CREEKS

Capítulo 01. Azkaban é pequena demais para acomodar todos que merecem estar lá.

Creeks.
"Descendo pelo riacho, me lembro de algo. Ela, a garça, se apressou. Quando tudo que eu fazia, era culpar aquele domingo."

Natasha Romanoff, Ministra da Magia, é infame por ser uma chefe rígida e temida. Wanda, chefe do Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, não a tolera.

Capítulo 01. Azkaban é pequena demais para acomodar todos que merecem estar lá.

É provavelmente porque é época natalina que Natasha tenta fazer com que sua rouquidão não chicoteie o Subsecretário por tabela, quando ela demite a terceira assistente assim que entra no escritório. A primeira [assistente], uma Corvinal rechonchuda que tem cabelos castanhos e olhos pretos, não parece surpresa com o fim da terceira, já a segunda (Lufa-lufa de carteirinha) está à beira dos prantos.

É inegável que cedo ou tarde, a Lufa-lufa Chorona terá o mesmo fim - pelo rumo que as coisas estão indo ultimamente, muito mais cedo do que o esperado, mas por enquanto, Natasha escolhe não se preocupar com isso. Até porque há um problema muito maior piscando olhos grandes e redondos para a Madame Ministra, convoluta num ninho de papéis que eram importantíssimos até hoje de manhã. E com a parte culpada juntando suas coisas numa caixa de papelão no saguão, não restava muito além de lidar com aquilo.

Aquilo, que só recentemente tinha sido reconfigurado como uma Corujinha-do-mato do tamanho de uma bola de tênis, com penas peroladas e um bico curvado laranja abóbora. Essa qual, em alguma brecha entre a hora absurda em que Natasha deixou o escritório ontem e a madrugada de hoje, tinha achando tempo de montar um ninho com os documentos que deveriam ter sido arquivados (e teriam sido, caso sua terceira assistente tivesse encontrado o mínimo de competência dentro de si), uma pá de viscos e a neve quente e falsa que cobria todo o Átrio do Ministério, bem no meio da sua mesa de Lignum Vitae.

É claro que a decisão de manter os pássaros e as fadas brilhantes como decoração na cerimônia das 12 árvores, que aconteceria daqui exatas duas semanas, voltaria para morder sua bunda. O problema é que, toda aquela situação era de intensidade absurda para Natasha. Isso porque, por causa daquilo, uma morena muito mais jovem do que deveria, que usava um chapeuzinho em formato de rena, tinha se materializado no meio do seu escritório e se Natasha não tivesse um mundo inteiro com que se preocupar, ela quase poderia ter reparado que, por alguma razão, ela parecia incomodada.

"Pobrezinha!", Se tinha algo que Natasha sabia reconhecer, era beleza. E essa garota, alta e esbelta, se vista com os olhos certos, era muito bonita. Estava usando robes leves, geralmente utilizados por funcionários dedicados a mão de obra do Ministério e por baixo daquele acessório torturante com chifres, tinha uma cortina de cabelos castanhos que por estarem trançados, chegavam até a parte baixa de suas costas. Apesar da aparência calma e contida, ela foi veloz em pular para o meio da sala e dobrar-se para alcançar o centro da mesa. "O que foi que essa gente esnobe fez com você, Gowl?"

Teria sido impossível de evitar o que aconteceu depois, de qualquer maneira.

"Perdão?" As sobrancelhas da Madame Ministra estavam prestes a emaranhar-se em seus cabelos loiros quando ela conseguiu fazer com que algum som escapasse da sua boca. Essa funcionária, em robes de segunda mão, tinha suas nádegas empinadas para o teto, de uma forma que seus cotovelos segurassem o peso do seu corpo e suas mãos ficassem livres para afagar entre as penas da ave de rapina sobre a mesa caríssima de Natasha. Não bastasse isso, ainda nutria uma atitude acusatória para ela e suas assistentes. Natasha viu vermelho.

"É claro que não há perdão." Disse a exibicionista, como se falasse para si mesma. "Anos de protestos pacíficos contra a utilização de luxo proveniente de bestas, animais, seres e espíritos, para que o Ministério decida, um mês antes da montagem das 12 árvores, emancipar a utilização de corujas como pendente e fadas Mordente de pisca-pisca."