Capítulo único

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Recomeçamos todos os anos.

A cada ano é uma vida, amigos e novas formas de pensar, nós aprendemos com nossos erros e prometemos não repeti-los, mas sempre acabamos por vivenciá - los uma outra vez. Errar nós faz aprender, eu diria que nós faz burro dependendo do erro e dos limites que ultrapassamos.

Dizem que o último ano do ensino médio é uma caminhada de preparação para a vida adulta.

Mas ninguém quer ser adulto no último ano do ensino médio, só queremos aproveitar enquanto ainda temos um teto no qual não precisamos pagar para morar, eu e minha melhor amiga estávamos determinadas a fazer desse ano o melhor, somos inseparáveis e fizemos planos juntas a nossa vida toda, nunca ousamos fazer planos que não incluísse uma a outra.

Nós sempre recomeçamos, seja de uma forma ruim ou boa, e apesar dos obstáculos que surgem no caminho, sempre encontramos um modo de superá-los.

Mas o obstáculo presente em nossas vidas nesse fatídico ano é pior, com ele à incerteza, medo e perda.

Basta olhar para Sophia, seus olhos estão vazios, nada parecida com a minha amigas de oito meses atrás que se recusava deixar se abalar, ainda se recusa apesar de tudo, mas ainda sim, consigo ver a tristeza através dos seus olhos azuis. Eu queria abraçá - la e dizer a cada minuto do meu dia que ficaria tudo bem, mas sei o quanto ela odeia super proteção excessiva e me odiaria se eu começasse dar uma de mãe, ela quer que eu seja normal, que não a veja somente como a melhor amiga que está com câncer.

Tentar ser normal é difícil, positividade é estressante, eu nunca fui o tipo de pessoa goods vibes que sempre ver o bem no mundo, sou mais aquele tipo que se preparar para a decepção caso tudo dê errado, por isso Sophia e eu somos tão diferentes, ela é doce e emana boas energias.

Já eu, sou quase uma rainha da negatividade.

Eu estou ciente de seus exames, fiz e faço o melhor para vê - la bem e para que ela melhore rápido, sua imunidade é como uma montanha russa, ela melhora e piora não importa o dia e hora, seu médico faz o possível para não dar tantas esperanças, mas também diz para não pensarmos no lado ruim da coisa, terá dias que Sophia estara melhor e dias que sua saúde estará em risco, tudo depende de como seu corpo reage ao tratamento.

Enquanto isso, eu faço o papel de melhor amiga conselheira, mesmo que isso me doa, está perto da pessoa que sou secretamente apaixonada é um tormento, mas nada pior do que vê - la morrer pouco a pouco, eu tento não imaginar a dor de perde alguém, todas as minhas perdas foram de pessoas que não eram tão próximas a mim, pessoas que construir pequenas memórias, nada tão grandioso para serem lembradas.

Eu construir memórias com Sophia a minha vida inteira, não extiste uma lembraça em que ela não esteve, foi com ela que tive as piores é melhores experiências da minha vida, que chorei, fiquei com raiva e feliz, foi ela que me segurou quando eu fui arremessada para fora do armário, segurou minha mão e me disse que ser lésbica não era uma coisa ruim. Sophia é meu porto seguro, somos tão presentes uma na vida da outra quanto nossos pais foram um dia.

Eu não quero perdê - la, não importa se a morte é algo que acontece com naturalidade em nossas vidas, não importa se todos nós teremos que passar por isso. Quero ter a chance de dizer que a amo, e não importa se ela não sentir o mesmo por mim, nunca deixaremos de ser o porto seguro uma da outra.

Naquela noite eu faço a coisa mais estúpida da minha vida, eu me estico sobre ela e a beijo. Estamos deitadas encolhidas na sua pequena cama de solteiro segurando a mão uma da outra, o silêncio é constrangedor, ficamos nos encarando por um momento, um silêncio constrangedor no ar.

Então ela sorri — Obrigada por me dar o meu primeiro beijo antes que eu parta — Ela sussurra.

— Não diga isso, eu é que sou a rainha da negatividade aqui. Não você.

Um recomeço para KenaOnde histórias criam vida. Descubra agora