Fora de Alcance - Livro II [DEGUSTAÇÃO - EM BREVE NA AMAZON]

QUATRO

Gros-Caillou, Paris. Sexta-feira, 19:00h

Merda!

Com tanto assunto para eles conversarem, a dupla dinâmica tinha que perguntar justamente sobre isso.

— Com licença — falei com um meio sorriso sem graça e a passos rápidos sai caçando meu melhor amigo dentro desse maldito labirinto.

Axel estava puto.

Não, ele não estava só puto, ele era um poço de raiva, ansiedade e ciúmes. O conhecia há tempo suficiente para saber exatamente o que se passava na cabeça dele.

Para quem não conhecia Axel Scott há muito tempo como Summer, ou acabou de conhecê-lo como a dupla de pai e filho, não notou seu meio sorriso forçado, a mandíbula trincada, o virar sutil de cabeça a cada vez que Arthur falava alguma coisa para Summer. Fora os punhos cerrados se segurando para não fazer besteira.

A beira de um colapso.

Mas também não o julgava, o jeito que o garoto falava familiarizado com Summer, o toque dele no ombro dela, o sorriso que ela dava, retribuindo a conversa sobre as memórias de ambos desde a infância, me deixaria louca também.

Inclusive acho admirável seu autocontrole.

Ele sempre teve um domínio emocional invejável em relação ao seu trabalho. Matar pessoas fazia parte da sua paz de espírito, fazia parte de quem Axel Scott era e sempre seria.

Quando se tratava de algo que era dele, — como eu sabia que era assim que ele se sentia em relação a Summer — a conversa era diferente.

Meu amigo sempre foi possessivo e superprotetor. E, depois do que aconteceu conosco há 5 anos, esses instintos só pioraram.

Para se dizer o mínimo.

Após quase me perder umas cinco vezes dentro dessa casa ridiculamente grande, em uma das enormes portas de vidro que levava para uma varanda com vista para a cidade, avistei a silhueta de Axel com os braços apoiados sobre a cerca de metal, com seu corpo inclinado para frente.

Assim que meus pés cruzaram a porta, senti a brisa leve bater em meu rosto.

Do lado de fora, podia ouvir carros se movimentando, buzinas, pessoas andando nas calçadas e conversando e até cachorros latindo.

— Vai explicar que merda aconteceu lá dentro? — Encostei a lateral do meu corpo na grade e cruzei os braços esperando a resposta dele.

— Agora não, Alisson! — Quase gritando, Axel apertou os punhos com ainda mais força, assim como sua mandíbula.

— Agora sim! — Dei um soco forte em seu ombro, depois o segurei com força e obriguei ele a se virar para ficar de frente comigo. — Olha pra mim, Axel! Tá querendo estragar tudo?