Gavi podia dizer facilmente que tinha a energia de cinco crianças pequenas e em fase de crescimento dentro dele naquele momento, com o jogo em 5x0 e um gol seu em plena Copa do Mundo, o jovem jogador sentiu que poderia morrer naquele momento e seria uma morte feliz.
Não que ele quisesse morrer, muito pelo contrário. Ele sabia que era a adrenalina, mas naquele momento sentia que a Espanha podia vencer qualquer adversário que viesse pela frente.
O jogo seguia, sua seleção era dominantes, eles trocavam passes e não deixavam os costariquenhos sequer tocarem na redonda. A partida já estava ganha depois dos 5 gols, mas eles não podiam parar, estavam no mesmo grupo da Alemanha e de um Japão surpreendentemente forte, qualquer saldo de gols seria extremamente positivo.
E por isso ele continuou comemorando quando Soler abriu pra 6.
Quando o auxiliar levantou a placa com os 8 minutos de acréscimo, foi quando Gavi sentiu a exaustão pesar ainda mais sobre ele, forçando os ombros pra baixo, como se não puxasse ar o suficiente. Não estava acostumado a jogar 90 minutos, no Barcelona Xavier o tirava no segundo tempo, mas ali, Luis Enrique o julgou capaz de continuar.
O pulmão e as panturrilhas ardiam mas ele se obrigou a continuar correndo. Viu Asensio sair pra Morata entrar e trocou um toque com o mais velho, estava acabando, Luis Enrique não confiava em Morata.
Mas o camisa 7 conseguiu deixar sua marca, o sétimo gol era de sua autoria, pra fechar o maior saldo de gols até então.
Quando o apito final soou, Gavi simplesmente desabou no gramado, o ar passava rasgando a garganta, mas a euforia ainda preenchia seu corpo, eles tinham ganhado, tinham ganhado na estreia.
- Gavi? - Pedri chamou preocupado
- Tá tudo bem - ela riu entre as respirações ofegantes - A GENTE GANHOU!!
- A GENTE GANHOU - Gonzalez estendeu a mão pra ajudar o amigo a levantar - E você fez gol! Player of the Match!
- O que?! Já anunciaram?
- Sim, e é você, hermano!
- Uau - Gavi respirou fundo mais uma vez - Foi mal, jogar jogo inteiro é exaustivo demais
- Eu sei - Pedri riu e tentou ajudar o amigo, sabia que Gavi não tinha o mesmo pulmão que ele - Vamos lá, eu te acompanho até receber o troféu
- Eu vou ganhar um troféu, Uau - a mente de Gavi estava anestesiada pela vitória ainda, a adrenalina correndo pura em suas veias
O sorriso nao saia do rosto do mais novo enquanto ele limpava o suor e tentava arrumar o cabelo com as mãos trêmulas, caminhando até o stand da Budweiser pra pegar o troféu.
- Boa noite, Gavi - uma mulher bonita alta e loira olhou pra ele, ela tinha lábios vermelhos iguais ao vestido, que igualava a lata da cerveja - Meus parabéns, você foi o jogador da partida. Além de jogador mais jovem a marcar em copas desde o Pelé.
- Gracias - ele falou no automático e pegou o troféu vermelho das mãos dela, sorrindo pra câmera que havia ali
- Vá pro terceiro stand por favor, tem algumas entrevistas
- Certo - ele murmurou, indo até o local indicado
E no local havia um jornalista espanhol, Gavi sentiu seus ombros relaxando absurdamente, não precisaria forçar o inglês cheio de sotaque e que ninguém o entendia.
- Boa noite, Gavi - o jornalista sorriu ao ver o jovem se aproximar - Podemos perguntar sobre o jogo?
- Claro.
26 homens completamente eufóricos numa sala de jogos de hotel, revezando entre as mesas de sinuca, totó, hóquei de mesa e por fim o console de vídeo game.
Unai, Sérgio, Marco e Jordi disputava uma partida de sinuca, Álvaro e Laporte dividiam o totó, Dani e Rodri estavam no hóquei. Gavi esperava a partida entre Pedri e Ferran acabar pra ser o próximo no Mortal Kombat.
Já havia se passando uma hora e Kai desde o final do jogo e Pablo ainda sentia o coração acelerado, sua cabeça latejava de dor, mas sua atenção estava nos dedos de Pedri enquanto seu personagem dava um fatality no de Ferran.
- Toma - Torres colocou o controle contra o peito de Gavi, que imediatamente se sentou no sofá e escolheu seu personagem
- Você ainda tá agitado - Pedri o conhecia melhor que ninguém
- Adrenalina, nada demais - ele deu de ombros
- Já deveria estar baixando - o mais velho franziu a testa
- Fala menos e joga mais, ou entregue o jogo
- Cala a boca - aquilo pareceu o suficiente pra distrair o González
Gavi precisava de uma mentira melhor.
Três horas depois do fim do jogo, todos da Seleção Espanhola já tinham sido vencidos pela exaustão, a maioria já tinha voltado prós quartos buscando enfim a noite de sono.
Mas ele ainda estava lá. Desperto.
Quando o olhar já cansado de Pedri encontrou o dele, não tinha muito pra onde fugir. Estava virando uma crise e se ele não controlasse os batimentos, ia acabar desmaiando.
Ele tinha aquele probleminha, desde o Barça, desde a La Masia, sua adrenalina não abaixava tão fácil, ele demorava mais que o normal pra conseguir descansar, e era por isso que ele não jogava nenhum jogo todo.
Até agora.
- Eu vou no banheiro Rapidão - ele tentou desconversar e saiu da sala de jogos num pulo
Talvez ar livre ajudasse, o ar ali no Catar era meio quente, mas já era noite então serviria.
Ele saiu e se apoiou na parede do lado fora, inflando os pulmões pra se acalmar e fechando os olhos pra sentir realmente.
Foi quando escutou uma voz em uma língua que lembrava a dele, algumas palavras ele compreendia.
Abrindo os olhos, Gavi viu uma garota, devia ter a idade dele, seus cabelos eram multicoloridos, começando no azul e descendo como um por do sol até o laranja. Ela parecia estar explodindo de felicidade enquanto mostrava o hotel pro celular, alguma influencer ele imaginou.
Mas a felicidade dela era tão pura, nada parecia aborrecer aquela garota. E ele gostava daquilo, gostava do tom animado e dos pulinhos.
Ela com certeza queria saber por que ela estava tão feliz.
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Mi Loco Atardecer - Pablo Gavi
FanfictionUma história de amor em 16 dias Ana Liz Ferraz sempre ouviu que tinha alguns parafusos a menos, e depois da última loucura, ela realmente acreditava. A estudante de jornalismo estava vivendo em função da Copa do Mundo, narrando os jogos em seu twitt...