acidente.

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Any Gabrielly

Uma sexta feira chuvosa era com certeza o que eu precisava para relaxar, mas ao mesmo tempo, era tudo que eu precisava para enrolar na cama o máximo possível para não ir ao ensaio hoje. Depois de uma boa dose de café, e alguns bombons para acordar, eu consegui chegar na academia.

Ao botar os pés lá, percebi que Josh não estava lá, mesmo que várias bailarinas estivessem arrumando suas coisas e se alongando. Deixei minha bolsa no meu armário, e fui até uma barra que ficava colada ao espelho, começando a me alongar também. Ao meu lado, estava Sofya, extremamente concentrada em esticar sua perna até um nível que me deixou assustada.

— O Sr. Beauchamp não vem hoje?

— Quando cheguei, ele estava na sala, mas depois saiu e não voltou — Deu de ombros, agora trocando de perna e esticando mais ainda.

Me dei por satisfeita com aquela resposta, apesar de ficar intrigada. Talvez tenha ido resolver alguma coisa com o rádio, ou com as outras pessoas da academia, mas eu ainda me pegava pensando nele. Minutos depois dos meus alongamentos, vi o loiro de olhos azuis entrar por aquela porta, com os típicos cachos bagunçados no topo da cabeça. O que me fez franzir o cenho após ele entrar, foi que atrás um homem alto e aparentemente musculoso entrou atrás do coreógrafo. Tinha olhos azuis, não tinha barba em seu rosto e era extremamente branco. Na verdade, ele fazia lembrar Josh, mas apenas pelos traços comuns. Ele também tinha tatuagens no braço levemente coberto pela blusa branca.

— Senhores — Joshua disse alto, chamando atenção dos bailarinos presentes na sala — Venho apresentar para vocês: Wiley Mackay. Meu novo colega de trabalho. Ele irá me ajudar a ensaiar vocês, e espero que ele possa ajudar tanto a mim, quanto a vocês. Por favor, Wiley, se apresente.

— Bom dia a todos. Me chamo Wiley Mckay, como disse Joshua, e tenho 32 anos. Espero que eu possa ajudar vocês, e que possamos ter um bom desempenho juntos — Sorriu para nós, e todos cumprimentamos ele.

Depois de nos cumprimentarmos, fomos nos alongar devidamente. De todo o ensaio, os alongamentos com certeza eram a parte que mais me fazia ter arrependimento por estar ali por vontade própria, mas era só começarmos a dançar que eu já me sentia verdadeiramente viva. Me alongar só fazia parte daquele processo, o qual não era nada fácil. Josh passou por mim, e começou a ajudar outra bailarina, enquanto me encarava pelo espelho. Sorriu de canto quando percebeu que eu estava ficando afetada com aquele olhar, inclusive baixando minha perna sem querer. Uma mão grande e pesada a segurou com força, e a levantou mais ainda, fazendo-me quase dar um pulo de susto. Ainda seria difícil me acostumar que Wiley estaria ali, e que teria as mesmas funções que Josh.

Fiquei genuinamente feliz que Joshua estava seguindo meus conselhos, e levou a sério o que eu disse sobre estar se sobrecarregando muito. Ensaiar mais de trinta bailarinas sozinho não era normal, ou muito menos fácil, o que fazia com que ele tivesse olheiras profundas e sempre estava indisposto. Agora com o novo coreógrafo, ele estaria mais livre para terminar os ensaios antes do previsto, e descansar.

Meus dedos apertaram bem a barra de ferro colada ao espelho, enquanto Wiley não dava sequer sinais que iria abaixar minha perna. Pedi ajuda com o olhar para Josh, quando nossos olhares se cruzaram, mas ele apenas riu baixo e continuou a alongar outras meninas. Diferente de Joshua, o novo coreógrafo não conhecia muito bem meus limites, e estava passando de todos eles de maneira escrachada e que me fazia quase perder os sentidos pela dor que eu sentia. Olhei para trás e pedi silenciosamente para que Wiley me deixasse descansar um pouco, mas ele fez o contrário, e continuou a me alongar. Seus dedos estavam cravados em minha carne enquanto eu aguentava tudo aquilo silenciosamente.

O olhar do moreno estava em todo o meu corpo, é diferente de Josh nos primeiros dias, não era como um olhar preocupado em realmente me alongar. Tentei ignorar este fato, e depois que a sessão de alongamento se encerrou, pude finalmente descansar minha perna, que doía mais do que o comum.

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