Acabou, Certo? - Joesar/Joaiser

Capítulo Único;

ᴏ ǫᴜᴇ ᴏ ᴀᴍᴏʀ ᴠɪʀᴀ ǫᴜᴀɴᴅᴏ ᴄʜᴇɢᴀ ᴏ ғɪᴍ?
ᴇ́ sᴏ́ ǫᴜᴇ ᴅᴏ́ɪ ᴜᴍ ᴘᴏᴜᴄᴏ ǫᴜᴀɴᴅᴏ ᴇᴜ ʟᴇᴍʙʀᴏ ᴀssɪᴍ
ᴍᴀs ᴇɴғɪᴍ, ᴀᴄᴏɴᴛᴇᴄᴇ

São aproximadamente umas 02:15 da madrugada. Eles estão no sofá de Ivete, cada um em uma ponta, seus pés estão meio entrelaçados no meio. Eles estão se olhando faz algum tempo, tentando arrastar o que irá acontecer. A chave do carro de Ivete está na mesa de centro, ainda intocada. Ivete a deu sem falar nada, colocou ela delicadamente no lugar antes de ir dormir, olhou para eles com um olhar de tristeza e deu um beijo na testa de cada um. Arthur deu um abraço nos dois antes de ir dormir, seus olhos estavam marejados, algumas lágrimas solitárias caiam apesar de seu esforço para segura-las. Todos da sua família sabiam sobre a situação delicada que Kaiser e Joui se encontram no seu relacionamento (até mesmo Liz, Joui sempre envia mensagens para ela, mesmo nunca havendo uma resposta). Eles se olham por mais alguns segundos, mãos frias querendo contato, pernas entrelaçadas e lábios pressionados com palavras não ditas guardadas no fundo das gargantas. Eles suspiram e se levantam ao mesmo tempo, Kaiser pega a chave e eles partem para o carro.

Ficam em silêncio o caminho todo, eles não sabem para aonde ir, só estão seguindo sem um rumo certo. Acabam parando em um campo esverdeado, as estrelas brilham com mais intensidade no céu sem a interferência das luzes da cidade. Eles não perceberam que tinham dirigido tanto assim. Saem do carro e se deitam no capô, suas mãos se entrelaçam após alguns segundos de hesitação e derrepente tudo parece muito certo. Tudo pareceu assim, quando estavam juntos, até que algum momento isso mudou. Apesar que não completamente, neste momento, quando suas mãos estão juntas, esse sentimento de certeza está ainda lá, tão forte quanto um dia fora. O amor deles sempre foi forte, intenso, caloroso e poderoso. Os dois são pessoas intensas, cabeças quentes e perderam a conta de quantas vezes brigaram. Mas eles nunca se odiaram, em nenhum mísero segundo. Nem mesmo nas brigas mais feias, eles nunca deixaram de se amar.

Ele ainda me ama? Essa dúvida pendura na cabeça de ambos.

Ele ainda vai me querer perto?

O que vai acontecer com a gente?

Vai ficar estranho?

O que o amor vira quando chega o fim? Kaiser acha que vira o frio. Porque sempre foi assim, quando o amor ia embora só restava um frio congelante. E agora, ele não está mais acostumado com o frio. Não quando estar com Joui sempre foi tão quente, com todos os beijos calorosos, mãos entrelaçadas, um suéter vermelho aquecendo seu corpo e ele aquecendo o seu coração. Kaiser olha para as suas mãos juntas encima do capô do carro, sentindo o imenso calor que irradia desse simples toque, e logo em seguida levanta seu olhar e encontra Joui o olhando. E Kaiser sabe que nunca mais vai se sentir assim de novo, com mais ninguém. Ele sabe que ninguém além de Joui tem a capacidade de com um único olhar, um olhar tão tão carinhoso e amoroso, sera capaz de o esquentar no dia mais frio, de fazer com que ele sinta como se estivesse no lugar mais quente do mundo mesmo se estiver na porra do Alasca. Seu coração está fervendo, e ele não está preparado para a nevasca iminente.

O que o amor vira quando chega ao fim? Joui acha que vira a solidão. Ele pensava que ja estava acostumado com esse sentimento, que a solidão já tinha virado uma velha amiga, que não importa a queda que ele sofresse, ele ia lidar com isso. Mas, só de imaginar perder o Kaiser, um vazio intenso domina o fundo do seu peito. Ele não consegue mais se imaginar sem ter Kaiser por perto, não consegue imaginar olhar para o lado e não ver os olhos negros o olhando tão carinhosamente, não consegue imaginar não ouvir as raras gargalhadas e os sorrisos tímidos que são (ou eram) reservados só para ele, não consegue imaginar estar em um dia tão ruim e não receber abraços calorosos e reconfortantes. Ele não está acostumado com a solidão, ele tem pavor dela. Ele sente suas mãos entrelaçadas, sente seu coração batendo rápido dentro do peito, sente a vontade de fazer o tempo parar e manter este momento guardado para sempre, porque ele sabe que nunca mais terá isso. Joui tira seus olhar das estrelas brilhantes e se vira para a sua lua. Kaiser está olhando para suas mãos entrelaçadas e ergue seus olhos para Joui. Cristo, como é possível amar tanto alguém assim? Joui ama tanto esse menino que chega a doer, ele o ama tanto que botaria fogo na porra do mundo para mantê-lo salvo, ele o ama demais e não está preparado para o vazio avassalador.

O que o amor vira quando chega ao fim? Kaiser e Joui estão com esse pensamento agora. Eles olham para a estrelas juntos, deitados no carro de Ivete, eles sentem o vento frio baterem neles e o único calor que tem é das suas mãos juntas. Acabou, eles sabem disso. Mas, mesmo assim, eles ainda se amam. Cristo, eles se amam tanto. Mas as vezes amar é deixar ir. O amor deles não chegou ao fim, na verdade eles se amam tanto que não conseguem suportar. É tudo muito novo para eles, esse sentimento tão forte, é algo tão novo que machuca, que assusta. Eles precisariam de tempo para aprender esse amor, a deixar esse sentimento fluir suavemente entre si, mas, eles não tem tempo. A vida deles é rápida e perigosa, uma missão pode acontecer a qualquer segundo e eles não sabem se vão sair vivos dela. Tempo não é algo que eles tem facilmente, já medo e ansiedade é algo que eles tem de sobra. É claro que existem os momentos de leveza, de suspirar e respirar, mas eles passam tão rápido quanto a ventania ao redor deles.

Eles se olham e têm uma vontade imensa de dar o último beijo. A última vez deles sentirem os lábios, a sensação de calor em seus corpos e de terem a plena certeza que são feitos um para o outro. E eles são. Kaiser tem certeza que nenhuma mão irá se encaixar tão perfeitamente com a sua como a de Joui, que ninguém irá o aquecer com tanto amor, que ele nunca amará tanto alguém. Joui tem certeza que nenhum beijo irá ser mais doce do que o de Kaiser, que nenhum abraço irá o reconfortar tanto, que ninguém fará a sensação de solidão ir embora com um único sorriso, que ele nunca amará tanto alguém.

Eles se beijam e tem gosto de lar, de despedida, de amor, de dor. Eles se beijam e sentem calor, frio, solidão, companhia. Eles se beijam, se tocam e se abraçam. Eles se amam. Eles acabaram.

— Acabou, certo? – Kaiser pergunta.

— Sim, acabou – Joui responde.