Enid

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— Está bem. – ela cedeu, fechando os olhos lentamente. – Eu não sei onde, não sei como e muito menos quando, mas você vai enfrentar um Hyde.

Seu leve tom de preocupada me alertou um pouco. Ela só se preocupava de verdade quando o assunto era sério.

— O que é um Hyde? – foi a única coisa que consegui dizer. Não fazia ideia do que era, mas sabia que era perigoso.

— Difícil de explicar, mas é perigoso. Preciso que você fique dentro da escola por um tempo até eu descobrir quem é esse Hyde.

— O quê? Tá falando que não posso ir pra Jericho com a Bianca e a Yoko?

— Sim.

— Boa tentativa, mas a diretora nunca vai acreditar em você.

Ela se surpreendeu com meu tom rude, mas minha raiva não diminuiu. Quem ela pensava que era pra proibir alguém de sair com as amigas?

— Enid, eu já falei com ela e ela concorda. É pro seu bem.

— Pro meu bem? Vou ter que ficar presa nessa escola de merda enquanto todos os outros vão poder sair e se divertir!

— Acha que vou te deixar sozinha aqui? É óbvio que vou ficar com você.

Tá legal, agora minha raiva diminuiu. Mas eu não disse nada.

— Acha que quero te prender, Enid? Eu não te odeio, só quero te ver segura. Você pode ser forte, mas o Hyde é mais.

— É, foi mal. Eu também não te odeio.

Ela deu um sorriso leve e se aproximou de mim, me dando um raro abraço. Me surpreendi tanto com o gesto que quase esqueci de retribuir.

— Na verdade, eu te amo.

Wandinha não respondeu, mas eu devia esperar por isso. Se virarmos namoradas, vou precisar de paciência pra esperar o processo de demonstração de sentimentos chegar ao fim, ou esperar que nem chegue.

Os dias seguintes se resumiram a pesquisas, investigações e diversas teorias de nós duas. Bem, mais pro lado da Wandinha, já que ela não deixou eu participar de muita coisa. Eu só pude pensar em quem poderia ser o Hyde.

Tá sendo meio cansativo pra ela, consigo sentir isso. Quando eu pedi ela em namoro, pude finalmente ver um sorriso gigante e sincero, quase esquecemos do Hyde naquele dia.

Mas ela tá tão concentrada na investigação que quase deu mais atenção a isso do que a mim.

— Amor, já chega. – eu disse duas semanas de investigação depois. – Não acha melhor deixar isso nas mãos da diretora? Você não pode ir na floresta sozinha.

— Poder eu posso, você que não deixa.

Ela estava sentada em frente à escrivaninha, analisando as fotos dos suspeitos. Eu a abracei por trás, tirando sua atenção da foto de Xavier.

— Agora não, Enid. Preciso me concentrar.

— Você já tá pensando nisso há horas. Ninguém foi atacado até agora.

— Mas pode ser a qualquer momento, tenho que descobrir quem é o Hyde antes disso acontecer.

— Tá, mas vamos fazer alguma coisa antes disso. Não te vejo escrevendo já tem dois dias.

— Não vem nada na minha cabeça além de morte, caos e ataques de Hyde. Ainda não cheguei no clímax pra botar isso em ação.

— Então... vamos assistir um filme?

Ela largou as fotos e se virou pra mim e eu me afastei.

— Enid, não posso deixar aquilo te atacar. Sei que há chances mínimas de mudar minha visão, mas se soubermos quem é o Hyde vai ser menos pior.

— Eu sou forte, há vantagens em ser uma mulher-loba. Consigo me virar sozinha.

— Pode até ser, mas precisamos investigar.

— Posso ajudar? Podemos ir pra floresta ver se ele já está...

Antes que eu pudesse continuar, a diretora entrou no quarto desesperada.

O sol e a Lua - Wenclair CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora