Th
Na moral, tô caindo de sono! Posso nem dormir porque toda hora chega um parente diferente, gente que eu nem conheço, mas tenho que tá aqui pra receber eles.
Do nada descobri que tenho um irmão de oito anos e que durante esse tempo todo meu pai namorou mais que eu. Velório tá rendendo demais.
Olhei Daniele perto do caixão e fui logo chegando nela. Vi nem a hora que ela chegou e ninguém me avisou.
Th: Tá fazendo o quê aqui? Tu num é bem vinda. - saí levando ela pra área de lazer onde não tinha ninguém.
Daniele: Não sou bem vinda por quê? Olha, Arthur, independentemente de qualquer coisa eu perdi um irmão e quero me despedir dele.
Th: Te despedir? - sorri sem ânimo. - Ele não não queria despedida, queria companhia. E o que tu fez? Foi embora seguir tua vida como se ele não fosse nada nem ninguém.
Daniele: Ok, senhor certinho! Filho exemplar! - debochou. - tu é a última pessoa que deve cobrar alguém por ter deixado ele sozinho aqui. Eu sei porquê meu irmão se matou. Tá, eu fui embora e não dei mais nenhuma notícia, mas eu tive os meus motivos! E tu? O que tu fez pra ele não chegar a esse ponto?
Th: Dino não era nenhum santo, então se eu não tava aqui com ele também tenho meus motivo.
Daniele: Não venha jogar tuas frustrações em cima de mim porque eu não desejei a morte dele. Eu deixei ele sozinho, tu também, cada um vai sentir o peso na consciência sem ninguém precisar lembrar isso.
Th: Terminou? - perguntei sem olhar pra ela.
Daniele: Sim. - deu as costas, saindo, mas parou na porta e olhou pra mim. - ah, e quero só te lembrar que não precisa te preocupar, minha profissão é da favela pra fora, aqui eu sou apenas irmã dele.
Olhei ela voltar pra sala e fiquei ali olhando pro nada. Depois dessa o que tenho a fazer é esperar amanhecer.
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A Libertina
Random"Observei o amor da minha vida partir e senti um vazio no peito, passei a mão sobre seu rosto pálido e uma lágrima escorreu, pedi pra ela ficar comigo, mas foi em vão..."