Cap 1

11 1 0
                                    

Eu não me recordo ao certo em qual data reinstalei o tinder. Sempre que estava entediada e/ou carente, baixava o app pra aumentar meu ego. Quase nunca dava em alguma coisa. Em sua grande maioria, só flertava futilmente e quando via que era óbvio que  não tinha nenhum "sal" eu deixava no "off".

Foi quando eu conheci o Kaique. Digo, "conhecer". A gente mal se falou, e sendo sincera, não estava muito animada com onde aquela rasa conversa poderia levar. Até que ele me chamou pra sair (pela segunda vez), e estranhamente, eu queria.

A gente decidiu: o date seria um filminho no cinema. Estava tudo certo. Mas, foi chegando a hora e meu estômago estava enlouquecendo com os comandos da minha mente: "será que a gente vai acabar ficando sem assunto?" "e se eu for mais alta que ele?" "será que eu vou ter que beijar ele?" "e se eu não gostar dele?". Eu estava quase desmarcando, mas não poderia, seria ridículo da minha parte e sendo bem sincera, eu queria. Foi quando uma amiga me mandou mensagem, e vi um ponto de fuga, uma chance.

Minha ideia não era desmarcar com ele, pelo contrário, o intuito era vê-lo com menos pressão a se carregar. Por isso, sugeri um date de casal. A Camilly não curtiu muito a ideia, principalmente com quem era o par dela.

No final de tudo, a gente decidiu ir pra um pagode. Ele chegou, vi o carro, que vontade de cagar. Eu achei que fosse descer e abrir a porta, não o fez, já previ que não ia ser legal. Seguimos a viagem, praticamente sem contato.

Chegou a hora de descer do carro, e a minha síndrome de garibalda começou a atacar: "será que ele é mais baixo do que eu?" "Será que vou ter que aguentar o rolê inteiro com anão?". E aí ele me abraçou. O que foi aquilo? eu senti um alívio por ele ser mais alto, mas também uma vibração e uma energia tão gostosinha.

A gente foi descendo, e eu agoniada por andar na frente. Chegamos lá.

Eu não podia beber, tava cumprindo minha promessa pra Deus. Eu estava observando, ele fazia totalmente o meu tipo. Era o que puxava assunto, tentava manter o clima confortável. O que me deixou "chateada" foi as diversas tentativas de interação com a minha amiga.

Pô, quem estava ali pra ele era eu e não ela, deixasse que o amigo fizesse a parte dele e vinha me conhecer, que era o que eu queria. Tudo muito caro naquele lugar, a gente rachou. A música não estava muito boa e a Camilly também não tava curtindo.

Finalmente o amigo dele fez algo de útil: Deu a ideia de irmos pra uma tabacaria em Jandira. Camilly deu uma animada e foi pra lá que fomos. Só pelo valor da entrada, já imaginei que o lugar não seria dos melhores, mas pelo menos melhor do que onde estávamos.

Chegamos na tal tabacaria. Quanta gente feia. Me senti de volta aos 14, os jovens do mesmo jeito e eu conseguia ver no olhar de algumas pessoas o quanto elas estavam perdidas. Deixei o Kaique na parte aberta e entrei pra pegar uma bebida (óbvio que não pra mim). Já começou os olhares. Cá entre nós, não tem como eu não chamar atenção. Falei pra Camilly: "ele é muito meu número" pela terceira vez. E ela me mandou calar a boca, pela quarta vez.

Visão delaOnde histórias criam vida. Descubra agora