Capítulo 01: Meu porteiro negão estava me provocando

2.7K 88 7
                                    


Em frente ao meu apartamento, tem alguns moradores de rua. Todos sujos, roupas finas e muito rasgadas, cabelos e barbas grandes, parte o coração só de ver pela janela.

Eu sempre tento ajuda eles. Eles dormiam sobre caixas de papelão, se "cobriam" com o papelão para "se proteger" do frio.

Nesse período de pandemia, passei muito tempo em casa, trabalhando online.

E sempre os via pela janela. Eles deitados na calçada, do outro lado da rua.

Peguei várias roupas que não serviam mais em mim, pois o tempo que na academia do apartamento deu bastante resultado (a maioria dos moradores daqui são idosos, então, na academia frequentavam no máximo 4 pessoas, mas isso já é outra história).

Eu estava muito mais musculoso do que antes da pandemia. O uso de máscara já não está mais tão frequente como antes, mas mesmo assim, todos se preocupam.

Mas e quanto àqueles que não têm onde morar? Nem o que vestir? E muito menos o que comer?

Juntei todas as minhas roupas e cobertas quentinhas para ajudar os moradores de rua, e coloquei em uma caixa.

Desci pelo elevador, e percebi pela enorme porta de vidro do apartamento que ainda estava escuro.

– Opa, tá tudo certo, Santana? – perguntou Melancia, porteiro negão do meu apartamento.

– Ah, sim, sim. – coloquei a caixa encima do balcão, onde ele sempre ficava.

Melancia era um negão alto, grande e muito mais forte do que eu. Ele era tipo um Bodybuilder que parou de treinar, ou que bebe todo fim de semana, pois tem uma barriguinha de cerveja que fazia os botões da camisa branca (que era um ótimo contraste com a cor escura dele) dele pedirem 'Socorro'.

Ele era muito gostoso e me encarava com curiosidade.

– Passei a noite organizada essa caixa. – apontei para a caixa. – Acho que perdi a noção do tempo.

– Perdeu mesmo, ainda é de madrugada. He He. – ele sorriu, mostrando os dentes brancos como pérolas. Ele tinha um rosto grande, levemente barbudo, sobrancelhas grossas e cabelo crespo curtinho, que davam a ele uma cara de macho safado.

– Verdade. – concordei, olhando para o relógio na parede, logo acima dele. – 04:00 horas da manhã... Espera, você passou para o turno da noite?

– Sim, mudaram meu turno segunda–feira. – ele deu de ombro. O outro porteiro pegou COVID.

– Que chato.

– O que tem na caixa que fez você ficar a noite toda organizando ela?

– Roupas, para os moradores de rua que ficam ali na calçada, do outro lado da rua.

– Bem, acho que eles ficaram muito felizes, principalmente agora que o frio está chegando.

– Verdade.

– Quando eu trabalhava no turno d manhã, sempre levava café e almoço pra eles.

– Muito bonito da sua parte.

Ele sorriu pra mim.

– Você vai lá agora?

– Vou...

– É que... Alguns moradores arrumaram abrigo. Acho que só tem um negão magro ali.

– Sério?

– Sim. Ele até pegou o papelão dos outros e fez um tipo da casinha de papelão improvisada.

Dark Chocolate: Sendo Voyeur do Morador De RuaOnde histórias criam vida. Descubra agora