01

1.6K 163 27
                                    

Wei Wuxian estava de volta!

Forçando-se a afastar a emoção que tornava seu corpo rígido, Lan Wangji cruzou os caminhos de pedras brancas entre as nuvens na di­reção do ômega que o traíra...

Seus funcionários não ha­viam mentido... a triste verdade era que seu antigo amante estava ali, em sua montanha, entre suas arvores, admirando a beleza natural da cachoeira do local. E o alfa pretendia descobrir o motivo que o levara a retornar ao lugar.

— O que você está fazendo aqui? — Ele perguntou, assim que se aproximou dele e tentou manter a calma, para evitar proferir os palavrões que, na verdade, sentia vontade de gritar. — Eu nunca esperava vê-lo outra vez! Muito menos aqui em Gusu!

Demonstrando surpresa, o ômega alargou o olhar que exibia um azul claro acinzentado.

A primeira semana de novembro já havia passado e as tardes se tornavam cada vez mais frias em Gusu. A brisa das montanhas agitava os cabelos negros, fazendo com que os longos fios encobrissem parte do rosto bonito. E, no mesmo instante em que afastava os cabelos e os prendia atrás das orelhas, Wuxian conseguiu recuperar o autocontrole e a expressão do olhar se tornou mais serena.

— Oi, Wangji! Como vai? — Ele retribuiu com a voz serena, bem diferente do nervosismo que se poderia notar no brilho do olhar, alguns segundos antes.

— Deixando de lado as formalidades, devo admitir sua coragem em aparecer novamente no Recanto das Nuvens! — O alfa exclamou e depois comprimiu os lábios com expressiva contrariedade. — Eu nem pude acreditar quan­do soube que você estava participando de uma representa­ção no Teatro das Orquídeas.

— Vivemos em um mundo livre e posso cantar onde eu quiser! — O ômega se defendeu encolhendo os ombros.

— Menos em Gusu. — Assegurou Wangji. — Aqui é o meu mundo e segue as minhas regras.

A montanha era mais do que o mundo de Wangji... Era o seu lar. O resort havia sido criado de acordo com os sonhos dele.

E, no mesmo dia em que ele retornara de uma viagem atribulada de negócios, descobrira que Wuxian já estava trabalhando ali há mais de uma semana.

— Você se arriscaria a encerrar a apresentação dos shows e enfrentar um processo por quebra de contrato? Como ficaria sua reputação?

Wangji considerou o argumento por um instante. Ele era conhecido por ser um patrão justo. Severo, mas justo. Não precisava se envolver com a dor de cabeça de uma publicidade negativa por causa de antigos ressentimentos. E, por certo, Wuxian teria grande chance de vencê-lo.

Frustrado, ele estudou o rosto dele, que parecia ainda mais belo do que se lembrava, nos anos em que viveram juntos e antes do escândalo que provocou a separação. Os cabelos estavam mais longos. Os olhos mais prateados e brilhantes, quase não se via o azul neles. A boca e os lábios grossos e sensuais o provocavam mais que as palavras que ele lhe dizia.

Ele afastou a atenção que era a boca do ômega e percorreu o olhar pelo corpo esbelto e lotado de curvas generosas, mas desenhado do que se lembrava.

— Transformar-se em um cantor é um grande avanço para um dançarino... — Desdenhou.

— Já se passaram três anos. As coisas mudam.

— Eu não mudei. — Ele assegurou, mudando a postura do corpo e apoiando as mãos nos quadris.

— Não. Você não mudou nem um pouco. — Concordou o ômega.

Ele ignorou o tom de sarcasmo na voz dele e foi direto ao ponto:

— E então? O que você pretende, Wuxian? Uma se­gunda chance?

Ousadia da Paixão - ADAPTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora