Capítulo Único

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As tardes dos domingos sempre eram monótona, mas não tão ruim quanto a palavra parecia soar como, às vezes utilizavam desse dia tedioso para sair. Para falar a verdade, Ivy adorava as tarde tediosas de domingo assim como Harley, e no Outono então o clima era perfeito para ficarem jogadas no sofá comendo qualquer coisa que não precisasse de tanta preparação enquanto algo passava na TV após horas escolhendo.
O clima dessa estação afetava Ivy, afinal parte de si era planta e assim como elas, os efeitos sobre si eram semelhantes. Estranhamento até a própria Harley passou a sofrer dos mesmos efeitos ou talvez apenas entrasse na onda para aproveitar o momento.
No momento a meta-humana estava jogada no sofá acariciando a outra que estava deitada sobre o seu corpo da maneira que ela sempre adorava, estava impressionada que já estavam no final do filme e a mulher sobre si ainda não tivesse pegado no sono como sempre fazia, realmente Harley tinha se interessado no filme, o jogo havia virado já que lutava para não dormir e se o fizesse acordaria com a outra resmungando por ter parado com o cafuné, terrivelmente a sua namorada era pior que uma criança.

-Ivie?

-Uhm, eu não dormi, só a minha mão que ta leve – Falou lentamente entre bocejos, sinal que em breve estaria no mundo dos sonhos, mas Harley não deixaria isso acontecer, algo havia chamado a sua atenção.

-Elas são como nós? Digo, também temos o mesmo?

O filme havia sido escolha de Harley o que se tornava anunciação de que iria ser entediante, mesmo que alguns muitas vezes chamassem a sua atenção, então havia consumido pouco conteúdo. Virou o rosto para olhar a tela e tentar adivinhar o que ela queria dizer.

-Ta falando daquela samambaia? – De tudo no filme foi à única que havia focado – Temos inúmeras, e inclusive foi ao qual você deixou morrer de tanto regar.

E por conta disso foi criado dentro da casa a Lei Harley Quinn N1.10/2022, ao qual ela estava proibida de tentar cuidar de uma planta sem supervisão. Ivy nunca pensou em filhos em sua vida e agora então que não arranjaria um, pois surtaria com “duas crianças” em casa.

-Não, Ivie, não seja boba, eu sei que temos essa – Riu como se a outra tivesse dito algo engraçado. Levantou-se ficando sentada no sofá para que pudesse olhar melhor nos olhos da outra – Eu digo do lance delas, a amizade.

-Ah...

-Digo, somos ainda amigas, né? Mesmo que estejamos sempre trocando salivas e outros fluídos corporais – Foi à vez de Ivy sentar-se no sofá, ficando de frente para ela.

-Claro que sim, Harls. Afinal antes de chegarmos aqui éramos amigas, certo?

-Éramos? Não somos mais? – Sentiu como se seu coração tivesse acelerado – Aconteceram muitas coisas entre nós, eu te amo muito Ivy, muito mesmo e tenho medo de você não gostar mais de mim como namorada e caso isso aconteça, ainda vai gostar de mim como a sua melhor amiga? Eu sou a sua melhor amiga?

Fez menção em falar algo, mas a cada vez que tentava pronunciar palavras elas simplesmente sumiam. De fato havia sido pega de surpresa com aquilo, será que havia perdido algo mais além do filme?

-Isso foi de agora? – Foi à única coisa que conseguiu dizer.

-Uhum – Balançou a cabeça como se quisesse dar ainda mais força para a afirmação ou talvez fizesse isso na tentativa de não começar a chorar – Eu só pensei sabe? Brigamos muito, principalmente quando você tentava me alertar sobre o Coringa, eu já te machuquei, você já me disse palavras duras, passamos por tantas coisas, eu sou a sua namorada e você a minha, mas também somos melhores amigas, né? É que há muito não deixamos isso claro uma para a outra.

Mesmo sendo uma boa terapeuta, depois de tudo o que havia passado na vida era como se a psiquiatra tivesse trocado de lugar com os pacientes, e era por isso que ela odiava bastante aquele palhaço infeliz. Harley segurava as lágrimas e podia sentir isso, também podia sentir que aquilo talvez pudesse não ser somente de agora e que apenas algo quebrou fazendo-a  ter a percepção. Tinha que ser rápida no que dizer, apertava o seu coração o olhar que a outra lhe dava na tentativa de segurar o choro, sentia o que dizer, só não era boa com essas palavras que podiam expressar.

One-short: HarlivyOnde histórias criam vida. Descubra agora