Capítulo único

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Como eu poderia resistir?

Havia algo inominável em sua expressão presunçosa  — e invariavelmente — adorável quando me fazia gozar.

Nunca tive um amante que gostasse tanto de me satisfazer, que se doasse tanto ao sexo como Andrea fazia.

Ainda me chocava seu fascínio por meu corpo: como seus dedos exploravam minhas curvas, a devoção e reverência que sua boca dispensava na minha pele, como devorava e saboreava sem pressa cada milímetro de sua extensão, me fazendo sentir o ser mais desejado de toda a existência terrena.

Ela tinha a urgência sôfrega de uma eterna despedida. Compreensível. Nós não sabíamos quando ou se teríamos uma próxima vez, ela deixava isso nítido quando me beijava com voracidade e me desmontava lentamente.

Quantas noites ela ainda me daria? Quantas vezes ela tiraria meu fôlego com seu toque exigente e seu apetite voraz?

O mais importante: Eu conseguiria viver depois que isso tudo acabasse?

—Você é perfeita. — Ela disse contra meu pescoço, deixando sua língua demorar na carne sensível, fazendo círculos que arrepiavam até minha coluna. Eu só consegui arfar com suas investidas.

Andrea tinha mapeado meu corpo, decorado com maestria cada canto que me fazia perder a compostura. Ela conhecia o ritmo que me fazia enlouquecer. Em tão pouco tempo ela tinha desvendado coisas que outros demoraram anos para aprender, coisas que até os imprestáveis dos meus ex-maridos não sabiam. Ela não tinha preguiça ao tentar, pelo contrário, estava ávida para testar todo e qualquer limite.

As pontas de seus dedos gostavam de passear pelo vale dos meus seios, apenas traços provocantes bem distantes de onde eu realmente precisava que eles estivessem. Andrea era uma amante generosa, mas seu processo era cruel. Ela gostava de me fazer implorar, me ver descabelada, de fazer meu corpo tremer copiosamente e me deixar sempre querendo mais — e eu sempre queria mais, eu era fisicamente incapaz de ter o suficiente dela.

Ela sabia de tudo isso. Havia uma certeza inata de que eu desfaleceria com seu toque, que eu estaria completamente entregue. Ela se alimentava dessa certeza.

—Que tal eu te foder com minha boca? — Sua voz foi um sussurro no meu ouvido. Eu estremeci no mesmo instante.

 Claro que eu queria isso. Eu queria qualquer coisa que ela me oferecesse. Mas não consegui dizer, eu não tinha controle do meu corpo para conseguir falar. Só consegui gemer minha aprovação e ela entendeu, porque, acima de tudo, Andrea era uma garota esperta demais para sua própria saúde.

Ela beijou minha têmpora e apenas tive o vislumbre da malícia em seu olhar, todo resto do seu rosto estava impassível, coberto daquele ar meigo e delicado, intocado por qualquer adrenalina. Era revoltante como ela conseguia manter aquela expressão blasé.

Se qualquer pessoa entrasse naquele quarto, eu seria acusada de corrompê-la, de seduzi-la, talvez até de coisas piores, quando, na verdade, ela quem começou essa dança. Meses antes, naquele quarto de hotel em Paris, foi ela quem primeiro envolveu seus braços em seu pescoço e assaltou beijos demorados e molhados da minha boca, me roubando qualquer fôlego. Foram suas mãos que tiraram meu roupão e seus dedos demoníacos que começaram aquela perversão. Minha única culpa é ser incapaz de resistir.

Mas, de novo, como eu poderia resistir?

Andrea tinha uma leveza juvenil e uma sagacidade sensual que não me deram qualquer via de resistência. Eu estava velha, não demente. Nenhuma senilidade seria capaz de negar as coisas que ela tinha a oferecer — e Andrea tinha muito a oferecer.

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