Gato Cerveja - Rubenny

I

Para todos aqueles que perambulam sem rumo a noite fria que é o mundo material: "Você não está só. Abrace quem você realmente é, ame aquilo que você teme de si mesmo."

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Johnny acordou como de costume com o despertador o alertando que era hora de acordar. Seu corpo levantou quase que instintivamente para levantar a cabeça e abrir os olhos, buscando o barulho perturbador que o acordara. Encontrando seu celular na mesinha ao lado da cama, desligou o som que torturava sua mente recém desperta.

- Inferno. - Resmungou, o susto já tendo feito seu dia começar da melhor forma possível. Ou não.

Olhou ao redor, como se tentasse se lembrar quem era e onde morava. Estava sem camisa, como de costume, o corpo atlético repleto de cicatrizes de brigas que não sabia se se orgulhava de ter sobrevivido ou se sentia vergonha de ter se colocado em muitas delas.

Como era de costume para um combatente da Ordem, Tabasco se sentou a contra gosto. Alongou os braços e logo depois esticou o pescoço com cuidado, sentindo os músculos tensos parecerem um pouco mais leves agora. Por fim, se dirigiu em direção ao banheiro daquele pequeno e simples apartamento.

O apartamento de Johnny não era dos mais organizados, assim como muitas vezes eram seus pensamentos e sentimentos. No caminho para o banheiro mesmo quase tropeçou em algumas roupas no chão. Muitas vezes não tinha paciência para arrumar seu quarto quando chegava das missões, apenas retirando as roupas desconfortáveis para poder dormir em paz após geralmente horas na ala médica.

Seu quarto, como já descrito, possuía roupas espalhadas pelo chão. O dia anterior havia sido uma confusão. A cama estava até que razoável, mas provavelmente precisava trocar o lençol, sua mochila de missão estava jogada no canto do quarto, a mesinha ao lado da cama tinha um despertador, uma foto e um abajur.

Já no banheiro, de frente para o espelho, Johnny encarou o rosto cheio de ressaca, cabelo desgrenhado e com as famosas cicatrizes que já o acompanhavam a muito tempo. Imediatamente, o combatente juntou um pouco de água gelada nas mãos e jogou no próprio rosto para despertar e logo começou a escovar os dentes.

No dia anterior, Johnny havia recebido o pagamento pela última missão que finalizara com a companhia de Rubens Naluti, seu companheiro de dupla nas últimas investigações atrás do Anfitrião. O Tabasco resolveu comemorar bebendo algumas no bar Suvaco Seco junto do amigo e não conseguia lembrar de muita coisa, apenas de sair do bar quase desmaiando mas sendo segurado por alguém. Provavelmente Balu, seu antigo parceiro e amigo bastante íntimo da dona do bar de fachada da Ordem, Ivete, havia o levado para casa. Mas sabia que o outro não sabia onde morava.

O importante era que estava em casa e vivo. Tamanha sorte sempre devia ser agradecida.

Assim que Tabasco terminou de escovar seus dentes, retirou a única peça de roupa que vestia quando acordou (sua cueca) e adentrou o box para tomar um banho matinal rápido e gelado. Ficou alguns instantes debaixo do chuveiro apenas sentindo a água correndo por sua pele, como se estivesse carregando suas energias para o novo dia e só então começou a se ensaboar e a lavar o cabelo.

Quando finalizou, o combatente se enrolou na sua toalha e jogou a cueca antes usada no cesto de roupa suja. Provavelmente hoje seria um bom dia para colocar um pouco de ordem na casa antes de ir para a base, sua mente refletia a cada bagunça diferente que percebia ao voltar para seu quarto.

- Tá, vamos ver... Eu tenho que mandar mensagem pro Rubens ainda. - Falou sozinho em voz alta, um costume para organizar melhor seus pensamentos e preencher o silêncio entediante da manhã. - Meu Deus, será que ele chegou em casa?