Meila me deu espaço para passar e eu entrei no seu quarto.
_ Vou tomar um banho pra tirar esse cheiro. Fique à vontade.
O quarto dela é bem organizado e tem uma decoração sóbria, assim como no meu havia uma escrivaninha com materiais de escritório. Acima da escrivaninha ficava um quadro de avisos com várias datas marcadas, imagino que com tantos compromissos e tanta burocracia do internato para resolver, ela precisava disso para lembra-la de tudo. A sua cama ficava no centro do quarto e junto à cabeceira havia um abajur de um lado e algumas plantas do outro, leguminosas e um cacto, Meila tinha uma pequena estante de madeira com livro e um closet do lado, seu quarto era bem maior que o meu, o que deixava o ambiente confortável.
Decidi esperar sentada na cadeira que havia perto da escrivaninha, que por sinal é bastante confortável, eu preciso muito de uma dessas. Acabo mexendo em alguns livros e papéis que estão sobre a mesa e encontro uma foto rasgada, junto as duas partes e percebo se tratar de uma foto minha com a Meila, de quando éramos adolescentes. Ela está usando uma camiseta branca e está bastante tímida, já eu pareço mais confiante. Lembro perfeitamente desse dia. Foi o dia do nosso casamento.
Meila estava nervosa, ela tinha medo que pudéssemos nos separar. Tinha medo que nossas vidas tomassem rumos diferentes, ela iria cursar medicina e eu estava concorrendo a uma bolsa de atletismo em duas universidades diferentes, uma próxima da dela e a outra fora do país. Ela me dizia constantemente que ficaria orgulhosa caso eu conseguisse o intercambio, mas eu percebia que isso a preocupava, principalmente por ela ter decidido contar aos seus pais sobre nós, Meila tinha medo de ficar e enfrentar as consequências sozinha.
Eu estava bastante ocupada nos últimos dias, a treinadora estava me fazendo treinar mais horas do que o normal, havia uma prova importante à frente e olheiros da universidade que me inscrevi e de algumas outras, estariam presentes. Além de toda essa pressão, haviam as provas finais. Se eu estava estressada e ansiosa, a Meila estava dez vezes mais. Tivemos algumas discussões ao longo da semana e eu passei a ter medo da gente terminar e tudo por um medo futuro de nos afastarmos. Eu precisava encontrar um jeito de mostrar pra Meila que nem a distância e nem ninguém, iriam fazer a gente se afastar, precisava mostra-la que o que a gente tinha não era só um namoro de adolescentes, era uma conexão única, o tipo de sentimento que nunca iria desaparecer.
Eu havia sumido o dia todo, não apareci nas aulas, não fui ajudar a Meila na biblioteca e não respondi nenhuma das mensagens que ela me mandou, ela deveria estar me odiando, mas era tudo por uma boa causa.
Deixei um bilhete no nosso quarto, em cima da sua cama, pedindo que ela vestisse uma roupa branca e fosse até o lago, antes do pôr do sol, também pedi que usasse uma venda nos olhos, uma das minhas amigas, que a esse ponto já era amiga da Meila também, guiaria ela até o lago. Pedi ajuda das outras meninas para enfeitar o caminho do deck com flores de várias cores, estava simples, mas estava lindo. Não demorou muito pra Meila aparecer, olhos vendados e passos curtos, enquanto era guiada até o deck, quando finalmente tirou a venda e pode abrir os olhos percebi que ela parecia confusa, até me ver no final do caminho usando um vestido branco, ela abriu um sorriso enorme e foi andando até onde eu estava.
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Se não fosse aquela noite
RomantikDepois de anos, Valentina volta ao internato onde passou a sua adolescência, para dar aulas. Ela só não sabia que a sua ex namorada, que um dia já foi o amor da sua vida, é agora diretora do internato e pior, odeia ela. Como as duas vão lidar com e...