Capítulo 20 Meu Lar

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Kagome olhou a sua volta completamente confusa diante a imagem da devastação ao seu redor.

O que um dia fora uma campina com arvores em volta, era apenas um lugar de vegetação destruída, grama queimada e era um milagre que o poço tenha sobrevivido ao que tenha acontecido naquele lugar.

Ela seguiu olhando ao se redor, buscando qualquer ponto de referência ou alguma coisa conhecida, até que seus olhos bateram em algo que não pertencia nem a nova e nem a antiga paisagem. Um enorme monte peludo, com pelagem branca e marcas vermelha e roxas, de alguma forma o corpo da jovem vibrava em reconhecimento e um pequeno ponto de alegria lhe surgiu, aquecendo uma pequena parte de seu coração e ela lutava para manter aquilo sob controle.

— Seshy...

Sua voz não saiu mais do que um sussurro tremulo, mas foi o suficiente para chamar a atenção do enorme cão demoníaco. As orelhas do demônio se mexeram e de forma exausta ele lutou para abrir os olhos e se virar para a jovem que segurava as lagrimas.

O enorme cão se ergueu e farejou o ar, os pelos de suas costas se eriçaram e ele rosnou enquanto seus olhos brilhavam perigosamente. Sem saber o que fazer a jovem deu um passo para frente, apenas para receber um rosnar mais profundo em reprovação.

— Sesshy, sou eu... Sua Kagome, sua fêmea...

Os olhos vermelhos da besta lhe diziam que a fera havia se perdido em meio a loucura de sua mente, enquanto que a jovem sacerdotisa lutava contra as lagrimas desespero que queriam cair.

Seu tão doce e forte macho havia se perdido por culpa dela, incompetência dela e a morena se ressentia por não ter tido aquela ideia antes, não ter tentado voltar antes.

Mordendo o interior da sua bochecha e lutando contra as ondas de emoções que quebravam em seu coração.

Com a mão estendida e tentando ignorar todos os rosnados da enorme besta ela se aproximou lentamente, pé ante pé, só prestando atenção em sua respiração e no som alto que seu coração produzia. Até que a palma de sua mão tocou o nariz gelado da fera.

Seu corpo quase desabou de alivio ao sentir o animal estremecer e parar com os furiosos rosnados.

— Eu sinto tanto Sesshy... Eu não sabia como voltar... Eu estava tão perdida...

Sem aguentar mais a menina caiu no mais profundo choro, se agarrando ao focinho deixando a pobre besta sem saber o que fazer com a bela fêmea, que estranhamente possuía seu aroma e alguns outros cheiros estranhos.

Algo na mente canina pareceu gritar bem lá no fundo, uma voz quase inexistente, com notas de profundo pesar, o animal não o conseguia compreender, a criatura nem ao menos entendia, mas mesmo em sua forma mais primitiva ele sentia que não deveria permitir que aquela pequena criatura sentisse tamanha tristeza, e com seu enorme corpo ele a envolveu e esperou até que as lagrimas secassem e ela parecesse mais calma.

Quando menos se esperou a mulher adormeceu em meio ao calor do macho e a fera adormeceu em paz, pela primeira vez em muito tempo.

As horas passaram, o sol se pôs, a lua surgiu e desapareceu no céu para dar lugar novamente ao sol, anunciando assim com a aurora um novo dia.

Kagome acordou ouvindo o profundo retumbar de um forte rosnado, sentia-se aquecida e em meio a uma maciez felpuda. Seu corpo era completamente acomodado por um enorme corpo felpudo e ao fundo do terrível rosnado ela pode ouvir uma voz irritada e muito conhecida.

— Ainda nessa forma, maldito? Volte a sua razão Sesshoumaru, você não pode continuar aqui, assustando a todos com os seus rosnados, destruindo tudo a sua volta, volte a ser o ser terrivelmente racional que sempre se gabara de ser!

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