𝗕𝗘𝗦𝗧𝗜𝗔𝗟 ; daemon t.¹ ✓

009.

   O VENTO soprou os cabelos de Athena, o som das asas de Naberius soavam pelo ar, cortando aquela grande massa do ar; suas mãos estavam presas de forma firmes na cela de cor vermelha feita por Ceix, feita especialmente para ela; com um impulso de seu corpo ela sentiu Naberius subir ainda mais no céu e logo despencar, um grito saiu de seus lábios quando ela sentiu seu corpo ficar livre, ela soltou suas mãos da cela e a cela fez um leve 'clic' prendendo suas pernas, um riso saiu de seus lábios enquanto ela se sentia, pela primeira vez, o dragão.

"- Como é a cela?" _ Ceix perguntou assim que Athena saiu do dragão.

"- Incrível!" _ riu em estase. "Eu me senti com asas." _ sorriu e o abraçou levemente.

"- Isso!" _ o garoto comemorou. "Era exatamente assim que eu queria que você se sentisse. Como o dragão."

"- Eu sou o dragão... parte de mim."

"- Eu sei" _ sorriu de lado. "Vou fazer algumas melhorias, logo vai estar pronta e eu lhe dou ela."

"- Obrigada, Ceix." _ sorriu.

"- Aquilo foi incrível!" _ Jace apareceu em frente a Athena enquanto Ceix ia tirar a cela de Naberius com a ajuda dos outros do local. "Acha que ele faz uma para mim?"

"- Se você insistir." _ sorriu de lado. "É melhor voltarmos, antes que sintam a nossa falta."

"- Certo!" _ concordou. "Vou pegar minhas coisas."

  Daemon e Rhaenyra estavam na mesma janela do dia que viram Athena correndo pela areia com a dupla. As silhuetas de Athena e Jace não passaram de forma despercebida quando eles entraram no local novamente, o garoto havia falado algo para Athena que ria, algo que fez ele a abraçar pelos ombros de forma amigável, um sorriso largo nos lábios.

"- Eles estão escondendo algo." _ Daemon fez uma leve careta ao ver a imagem deles desaparecendo. "Amanhã vou mandá-los fecharem a passagem."

"- Não acha que é muito precipitado?" _ Rhaenyra o encarou. "Eles podem estar indo só até a praia."

"- Eu quero saber aonde eles estão indo." _ saiu do quarto. "Vou ter um encontro com Jace pela manhã, assim podemos conversar melhor."

   Rhaenyra soltou um suspiro e encarou novamente o pátio, as figuras dos jovens já não estavam mais ali.

...

     Sentada em uma das cadeiras em frente a uma das mesas na biblioteca Athena ouvia a voz baixa de sua irmã Rhaena murmurar as palavras do livro ao qual estava estudando no momento.

"- O que vocês estão escondendo?" _ Rhaena cortou o silencio entre elas, Athena tirou os olhos do livro e a encarou.

"- Quem?"

"- Você e o Jace" _ se arrumou no acento. "O que estão escondendo? Agora vocês estão sempre andando um ao lado do outro, cochichando pelos cantos."

"- Nada." _ fez uma leve careta. "Não escondemos nada."

"- Bem, então é bom que saiba que o papai convocou uma reunião com o Jace, ele quer ter uma conversa com ele." _ analisou a irmã, essa que mordeu os lábios levemente, um sinal de que estava nervosa.

"- Por que?"

"- Porque ele acha que vocês estão escondendo algo, boba." _ a cutucou. "Daemon sempre foi assim... desconfiado. Você mais do que ninguém devia saber disso" _ fez uma leve careta. "E... bem, Jace não sabe guardar segredo para ele."

"- Merda."

   Em pé em frente a Daemon, Jace sentiu seu corpo todo enrijecer, era notável que ele tinha um leve medo pelo olhar que o homem lhe dava, não era como se Daemon fosse realmente capaz de fazer algo com ele.

"- Então?" _ Daemon gesticulou com a mão. "Conte-me! O que vocês estão escondendo de mim, e, para onde vão todas as noites?"

"- Não minta, Jace!" _ Rhaenyra, que estava ao lado do marido, falou de forma autoritária, algo que fez o menino fazer uma careta, ele havia sido pego.

"- É chamada Desordem dos Renegados." _ falou, ele encarou a mãe em um sinal de confirmação para ele continuar, quando ele teve, pode continuar. "Fica não muito longe da cidade, depois das pedras."

"- Eu sei onde é." _ Daemon passou os dedos pelas sobrancelhas. "Obrigado, Jace."

"- Eu... você não vai fazer nada, certo?" _ encarou o mais velho. "Ela realmente gosta daquele local... é como uma casa para ela."

"- Não farei nada, não se preocupe." _ sorriu em uma linha reta, Jace concordou e fez uma reverencia antes de sair.

"- O que vai fazer?" _ Rhaenyra encarou o marido.

"- Tem uma peste na cidade, acham que podem ser daqueles se exilaram." _ explicou. "Vou fazer o que tenho que fazer."

"- Não acha que deve uma palavra com ela antes de fazer isso?" _ falou de forma convicta. "Ela é sua filha!"

"- Vocês são mulheres" _ se levantou e saiu andando. "Fale com ela!"

      Havia um ar pesado no ar, Athena nunca, em toda sua vida, havia se sentido tão traída e tão infeliz consigo mesma. Daemon, pela primeira vez em sua visão, havia sido a pessoa ruim que ela ouviu por entre as ruas e vielas da cidade.
  Quando Rhaenyra entrou em seu quarto naquela tarde - no momento que ela falava com Luke sobre seus estudos -, e lhe explicou o que tinha ocorrido, foi como se toda a sua existência tivesse sido insignificante.

  Jace havia quebrado sua promessa, ele havia rompido um elo sagrado e Daemond só tinha acabado de romper esse elo, e a traição doía ainda mais quando ela vinha de alguém ao qual considerava muito.

    Ceix e Edyta apareceram no pátio aquela noite, algo que fez Athena correr até eles assim que os viu, a dor e o desprezo em seus olhos foi de cortar seu coração.

"- VOCÊ NOS TRAIU!" _ Ceix gritou, a voz quebrando em um sussurro sofrido no final da frase, seus olhos repletos de lágrimas e uma dor ao qual nem mesmo ele conseguia descrever. "Eu confiei em você... todos eles confiaram em você."

"- Não fui eu, foi Jace." _ Athena tentou se defender, Edyta soltou uma risada de desdem.

"- Quem quiz por ele no nosso grupo foi você, Athena." _ Edyta falou, veneno em sua voz. "Minha mãe sempre esteve certa... nós nunca vamos nos misturar com você."

"- Não é culpa dela" _ a voz de Jace soou pelo local e ele apareceu no local, as roupas de dormir ainda no corpo. "Daemon me fez falar, ele me prometeu que não ia fazer nada."

"- Você é um traíra"_ Ceix apontou para o garoto. "Os dois!"

"- Ceix... Edyta" _ Athena os encarou, os olhos repletos de lágrimas. "Por favor!"

"- Por favor?" _ Edyta a encarou. "Eles imploraram para não morrer... você não estava lá, não sabe como foi." _ deu um passo para trás. "Eu sei como foi."

"- Mas..."

"- Adeus!"

   Athena os viu partir, as lágrimas rolando por seu rosto como uma cachoeira dolorosa.

"- Athena..." _ Jace tentou tocar o ombro da menina, essa que soltou um grito de raiva e desgosto e o encarou.

"- Eu confiei em você... por que?" _ sussurrou. "Por que, Jace?"

BESTIAL; 29 novembro 2022
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