sem revisão. feliz ano novo atrasado!
I.
Haviam duas coisas no Mundo que deixavam Kim Jiyeon estressada - quase ao ponto de explodir com as menores das coisas. A primeira seria quando sua agenda ficava alojada de horários sem pausa, a segunda era quando uma tempestade se instalava e chovia tão agressivamente do lado de fora que a única coisa possível de se ouvir eram altos ruídos. O pacote perfeito era quando essas duas situações se combinavam em um único dia.
Jiyeon sentia que era como um teste, para saber se ela gritaria no próximo erro do seu gerente ou se ela iria se jogar no chão e começar a chorar de cansaço. A chuva barulhenta do lado de fora do estúdio não ajudava em nada, só fazia seu peito se apertar a cada erro patético que cometia.
Com um suspiro, Jiyeon pede licença aos gerentes e inventa uma desculpa para ir usar o banheiro rapidamente. Retirando o celular do bolso do casaco que usava para a cena, Jiyeon clicou na mensagem do seu primeiro contato e se sentou no azulejo do chão, ignorando como aquela simples ação poderia danificar sua roupa ou desencadear algum gerente a xingando até altas horas.
Você está ocupada?
Enviando a mensagem, Jiyeon jogou a cabeça para trás, olhando para o teto como se pudesse encontrar todas as respostas necessárias ali. Um estrondo alto rugiu do lado de fora, pela janela ela pôde ver a iluminação rápida de algum raio que caiu por perto, seu corpo treme assim como o prédio pareceu tremer, suas estruturas parecendo frágeis somente pelo alto som vindo do céu.
Dyeongie : Oi. Não, para você em nenhum momento.
Dyeongie : Algum problema?
Jiyeon sente um pouco da pressão em seu peito se afrouxar com a garantia da mulher, sentindo o ar vindo e indo com mais facilidade, a atriz resolve ligar.
Não é uma surpresa Yeonjung atender em meio toque depois.
— Ei. — Sua voz irrompe o silêncio do banheiro, e pela primeira vez na noite, Jiyeon percebe quão trêmula estava soando. Um misto de exaustão, pressão e um pouco de medo pelos barulhos que assombravam-a a cada aparição.
— Oi. — Yeonjung soa calma, uma melodia nova em meio a tanto caos no seu dia já muito conturbado. Jiyeon relaxa com a voz da outra. — Como você está? Ainda nas filmagens?
— Sim, bem, não muito bem. — Com quase uma década estando e ocupando o mesmo grupo, Jiyeon sabia que era um caminho perigoso mentir para a mulher mais nova. Yeonjung podia ler cuidadosamente todas suas amigas mais próximas, principalmente a atriz. Jiyeon era uma carta aberta para Yeonjung naquele ponto em questão, mesmo tão longe uma da outra. — Acho que é um acúmulo de coisas. Estou cansada. Só quero voltar para o dormitório e dormir mas- Tenho filmagens até às duas.
— Deus, duas horas da manhã? — Yeonjung bufa do outro lado, a estática da ligação chia um pouco, Jiyeon consegue ouvir a mais jovem se remexendo entre os cobertores e se questiona quão confortável seria se deitar na cama e fechar os olhos, talvez empurrando os pés contra as canelas de Yeonjung para pertuba-la com seus dedos, a visualização aquece seu peito. — Mesmo com essa chuva torrencial?
— Estamos gravando na parte de dentro, cenário pré montado. — Jiyeon se ajeita no chão, deixando sua cabeça se apoiar no joelho, empurrando um pouco mais firmemente o celular no ouvido, não querendo deixar escapar nenhum comentário de Yeonjung. — Eu provavelmente deveria estar voltando agora mas...
