liagrafia

felicidade

Os momentos felizes eram tão, tão distantes nos momentos de crise.

Pareciam de outro universo.

Eles sempre me pareciam falsos quando a tristeza me cobria como um manto congelante, e isso me machucava mais.

Depois de tanto tempo coberta por esse manto, qualquer calor me assustava.

Não tinha muitos amigos, nem grupos, nem nada que os jovens da minha idade queriam desesperadamente mesmo que eu quisesse ter na mesma intensidade. Essas relações não funcionam muito quando se tratava de mim.

Os pouquíssimos amigos que tinha sempre tinham vários outros amigos, namorados, conhecidos ou qualquer ser humano que não fosse eu para ocupar seu tempo. Essas pessoas sempre eram mais legais, ajudam mais, aceitavam mais, entendiam mais... E eu não os culpava, a vida deles seria completamente insuportável comigo ocupando mais tempo que 0,0% dele.

De tanto ver isso, passei a acreditar que não fazia nenhuma dessas coisas. Eu não era legal, não ajudava, não aceitava ou entendia nada, comecei a acreditar que eles não pareciam ser sinceros comigo porque eu era o grande problema.

Ainda não sei se isso é 100% falso.

Não sei de nada, na verdade. Absolutamente nada.

Não me relaciono com ninguém porque seria injusto demais começar algo sem superar o que veio antes. Sem ter parado de amar quem veio antes.

Sigo presa a qualquer fragmento desses tão falados momentos felizes, porque, nesse momento, eles parecem mais falsos que nunca.