Capítulo Dos - 01:00 PM

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Gavi podia dizer facilmente que tinha a energia de cinco crianças pequenas e em fase de crescimento dentro dele naquele momento, com o jogo em 5x0 e um gol seu em plena Copa do Mundo, o jovem jogador sentiu que poderia morrer naquele momento e seria uma morte feliz.

Não que ele quisesse morrer, muito pelo contrário. Ele sabia que era a adrenalina, mas naquele momento sentia que a Espanha podia vencer qualquer adversário que viesse pela frente.

O jogo seguia, sua seleção era dominantes, eles trocavam passes e não deixavam os costariquenhos sequer tocarem na redonda. A partida já estava ganha depois dos 5 gols, mas eles não podiam parar, estavam no mesmo grupo da Alemanha e de um Japão surpreendentemente forte, qualquer saldo de gols seria extremamente positivo.

E por isso ele continuou comemorando quando Soler abriu pra 6.

Quando o auxiliar levantou a placa com os 8 minutos de acréscimo, foi quando Gavi sentiu a exaustão pesar ainda mais sobre ele, forçando os ombros pra baixo, como se não puxasse ar o suficiente. Não estava acostumado a jogar 90 minutos, no Barcelona Xavier o tirava no segundo tempo, mas ali, Luis Enrique o julgou capaz de continuar.

O pulmão e as panturrilhas ardiam mas ele se obrigou a continuar correndo. Viu Asensio sair pra Morata entrar e trocou um toque com o mais velho, estava acabando, Luis Enrique não confiava em Morata.

Mas o camisa 7 conseguiu deixar sua marca, o sétimo gol era de sua autoria, pra fechar o maior saldo de gols até então.

Quando o apito final soou, Gavi simplesmente desabou no gramado, o ar passava rasgando a garganta, mas a euforia ainda preenchia seu corpo, eles tinham ganhado, tinham ganhado na estreia.

- Gavi? - Pedri chamou preocupado 

- Tá tudo bem - ela riu entre as respirações ofegantes - A GENTE GANHOU!!

- A GENTE GANHOU - Gonzalez estendeu a mão pra ajudar o amigo a levantar - E você fez gol! Player of the Match!

- O que?! Já anunciaram?

- Sim, e é você, hermano!

- Uau - Gavi respirou fundo mais uma vez - Foi mal, jogar jogo inteiro é exaustivo demais 

- Eu sei - Pedri riu e tentou ajudar o amigo, sabia que Gavi não tinha o mesmo pulmão que ele - Vamos lá, eu te acompanho até receber o troféu

- Eu vou ganhar um troféu, Uau - a mente de Gavi estava anestesiada pela vitória ainda, a adrenalina correndo pura em suas veias

O sorriso nao saia do rosto do mais novo enquanto ele limpava o suor e tentava arrumar o cabelo com as mãos trêmulas, caminhando até o stand da Budweiser pra pegar o troféu.

- Boa noite, Gavi - uma mulher bonita alta e loira olhou pra ele, ela tinha lábios vermelhos iguais ao vestido, que igualava a lata da cerveja - Meus parabéns, você foi o jogador da partida. Além de jogador mais jovem a marcar em copas desde o Pelé.

- Gracias - ele falou no automático e pegou o troféu vermelho das mãos dela, sorrindo pra câmera que havia ali

- Vá pro terceiro stand por favor, tem algumas entrevistas

- Certo - ele murmurou, indo até o local indicado

E no local havia um jornalista espanhol, Gavi sentiu seus ombros relaxando absurdamente, não precisaria forçar o inglês cheio de sotaque e que ninguém o entendia.

- Boa noite, Gavi - o jornalista sorriu ao ver o jovem se aproximar - Podemos perguntar sobre o jogo?

- Claro.

26 homens completamente eufóricos numa sala de jogos de hotel, revezando entre as mesas de sinuca, totó, hóquei de mesa e por fim o console de vídeo game

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26 homens completamente eufóricos numa sala de jogos de hotel, revezando entre as mesas de sinuca, totó, hóquei de mesa e por fim o console de vídeo game.

Unai, Sérgio, Marco e Jordi disputava uma partida de sinuca, Álvaro e Laporte dividiam o totó, Dani e Rodri estavam no hóquei. Gavi esperava a partida entre Pedri e Ferran acabar pra ser o próximo no Mortal Kombat.

Já havia se passando uma hora e Kai desde o final do jogo e Pablo ainda sentia o coração acelerado, sua cabeça latejava de dor, mas sua atenção estava nos dedos de Pedri enquanto seu personagem dava um fatality no de Ferran.

- Toma - Torres colocou o controle contra o peito de Gavi, que imediatamente se sentou no sofá e escolheu seu personagem

- Você ainda tá agitado - Pedri o conhecia melhor que ninguém 

- Adrenalina, nada demais - ele deu de ombros 

- Já deveria estar baixando - o mais velho franziu a testa

- Fala menos e joga mais, ou entregue o jogo

- Cala a boca - aquilo pareceu o suficiente pra distrair o González

- Cala a boca - aquilo pareceu o suficiente pra distrair o González

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Gavi precisava de uma mentira melhor. 

Três horas depois do fim do jogo, todos da Seleção Espanhola já tinham sido vencidos pela exaustão, a maioria já tinha voltado prós quartos buscando enfim a noite de sono. 

Mas ele ainda estava lá. Desperto.

Quando o olhar já cansado de Pedri encontrou o dele, não tinha muito pra onde fugir. Estava virando uma crise e se ele não controlasse os batimentos, ia acabar desmaiando.

Ele tinha aquele probleminha, desde o Barça, desde a La Masia, sua adrenalina não abaixava tão fácil, ele demorava mais que o normal pra conseguir descansar, e era por isso que ele não jogava nenhum jogo todo.

Até agora.

- Eu vou no banheiro Rapidão - ele tentou desconversar e saiu da sala de jogos num pulo

Talvez ar livre ajudasse, o ar ali no Catar era meio quente, mas já era noite então serviria.

Ele saiu e se apoiou na parede do lado fora, inflando os pulmões pra se acalmar e fechando os olhos pra sentir realmente.

Foi quando escutou uma voz em uma língua que lembrava a dele, algumas palavras ele compreendia.

Abrindo os olhos, Gavi viu uma garota, devia ter a idade dele, seus cabelos eram multicoloridos, começando no azul e descendo como um por do sol até o laranja. Ela parecia estar explodindo de felicidade enquanto mostrava o hotel pro celular, alguma influencer ele imaginou.

Mas a felicidade dela era tão pura, nada parecia aborrecer aquela garota. E ele gostava daquilo, gostava do tom animado e dos pulinhos.

Ela com certeza queria saber por que ela estava tão feliz.

Mi Loco Atardecer - Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora