TEMPORADA DE CAÇA

CAPÍTULO - 19

Após rápidas risadas, Nicolas levantou do chão e decidimos ignorar a ordem dele. Não iríamos ficar esperando por ele na Arca até que a energia voltasse, se é que voltaria.

- Venham com cuidado - o nosso guia sussurrava como se estivéssemos fugindo de um cativeiro, e não pudéssemos ser pegos.

- Não tem nada na nossa frente, além da porta - Letícia alegou, com um tom impaciente.

Nicolas ouviu a crítica dela e em questão de dois segundos, suas mãos foram de encontro a folha da abertura à procura da maçaneta. Achando ela, girou-a.
A luz do sol invadiu o espaço e pude ver a estufa intacta, tudo parecia normal, o grupo continuava cuidando dos alimentos. O volume na vitrola estava mais alto e dessa vez uma outra música tocava.

Saímos em disparada para fora da Arca, nos livrando da escuridão que estava habitando lá.

- Tudo normal por aqui? Nenhum problema na energia ? - Nicolas perguntou e sem esperar resposta, saiu andando em direção a caixa de força da estufa.

Todos os olhares o fitaram.

- As luzes apagaram lá dentro - Erik apontou com o dedão para trás, enquanto pegava uma fruta de uma cesta que não identifiquei qual era. A maioria dos que estavam presentes pareciam confusos com aquelas declarações.

- Nada de anormal por aqui - Antônia levantou da área em que estava e limpou o suó que escorria de sua testa -, deve ter sido mais um fio estragado ou...

- Também não estão funcionando - Nicolas olhou fundo para a região onde eu estava, ligando e desligando os interruptores da chave de força. Olhei para a parede que estava em minhas costas e notei que haviam duas lâmpadas penduradas, cada uma em um lado da porta que levava para a Arca -, Droga !! Droga !! - ele bateu com força na parede.

Nicolas carregava uma preocupação um tanto preocupante, era como se a falta de energia fosse o fim do mundo e todos os olhares que se encontravam procurando por uma explicação para aquilo tudo, não paravam de marcar presença.

- Fechem o teto, não sabemos o que aconteceu - ele saiu de perto da caixa de força e passou a subir a escadas que levava para fora da estufa.

- Calma, foi só uma queda de energia - Antônia tranquilizou, desligando a vitrola em meio a pseudo-discussão que se seguia.

- Fechem !!! AGORA !! - Nicolas falou um pouco alterado. Ele abriu a porta principal e saiu através dela seguindo pelo corredor onde tínhamos encontrados as garotinhas fora da aula.

Um silêncio momentâneo dominou o recinto e mais uma vez, me senti emcomodado em estar com rostos estranhos.

- " Queda de energia, ohh ", " Eu irei ter um curto-circuito " - Izac, o adolescente de cabelos longos se ergueu de sua área de trabalho e passou a fazer gestos de como estivesse a beira da morte. Alguns risos se propagaram pelo espaço.

- Vocês ouviram ele, vamos fechar o teto - Lucas declarou, caminhando através da ponte ao centro do galpão.

- Me admira você, seguir ordens do Nicolas - William, um homem de pequenos dreads marrons, saiu de perto de uma composteira, subiu as escadas manuais em direção a plataforma de encontro a Lucas.

- Me dá um tempo Tá ? tô tentando não levar sermões da Luiza, e vocês.... - ele colocou as duas mãos sobre o corrimão metálico e olhou para as outras onze pessoas que estavam embaixo - deviam fazer o mesmo.

- O mundo já não é mais o mesmo - William retrucou e bateu de leve no ombro direito de Lucas.

Em seguida, cada um dos dois começa a puxar uma corrente que se estendia de onde estavam, até a parte mais distante do teto. Puxando aos poucos, uma cobertura escura semelhante à plástico, passa a seguir na direção deles. Alguns segundos de força e o plástico cobre toda a extensão das janelas de vidro. O teto emfim estava fechado e a visão disso tudo era semelhante a quando uma grande nuvem de chuva passa em frente ao sol.