me in your sweater

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Era 3 de dezembro.

O vento congelante chacoalhava as árvores do lado de fora, e eu observava as luzes noturnas pelo vidro da janela do quarto de Harry. Estávamos ambos em silêncio na sua cama, eu assistia as folhas voando para longe e ele mexia em seu celular.

—Fica melhor em você do que em mim. —Ele sorriu, apontando para seu suéter que me aquecia.

Agarrei o tecido entre meus dedos, sentindo o calor gostoso que ele me proporcionava.

—Só diz isso porque enjoou dele no seu corpo.

—Não, Lou. Ele realmente ficou muito bonito em você.

Virei o rosto de volta para a janela, tentando esconder a vermelhidão que surgiu nas minhas bochechas. No entanto, ouvi um "click" seguido de um flash na minha direção.

—Você não fez isso... —Semicerrei os olhos, fitando o celular que segurava na frente de seu rosto.

—Oh, e como eu fiz! —Gargalhou e me mostrou a foto na tela —Você tá coradinho, olha que fofo!

Sem pensar muito, voei para cima dele tentando pegar o celular e apagar aquela imagem horrorosa. Ainda rindo, ele segurou firme meus dois pulsos, me mantendo imóvel acima do seu corpo. Seu riso se diminuiu num sorriso pequeno e genuíno enquanto nos encarávamos em silêncio naquela posição totalmente comprometedora.

Eu simplesmente não fazia ideia de como estava minha expressão naquele momento, estava tão perdido naqueles olhos verdes e sorriso brilhante com covinhas que não conseguia nem ao menos raciocinar. Apenas quando seu celular jogado de lado notificou uma nova mensagem que "voltei" à realidade.

Ele soltou meus pulsos e eu saí de cima, voltando a me sentar ao seu lado. Harry soltou um sorriso bobo ao encarar a tela e tudo que pude fazer foi suspirar.

Se ele ao menos soubesse o tanto que eu gostava dele...

E eu deveria contá-lo, não, eu iria contá-lo. Não era justo, ele era meu melhor amigo, sempre fomos transparentes e nunca escondemos nada um do outro, por que agora deveria ser diferente?

Era apenas um sentimento bobo, caso fosse recíproco, melhor pra mim, caso não... bom, Harry não era do tipo babaca, ele simplesmente usaria do eufemismo para me dar um fora e depois continuaríamos a amizade. Eu sabia disso.

Então decidi contá-lo. No outro dia! Na hora do almoço! Todas as quartas era quase tradição da galera sair para almoçar no Mcdonalds. Eu contaria para ele enquanto comíamos batata-frita, não havia plano melhor.

Percebi que Harry havia desligado o celular quando senti sua cabeçona cabeluda deitar no meu colo, ele enfiou o rosto na minha barriga coberta e esfregou o nariz, me fazendo cócegas.

—O que você tá fazendo? —Perguntei no meio de um riso.

—Você quer que eu te abrace pra dormir hoje de novo? —Ergueu seus olhos grandes pra mim.

Sim, a noite estava fria, mas seu quarto era quente e além do suéter, tinha duas camadas de cobertores nos protegendo. Aquilo iria virar um forno. Mas eu não me importava nem um pouco, logo respondi:

—Por que ainda pergunta?

Deslizei para baixo até estar devidamente deitado e confortável sobre um travesseiro, ele seguiu meus passos e envolveu minha cintura com seu braço forte, trazendo-me para mais perto de si. Roçou o nariz pelo meu cabelo e inalou meu aroma.

—Shampoo de morango... —Suspirou.

—Melhor que o de melancia?

—Nenhum ganha do de melancia. —Suas palavras brincalhonas tinham um tom arrastado e sonolento.

heather • lsOnde histórias criam vida. Descubra agora