Capítulo 10 - Hariel.

537 27 5
                                    

- Elena, eu preciso que você me diga uma palavra - ela estava parada fazia alguns segundos, olhando fixamente em meus olhos e segurando minha mão com força.

No fundo eu sabia sua resposta, e então ela veio.

Ela empurrou a porta que bateu com determinada força, e sua mão que segurava a minha subiu até minha nuca, me puxando para um beijo.

Como eu não conseguia resistir a nada que Elena fizesse, correspondi, encostando ela na porta que a poucos segundos estava aberta para que eu saísse.

O beijo era calmo, eu apertava sua cintura para a ter mais perto de mim, enquanto ela tirou meu boné para passar a mão pelos meus cabelos.

Eu não sei bem qual era o meu sentimento por Elena naquele momento, mas eu sentia tudo, felicidade e euforia, paixão e atração, e principalmente medo.

Por que eu não a conheci antes?

O beijo foi se sessando, não era o momento e nem o lugar para nada além daquilo, finalizamos com 3 selinhos e colamos nossas testas, ainda em pé e ainda encostados na porta.

- Você... - ela começou, decidi não interromper e esperar ela organizar as palavras - me trás calmaria quando está por perto, mas também me causa uma onda de emoções que eu não sei explicar.

- Eu me sinto do mesmo jeito - toquei seu rosto.

- Fica comigo, por favor - ela pediu, e naquele momento eu quase derramei uma lágrima.

- É tudo que eu mais quero - falei, do fundo do coração.

- Então fica - ela me olhou, seus olhos brilhavam e os meus junto.

Aquela garota me despertou uma caralhada de coisas que eu esqueci que eu podia sentir, mas a principal delas não, eu não sabia que podia me apaixonar por alguém em tão pouco tempo, e principalmente que essa pessoa poderia me causar arrepios, faíscas, só de me tocar.

Tudo nela era perfeito para mim, mesmo mal nos conhecendo, sabia que ela tinha defeitos, mas eu queria os conhecer de perto, cada um deles.

- Elena - segurei sua mão - preciso organizar umas fitas na minha vida, eu estou completamente apaixonado por você, mas nem tudo é da forma que a gente quer, eu só te peço paciência e que espere por mim - ela abaixou o olhar, levei minha mão que tocava sua bochecha até o seu queixo, o levantando - você é uma mulher incrívelmente foda e ter você seria a realização de um sonho, um dia eu vou ficar, e vai ser para sempre.

Ela encostou a cabeça em meu peito e eu a acolhi em um abraço, ficamos ali alguns minutos, sem falar nada, apenas ouvindo a respiração um do outro e a risada de Ágatha que vinha do andar de baixo.

- Você quer fumar um com a Ágatha? Eu conheço as risadas dela e com certeza ela deve estar bolando outro. - ela quebrou o silêncio se afastando de mim.

- E eu sou de negar maconha? - sorri e ela também, um sorriso lindo.

- Vamos - ela abriu a porta, saindo logo depois e eu a segui.

Chegamos no andar de baixo e Ágatha estava literalmente fazendo o que Elena tinha dito.

- Nossa, transaram rápido - Ágatha disse assim que aparecemos na ponta da escada e Elena mostrou o dedo do meio para ela.

- Aquele biscoito não tinha maconha? - perguntei.

- Tinha, mas você ta chapado? - neguei - nem eu, então senta ai e vamos fumar que bate mais rápido.

Obedeci, olhando para Elena que continuou em pé.

- Vou no banheiro, já volto - e foi.

- Ela ta gostando de você - Ágatha disse acendendo o baseado, logo depois o admirando.

- E eu dela - passei a mão no cabelo, lembrando que meu boné tinha ficado no andar de cima...caguei.

- O quanto você gosta dela? O bastante para terminar com sua mulher? - ela disse entre uma tosse e outra.

- Ágatha, eu gosto dela o bastante para fugir com ela para qualquer lugar, mas nem tudo é do jeito que você ta pensando...

- Então de que jeito é? Prefere ser um puta traidor do que um homem honesto que assume seus sentimentos? - Ela me passou o baseado e eu aceitei, Ágatha tinha um jeito rude de falar, mas falava verdades e naquele momento eu precisava ouvir - Você precisa de uma decisão em vez de ficar andando por ai entrando escondido na casa da amiga de uma menina que você ta curtindo para enganar outra, o único que vai se enganar é você.

Fiquei quieto, absorvendo cada palavra que ela me disse.

- E digo mais, se você machucar minha amiga eu vou arrancar seu pipi fora com as minhas próprias mãos - ela sorriu e pouco depois Elena entrou na sala.

- Do que vocês estão falando?

- Dessa merda de Netflix que nunca tem nada - Ágatha respondeu.

- Ta explicado porque você assiste essa merda de série - Elena disse se jogando entre nós dois no sofá, ofereci o beck para sua amiga, que pegou o levando a boca.

- Cala a boca, Elena, você nunca nem viu um episódio - Ágatha revirou os olhos.

- Então coloca ai, acho que aquela merda de cookie ta me deixando chapada - ela relaxou no sofá, tateou nele até encontrar minha mão, a segurando.

Ágatha me olhou quando viu, me devolvendo o beck e finalmente colocando a série para a gente assistir.

Acabamos assistindo uns 3 episódios, rindo igual idiotas, a série era realmente muito boa com muitas coisas por trás.

- Eu preciso ir - me levantei, morgado depois de mais de uma hora jogado no sofá.

- Já? - Elena também se levantou, ficando em pé na minha frente.

- Glória! Não aguento mais segurar vela - Ágatha levantou os braços em sinal de alívio, ainda jogada no sofá.

A ignorei.

- A gente vai se ver logo - pisquei para Elena, que sorriu.

- Vou te levar até o portão - ela disse, indo em direção ao mesmo.

- É nóis, aliada - cumprimentei Ágatha, e ela sorriu.

- Pensa.

Fui para o portão, Elena ainda não tinha o aberto, parei na sua frente.

- Então...

- Então...

A abracei mais uma vez, dando um beijo demorado em sua testa, esperei ela abrir o portão, e sai, indo em direção a minha casa.

Foram necessários 10 passos para eu travar, uma batalha entre meu coração e minha mente, um deles queria voltar e o outro me pedia incessantemente para que eu acabasse logo com essa tortura psicológica que é estar com uma pessoa que eu não amo mais.

Eu precisava de coragem, então continuei andando.

Minha casa ficava a poucas quadras da de Ágatha, então logo cheguei.

Quando abri a porta a casa estava em completo silêncio, escura e sem vida, parecia muito com o que eu estava pensando.

Minha mente era uma casa cheia de pensamentos que com tanta bagunça se tornava um completo nada.

Me deitei na minha cama, centralizando meu pensamento somente em Elena, ela me acalmava e era isso que eu queria naquele momento, descansar.

E assim eu fiz.

Faísca - Hariel.Onde histórias criam vida. Descubra agora