Capítulo 7

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- Já descobrimos que é capaz de correr mais rápido que Pietro, agora podemos treinar sua telepatia e telecinese - Charles diz com uma garota que aparentemente tem a minha idade e é ruiva do lado dele - Emma, essa é Jean Grey. Jean, essa é Emma Stark. Jean é uma telepata como você, Emma. Também compartilham o poder de telecinese. E assim como você ela tem um grande poder que é principalmente intensificado através de emoções.

Sabia que tinha uma telepata por aqui. Não só por Charles ter mencionado isso antes, mas eu conseguia sentir. Como sinto a presença da Wanda e de Charles.

- Jean vai ajudá-la no seu treinamento.

- Fico feliz em finalmente conhecê-la, Emma. Ouvi e vi uma notícia sobre você. Também já tive essa dificuldade em me controlar, podemos aprender uma com a outra.

- Espero que sim.

Após algum treinamento, aprendo a ter mais controle na telepatia e telecinese, já não fica tão difícil quanto era.

- Quer tirar um dia de folga? Você tem treinado sem parar nos últimos dias.

- Não, Charles. Não vou parar até ter certeza de que consigo me controlar perfeitamente.

- Admiro essa ambição, mas descanso é bom também. Sua mente e seu corpo precisam de descanso pra funcionar melhor.

Eu sei que ele tá certo. Mas eu não posso deixar aquilo acontecer de novo.
Claro. Aquilo. Tive pesadelos com aquilo por anos.
Eu tinha 14 anos. Um tempo após Nevasca começar a se manifestar em mim.
Foi no dia do aniversário do meu pai naquele ano. Eu tinha brigado com ele por um motivo bobo que eu nem lembro mais e fui pra escola meio mal.
Na escola, vi um garoto - aparentemente mais velho do que eu - incomodando outro garoto - aparentemente da minha idade. Ele sempre fazia isso. Sempre. Passei um tempo tentando não me envolver, pra não machucar ninguém.
Meus pais sempre me falavam pra evitar situações de muito estresse ao máximo, já que tristeza e medo muitas vezes era inevitável. Então por não saber exatamente do que ela era capaz, eu fazia isso.
Algumas vezes era difícil. Por ser rica e filha de um gênio milionário, algumas pessoas me julgavam como arrogante e metida - quando eu era só uma adolescente tentando sobreviver ao colégio - e é claro, não machucar ninguém.
Todos os dias eram muitas vozes. Não minhas, mas justamente das outras pessoas. Era enlouquecedor.
Até que teve esse dia - quando aquilo aconteceu.
Eu mal me lembro do que realmente aconteceu nesse dia. Não por mim. Todas as vezes que tentei lembrar do meu ponto de vista era só alguns flash's. Estava especialmente barulhento naquele dia - não, naquela semana. Muitas coisas acontecendo no mundo. Foi uma década de mudanças.
Além de muitas conversas, eram muitos pensamentos. Então eu lidava com o dobro de barulho. Lembro que meu pai tentou desenvolver alguma tecnologia pra me ajudar com isso - um abafador de atividade mental era como ele chamava, pra ajudar a controlar ou diminuir esse barulho de tantos pensamentos juntos.

Eu fiquei revoltada por ver alguém tão indefeso ser perturbado e humilhado daquela forma. No meio da escola.
O mais velho pegou a mochila do garotinho indefeso e jogou seus materiais no chão. Fez o mesmo com o óculos do garoto. Quando ele se abaixou para pegar, ele o chutou. E o mais novo ficou sem ar. Eu pude sentir. Sentir a dor e vergonha dele naquele momento.
Eu fiquei com tanto ódio por não poder fazer nada.
Até que fiz.
Fui em direção ao mais velho e empurrei ele. Briguei com ele dizendo pra deixar o garoto em paz.
"Olha só, a Stark veio defender o namorado. Vai chamar os Vingadores?"
Lembro do nojo que senti nesse momento.
"Em pleno 2017 e você fazendo bullying com um garoto que usa óculos, isso é tão coisa de filme clichê, sem contar no quão brega é. Tô constrangida por você." - Brega foi esse diálogo, mas qual é, era 2017. Adolescentes falavam assim.
Lidar com sarcasmo foi a melhor forma que eu vi pra fazer isso. Se fosse de outra forma, um nariz quebrado seria a menor preocupação do garoto.
Até que aconteceu. Todos a nossa volta riram dele e ele ficou com muita raiva. Tanta que agiu por impulso e veio pra cima de mim.
Me empurrou e eu caí no chão.
Depois disso eu apaguei.
Não por ter desmaiado ou algo assim, mas por perder a consciência.
Foi como se tudo ficasse preto e num piscar de olhos, o garoto estava no chão. Sangrando. Com o nariz e o braço quebrados.
Só sei o que aconteceu com detalhes porque além da escola ter câmeras de segurança - que fizeram questão de mostrar pros meus pais depois do ocorrido - alunos viram e filmaram o que aconteceu. Foi assunto da escola por semanas. Minha melhor amiga da escola - que estava do meu lado quando tudo aconteceu - insistiu que eu acessasse a mente dela e visse por conta própria o que aconteceu.
Depois que eu caí no chão e apaguei, foi que começou.
Meus olhos mudando de cor e meu cabelo indo do loiro pro branco em segundos.
O mais velho se assustou mas não foi o suficiente. Nevasca deu uma surra no garoto. Quando ele achou que estava me vendo com uma mudança sutil, veio pra cima de mim me empurrar de novo, dizendo que meu truque de mudar a cor do cabelo não assustava ele.
No momento em que ele levantou os braços na nossa direção, Nevasca agarrou o braço esquerdo do garoto e o quebrou. Sem piscar. Depois disso, todos a nossa volta ficaram assustados e gritaram, enquanto ela só continuou chutando e fazendo o garoto escorregar no chão congelado só por diversão. Quando ele ficou cansado disso mesmo com o braço quebrado e tentou se levantar, ficando de pé nos encarando nos olhos, Nevasca deu um soco no nariz dele, quebrando o mesmo.
Pouco depois disso acordei.
Mas não parou por aí.

「𝑨𝒔 𝒈𝒆𝒎𝒆𝒂𝒔 𝑺𝒕𝒂𝒓𝒌」Onde histórias criam vida. Descubra agora