais que se estendia para o mar calmo, o grupo foi recebido de forma entusiasta por dois mergulhadores. O deque do barco pristino estava repleto com equipamentos para mergulho como macacões, tanques e os maquinários necessários para uma tarde maravilhosa sob as águas do Caribe.

— Quando o banqueiro da Yakuza bate a sua porta buscando novos investimentos, alertas vermelhos ecoam no mundo conhecido. — Damiani ordenou os dois mergulhadores, através de um aceno com a pistola, que viessem na direção deles. — Japoneses não buscam paraísos fiscais ocidentais.

— O mundo está globalizado, Damiani. — Koji via a marcha dos homens do banqueiro como verdadeiros prelúdios de um cântico mortal. O tique-taque das botas impermeáveis eram cânticos fúnebres, causando-lhe mais medo e temor que seus rostos sérios e insípidos. — E eu não sou apenas o contador da Yakuza. Uma certa máfia italiana...

— Sei muito bem das suas ligações com as cinco famílias e a Cosa Nostra. — Damiani pegou algemas das mãos dos homens e os entregou o laptop. — Entretanto, o que eles dirão quando souberem que se casou com uma... agente?

Os olhos de Damiani brilharam novamente ao direcionar o olhar para Leslie, que tinha os cabelos puxados pelo brutamonte. As mãos dela envolveram o pulso grosso e forte do homem, como se quisesse diminuir a força do aperto.

Não tinha sucesso, pelo contrário, o homem gostava da resistência de sua mulher. A saboreava como o sádico que aparentava ser.

— Deixe-a fora disso, Damiani! — Koji se remexeu, inutilmente.

— Como posso fazer isso, quando diante de mim, está a mulher suspeita de matar mafiosos das formas mais depravadas e perversas possíveis?

— Por mais que eu odeie gente como você. — Leslie o encarou. — Eu não vou colocar a vida de minha segunda chance em perigo por minha vingança.

Instintos Criminais [Em Hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora