Longe da cidade, em uma casinha pequena próxima da floresta morava Leo. Passava boa parte do dia fora, parando em casa apenas para dormir e acordar cedo para mais um dia de trabalho. Sua família vivia em outro país, quando mais jovem decidiu sair de casa e viver sua vida por si só, e assim o fez. Uma casa pequena e aconchegante, adorava chegar, jantar no sofá e, se houvesse tempo, via mais um capítulo da novela ou iria saber um pouco sobre as novidades no mundo da moda. Na maioria das vezes tomava um banho e se jogava na cama, mas antes, fazia questão de olhar pela janela e observá-la. Lá em cima, rodeada de estrelas, estava a obra de arte mais linda que podia ver. Brilhava mais que qualquer poste que iluminava a avenida perto de sua residência, era mais bela que qualquer atriz de novela, roubava sua atenção de uma forma inexplicável.
A admirava, até conversavam! Alguns poderiam chamá-lo de louco, pois afirmaria que ela o compreendesse. Diriam que o rapaz estaria apaixonado por um astro seria asneira, mas o coração não mente. Havia sentido uma vez, uma única vez. Seu peito doeu de uma forma inexplicável que o fez prometer a si mesmo que nunca amaria alguém novamente. No entanto, as coisas agora são diferentes. O coitado se pôs a pensar como podia ter esses sentimentos por algo que nem se quer é vivo, que possa ao menos tocar. Observá-la não era o suficiente, ele queria mais. De qualquer forma, ele a apreciava, e nada o impedia disso, fazia questão de prosear todas as noites. Principalmente em seus dias ruins, assim, ela seria o motivo para lhe fazer soltar um riso.
Após um tempo, o garoto chegou e o dia tinha sido tão corrido que nem suas roupas trocou. Se jogou na cama e lá mesmo ficou. Deitado de mal jeito e em pouco tempo adormeceu como uma pedra. No meio da madrugada despertou após ouvir um estrondo. Desnorteado, se levantou. Olhou pela casa e nada fora do normal, foi mais afora, vendo algo dentro da floresta. Curioso logo foi até lá, perto de umas árvores viu algo inesperado. Parecia deitada entre duas árvores, sua bela amada, bem a sua frente. Logo de cara se espantou e se pôs a perguntar como ela tinha chegado ali? Como? Não sabia... Com medo e êxito, se aproximou calmamente. Subiu os galhos e por incrível que pareça tinha algo ali, ou melhor, alguém.
Uma garota, sua pele como porcelana, branca e delicada, tão bela. Leo segurou as bochechas da moça adormecida com cautela, tinha medo de quebrar em suas mãos. Logo seus olhos se abriram, eram amarelos como as milhares de estrelas no céu, se admirou quando a viu sorrir.
- Olá Leo, como foi seu dia? - a pequena disse, olhando para o moço a sua frente.
Sem saber o que fazer apenas respondeu:
- Exaustivo... - foi automático, parecia familiarizado com a moça em seus braços, mas nunca havia a visto antes. E não vamos esquecer o fato de ela ter vindo da lua. - A jovem sorriu e se levantou, logo abraçou o rapaz.
- Estou aqui, meu amado. Aqui como tanto queria, como tanto sonhava. - disse no ouvido do garoto, sua voz suave o fez sentir coisas inexploradas.
Borboletas surgiram em sua barriga e arrepios percorreram seu corpo, e logo após, uma sensação de calmaria o invadiu. Sem medo retribuiu, parecia tão necessitado de tal ato que sem perceber seus olhos acumularam algumas gotas. Torcia para que não fosse um sonho ou até mesmo uma brincadeira de sua cabeça. E, mesmo que fosse, preferia ficar ali.
- Você não falou comigo hoje, então tive que vir saber pessoalmente. - Continuou, fazendo carinho nos fios negros do cabelo do homem que a abraçava com firmeza. Parecia uma criança quando ganhava um presente, de certo ponto até era.
Ficaram alguns minutos ali, sentindo o calor um do outro enquanto trocavam alguns carinhos. Quando se recuperou, Leo fez questão de convidá-la para passarem mais tempo juntos, mas a garota não podia sair dali. Se pôs a pensar no que poderia fazer... Teve uma ideia! Desceu da árvore apressado e correu até em casa, fez uma cesta de comida e voltou.
- O que é isto? - perguntou curiosa vendo o rapaz e a cesta que segurava consigo. Ele sorriu e se sentou, tirando algumas coisas e colocando em seu colo.
- Um piquenique! Queria mostrar algumas coisas, mas já que você não pode sair daqui, bem... eu trouxe para você!
Um largo sorriso se formou no rosto da menina, que logo se ajeitou e ficou de frente para o mesmo. Leo havia levado algumas comidas que gostava, frutas e um pouco de chá gelado que tinha comprado alguns dias antes e na geladeira deixou. Curiosa, comeu um pouco de tudo. Saboreou cada gosto diferente, azedo, amargo, crocante ou mole. Nunca provou daquelas coisas antes, o pouco que sabia era o que o garoto contava em seus relatos. Desta vez, tivera a oportunidade de saber como era, nem que seja um pouco, do mundo onde estava.
- Sabe ler? - perguntou e a moça negou. Mesmo entretida com uns morangos em sua boca, olhou as mãos do rapaz.
- Trouxe esse livro para lermos juntos, posso ler pra você?
A garota concordou, os dois se deitaram, abraçados. Leo os cobriu com uma coberta que trouxe, começou a contar a história enquanto a moça o escutava com atenção. Olhava mais pro rapaz do que para o livro, seus olhos brilhantes deixavam isso claro. Ele percebia, mas tentava focar nas palavras que estava narrando.
A história terminou, quando olhou para a pequena a viu dormir em seu peito, o fazendo soltar um riso. Colocou o livro do lado e a abraçou com cuidado. Deu-lhe um beijo na testa e adormeceu ao seu lado.
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Branco como a luz da Lua
RomanceQuão longe é o amor? O livro conta a história de Leo e o seu amor incondicional por algo impossível, a Lua. Todas as noites observava a beldade de sua janela, na esperança de tê-la pra si. Mas claro, aquilo seria impossível. Além dos seus desejos in...