Capítulo 17

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Ana não conseguia ver nada, tudo estava escuro, só conseguia ouvir as vozes cada vez mais alto. Tentou abrir os olhos, mas suas pálpebras estavam absurdamente pesadas. Seu coração estava acelerado e respirava com dificuldade. Tentou se mexer, mas não conseguia se mover, estava presa. Sentiu seu ouvido zunir e as vozes que antes estavam altas, ficaram abafadas. Sentiu o medo invadi-la enquanto sentia a realidade abraça-la.

As lembranças se misturavam de forma confusa, mas conseguia lembrar que tudo estava calmo e que seus pais estavam com ela. Seus pais! A adrenalina correu por suas veias e sentiu a força que precisava para procurar por eles.

O zunido em seus ouvidos cessou e as vozes voltaram mais altas e fortes. Abriu os olhos com dificuldade e logo sentiu o arrependimento e a dor se misturarem. A primeira coisa que viu foi as pessoas ao redor do carro, ela não conseguia entender nada do que falavam, mas seus olhos curiosos a deixavam cada vez mais a beira do pânico. Tentou gritar, mas sua garganta estava seca. Olhou para a frente, e viu seus pais adormecidos a sua frente, tentou se mexer mais uma vez e não conseguiu. Pôde observar o sangue saindo pela cabeça de sua mãe e só conseguiu ver o braço de seu pai pendurado no banco.

Ela engoliu um grito que subiu por sua garganta. A dor dilacerante em seu peito se expandiu em seu coração. Seus pais não poderiam estar... Ela não quis terminar o pensamento.

- Pai... - ela o chamou, com a voz fraca.

As lágrimas começaram a descer por seu rosto à medida que constatava o pior. O desespero era como uma onda que se formava cada vez que chegava mais perto da praia. A sensação que tinha era que estava nadando por muito tempo e não tinha nenhum sinal de terra à vista.

- Mãe? - Ana tentou mais uma vez, agora com a voz saindo um pouco mais alto. - Mãe, por favor, acorda!

Gritou em um soluço desesperado. Como aquilo havia acontecido? Não se lembrava como tudo tinha terminado daquela forma.

Tentou se movimentar, mas seu peito doía como se estivesse sendo esmagado por uma tonelada. Sua perna atingiu algo. Ana conseguiu movimentar a cabeça para olhar do que se tratava e se arrependeu no mesmo minuto. O corpo de Simba, seu cachorro, simplesmente jogado entre as ferragens. A garota fechou os olhos com força. Sua mente parecia travar uma batalha.

- Isso não é real... - Sussurrou. - Não pode ser real!

Com a mão trêmula ela tentou abrir a porta, mas os ferros estavam amassados e a impedia de tentar sair dali e procurar ajuda. O choro se tornou compulsivo, o pânico já tinha tomado seu corpo. A impotência era enlouquecedora, precisava sair do carro e procurar ajuda.

As pessoas que estavam em volta do veículo pareciam muito mais curiosas do que preocupadas com o que estava acontecendo.

- Ajuda, por favor! - Ana gritou para as pessoas que estavam mais perto da sua janela que estava um pouco aberta. - Ajuda! Chamem uma ambulância, por favor! Meus pais eles... droga, não fiquem só olhando seus imbecis!

Ana gritou mais uma vez, mas parecia que ninguém a ouvia. Mais pessoas chegavam e ninguém demonstrava ter a escutado. Todos pareciam estar presos ao cenário do acidente do que focados em ajudar.

Ela se perguntava porque ninguém a ouvia, porque ninguém fazia nada. Precisava ajudar os seus pais que pareciam estar gravemente machucados. Se ela conseguisse sair dali de dentro, ela poderia conseguir chamar uma ambulância para eles.

Ana se agarrou aquela esperança com todas as suas forças. Seus pais estavam bem, Simba só estava desmaiado pelo impacto, tudo iria ficar bem se ela conseguisse sair. Se ao menos aquelas pessoas conseguissem a escutar.

De Seu Joseph Com Amor | Joseph QuinnOnde histórias criam vida. Descubra agora