17º Capítulo - R.I.P.

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 Depois de terem sido rendidos no supermercado, Sasuke e os outros foram levados para um local estranho, uma casa escura e isenta de móveis. Uma tigela com água, um pão duro e mofado, e um balde com serventia de penico, era o que havia no quarto em que o Uchiha mais novo foi apreendido. Mas não que ele tivesse visto, já que se encontrava na mais pura e cegante escuridão.

O Uchiha não estava vendado — e nem precisaria —, mas as mãos e os pés ainda estavam presos por novas braçadeiras plásticas, dessa vez em maior quantidade. Ele também mantinha a coleira de ferro em seu pescoço acorrentada a um gancho na parede.

Sasuke sentiu a garganta queimar em secura e os olhos negros tentaram enxergar em meio a escuridão, mas não era possível.

Ele esticou as pernas para buscar por qualquer objeto até esbarrar no balde. Notando que era facilmente empurrado, deduziu que estava vazio e continuou em sua procura, até sentir um líquido escorrer em sua perna assim que fez contato com o que parecia ser uma tigela.

Com algum esforço puxou para si mesmo, e com muita sede, avançou na direção da água, mas a coleira o puxou de volta em um tranco.

Ele xingou e com um pouco mais de paciência conseguiu trazer a tigela para si mesmo, e a levou até a boca.

A água estava quente e tinha um gosto estranho, mas ele estava sedento demais para se importar.

— Olá? — Ele testou a voz. — Tem alguém aí? — Sasuke aumentou o tom. — Ei, algum filho da puta precisando de socos e chutes?

Ele tentou se concentrar em qualquer som e notou o quão abafado era o quarto em que estava. Não haviam janelas e as paredes eram revestidas por espuma. Tinha isolamento acústico no cômodo.

Mas apesar disso, ele pôde ouvir passos ao longe.

— Ei! Quem está aí? Onde eu estou, porra?! — Gritou e tentou chutar o balde para longe, em busca de produzir um ruído alto o bastante.

As pisadas pesadas pareciam ter ouvido, visto que se tornavam cada vez mais audíveis.

— Venham me fazer uma visita, eu estou solitário! — Gritou.

O ranger das dobradiças o alertaram de que a porta estava sendo aberta e uma silhueta robusta impediu a luz de adentrar totalmente o quarto.

A visão de Sasuke foi apagada em um clarão e ele teve de fechar os olhos e virar o rosto.

— Finalmente acordou? — A voz estranha perguntou.

— Quem é você? Onde eu estou?

— Hmpf. Ainda não comeu o seu pão? Um rato vai levar a melhor sobre você, é melhor colocar essa merda no estômago do que nada. Sabe, você é sortudo. Geralmente os reféns não ganham nenhuma comida. Por que você merece tratamento especial?

Sasuke conseguiu aos poucos se acostumar com toda aquela luminosidade, mas ele ainda não conseguia enxergar nitidamente o homem. O moreno fungou o nariz e sentiu o cheiro desagradável que ele próprio emanava, parecia estar sem banho há alguns dias.

Mas isso não era possível, já que ele havia saído da prisão na noite anterior, e tomado um banho na tarde seguinte antes de ser novamente pego, no mercado...

... certo?

— Por quanto tempo eu dormi?

— Huh? — O estranho franziu o cenho, depois riu. — Você realmente ficou inconsciente esse tempo todo? Porra, achei que tinha acordado em algum momento, Bela Adormecida!

— O quê? Quanto tempo, porra?!

— Você chegou há quatro dias. Mas eu não acho tão improvável, afinal eles vêm drogando você sem parar. Não sei como ainda não teve uma overdose.

One Way or Another | Keep Out Series Book 3Onde histórias criam vida. Descubra agora