Casamento por papel

Capítulo 1

Tudo começou na festa de casamento dos meus pais.

Os dois já estavam completando 35 anos de casamento. A festa foi organizada mais para fins políticos do que para a comemoração do amor em si.

Todas as pessoas eram de alto calão, investidores, empresários internacionais, chefes de cartéis, políticos, enfim todos que poderiam dar uma mãozinha em algum momento difícil.

Meus pais praticamente me arrastaram até a festa. Sempre odiei esses eventos. Des dos meus 11 anos. Quando eles começaram a me apresentar os filhos de diplomatas.

E dessa vez não foi diferente.

Mal fazia 30 min que eu estava no evento que um homem de cabelo e olhos castanhos se aproximasse de mim com um sorriso escroto na cara e um olhar superficial.

- Olá senhorita Miller. Você está magnífica.

Segui seus olhos pelo meu vestido vermelho, que tinha uma fenda na perna direta, seu rosto soltou uma leve expressão de desdém, que logo foi coberta pelo seu sorriso.

- Obrigada senhor...- Disse com o rosto inexpressivo

- Arthur, por favor.

- Senhor Arthur.

- Seus pais me disseram que a senhorita acabou de se formar.

- Sim, em jornalismo pela UofT.

- Uau, que incrível. Eu fui para Harvad, mas a de Toronto também é muito boa.

- ...Obrigada?

Ficamos em um silêncio constrangedor  por um minuto, até que ele teve a audácia de abrir a boca novamente.

- E quais são seus planos agora?

- Daqui a 6 meses vou para NY estagiar em uma emissora, vou substituir a mulher do tempo.

- Nossa... que... legal?

- Sim, é muito legal. Todos temos que partir de algum lugar.

Outro silêncio constrangedor, até que meus pais aparecem do nada com duas taças de champanhe para nós dois.

- Parece que vocês estão se dando bem!- Comentou minha mãe com um sorriso largo no rosto.

- Sim senhora, sua filha é uma beldade se me permite dizer, assim como a senhora.

Nunca vi uma expressão desse tipo no rosto da minha mãe, como se ela tivesse finalmente encontrado o cavaleiro da armadura branca.

- Oh, muito obrigada!- Minha mãe me lançou um olhar para mim agradecer.

Apenas desviei o olhar para baixo e não falei nada. Ela deu um sorrisinho forçado e me mandou ir pegar mais bebida para os dois.

Concordei com a cabeça e fui até a mesa de drinks onde o barman ja estava me esperando.

- Se divertindo srta. Miller?

- Cala boca Fred, pelo menos não estou trabalhando.

-Ei! É assim que você fala com o seu melhor amigo?

Dou uma risada e me apoio na mesa enquanto ele me encara com uma expressão de dó.

- Para de me olhar assim e me da uma tequila pura vai.

Fred deu um suspiro e virou para trás para procurar a garrafa.

- Aqui está. Por conta da casa.

- A garrafa inteira é muito, até mesmo para mim.

Acompanhei seu olhar por cima do meu ombro onde minha familia e aquele babaca estavam conversando.

- Vai precisar.

Dou um suspiro e despejo um pouco do líquido num copo e viro.

- Aqui.- Disse ele me alcançando 3 taças com mais champanhe.- O favorito de sua mãe.

- Obrigada, até depois, no Rose?

- Isso, as 1 em ponto.

- Ok.

Volto para a roda da morte e entrego as bebidas.

- Que bom que você voltou!- Disse minha mãe.- Estávamos aqui conversando sobre domingo!

- É mesmo? E o que vai ter domingo?

- Vocês dois vão ir jantar!

Me engasgo com minha própria respiração, olho para os três com uma cara de expanto.

- Infelizmente eu já...

Nesse momento minha mãe agarra meu pulso discretamente com uma força incrivelmente dolorida.

- O que querida?

- Nada querida mãe. Me confundi nos dias. Eu adoraria sair com o senhor Arthur.

Ela solta meu braço e da palminhas animadas.

- Perfeito.

Retribuo o sorriso de Arthur e olho para trás com a melhor expressão de desespero exagerado que consegui fazer. Fred me retribuiu com um sorriso de canto.

Que beleza