Capítulo 4: Sempre-Viva

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Solto suavemente de sua mão e me coloco sentada à cama. Puxo o travesseiro no processo, abraçando-o e escondendo parte do meu corpo nu. Bora mantinha aqueles olhos brilhando rente aos meus. Não tinha dúvida que estava feliz, mas me pesava o coração da mesma forma que ele batia em alegria.

Escondi meu rosto no travesseiro, apertando com as mãos ele em meu abraço. O cheiro de Bora estava nele e seu perfume, parecia não ter mudado desde que nos conhecemos. E essas lembranças, tempo juntas, pesava ainda mais nas palavras.

- P-posso ir ao banheiro?

Digo abafada pelo rosto enfiado no travesseiro.

- Claro, meu anjo. Se quiser tomar banho, acho que deixei troca de roupa para você no armário.

Apesar de estar "enrolando" ela, seu tom veio compreensivo. Novamente, ela sabia o peso daquela pergunta, mas fazia aquilo soar como a coisa mais tranquila do universo.

Assenti e soltei do travesseiro enquanto já me virava para sair da cama. Meu rosto ardia e parecia que meu coração ia avassalar meu peito a qualquer momento. O travesseiro caiu ao chão, quando terminei de sair da cama.

Entrei no banheiro, fechei a porta, mas não tranquei. Respirei fundo, sentindo o cheiro de lavanda do local. A ideia dela era boa, fui em direção ao box, para então, tomar uma ducha.

Liguei o chuveiro logo abaixo dele, deixando a água bater rente ao meu rosto. Fiquei por ali alguns segundos, até me virar de costas para o chuveiro. Comecei a tomar meu banho calmamente, mas o mais engraçado é que, a paz, não vinha pelo banho. Pela água, ou o cheiro.

Vinha pelas coisas que olhava pelo banheiro.

Em suportes na parede, minha escova de dente estava presa ao lado da dela. O shampoo para o meu cabelo, estava ali, separado no box. Meu sabonete predileto. Perfume. Toalha com coelhos, ou, meu roupão: que era rosa e tinha orelhas de coelho.

Ela se esforçava muito por mim, desde nossa amizade. Fazia meses que estávamos juntas, e talvez, se eu fosse mais ocupada, talvez diria que faz um ano. Não percebo o tempo passando tão bem.

Fecho os olhos, voltando a lembranças de nós duas e, nem todas, eram boas.

Após a morte da mãe de Siyeon, ela tentou se matar. Aliás, quando tudo foi aplacado, foi o momento daquela mensagem amarga no celular.

Fomos juntas para cuidar de Siy.

Quando tocávamos juntas, as meninas iam beber até o mundo acabar. Era com Bora que eu ficava. Sentadas, conversando sobre a vida no geral.

O que mais aplicava a resposta de sua pergunta, era obviamente meu passado com o Si woo, coisa que, ela estava presente me ajudando.

Ela e Yoohyeon.

Claro, muito trabalho com minha terapeuta e apoio das duas.

Quando saímos juntas pela primeira vez, sabendo do que poderia acontecer, eu novamente me sentia como uma adolescente apaixonada. Com medo de segurar a mão dela.

Ela teve paciência. Em todo percurso.

Mas devo dizer "sim", apenas por ela ser boa comigo? E se eu, machucá-la? E se não for o que sinto? Tudo isso vinha a minha cabeça, como agulhas fundas.

Me sentei no chuveiro, abraçando meu joelho e enfiando o nariz entre eles. Deixei a água quente cair nas minhas costas, cabeça e respingar para os lados. Perdi a noção do tempo, mas, me fazia bem tudo aquilo.

"Não é tudo que é sua culpa, Minji. E não pense que você, não é mais amável."

Lembro de discordar fortemente de minha terapeuta quando ela disse isso, mas será que dessa vez é diferente?

Running Blind - Deukae FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora