Capítulo 1

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Não costumava a fumar, se fumava era moderadamente, uma vez por semana, as vezes por meses não tocava no maço de cigarro, mas aquela porra acalmava os nervos, e neste dia em específico, teria de acalmar-se por inteiro, para segurar o desejo de sentir aquele aroma novamente, sentir, apreciar como um vinho antigo, tocar com a língua a pele molhada de suor, ele daria tudo para ser invisível naquele momento.

Jungkook saiu da bolha do desejo, assim que sentiu o celular, que estava na coxa direita vibrar, era Jitae, chamando-o para o dormitório dela, para que pudessem aproveitar o resto da noite de sábado juntos.

Ele jogou o resto do cigarro fora e foi, apenas para distrair-se da ansiedade, sabia que não era no suor dela, que encontraria o aroma que queria, mas o sangue, o sangue era semelhante, apenas isso, ainda que os traços não batiam, deveria ser o suficiente.

Na manhã seguinte, assim que sangue esfriou, e despejou a ansiedade para fora. Como se nada tivesse acontecido, nem ao menos despediu-se, voltou para o próprio dormitório para banhar-se sair para caminhar no campus, fumaria outro cigarro.

O semestre estava acabando, em breve ele não seria mais um calouro prodígio, a disputa estava ficando mais ampla, mas ele sabia que daria conta do recado, era o melhor.

Jitae quando acordou, sentiu o vazio ao lado, apesar de gostar de Jungkook, ela sabia que seria difícil acostumar-se, em acordar com a cama vazia e, apesar das palavras bonitas do namorado, muitas de suas ações deixava a desejar. Ela se pegava dizendo, que este era o jeito de Jungkook de amar, ela não poderia interferir muito, ou cobrar demais, se a linguagem de afeto era diferente.

Quando a campainha tocou naquela tarde de sábado, Jimin desceu as escadas correndo para atender a porta. Neste dia, não havia treino na equipe de vôlei, ele não ficou totalmente triste pelo fato, pois poderia receber com mais tempo, a irmã mais velha e o novo Hyung. Para falar a verdade, Jimin sentia muita falta da irmã, desde que ela começou a faculdade e, decidiu que seria mais prático utilizar os serviços da republica para se alojar no campus.

— Jitae!

Ele atendeu a porta jogando-se em Jitae para um abraço apertado. Fazia uma semana que não a via, desde o último sábado. Mesmo depois de um ano e meio que ela ingressou na faculdade, Jimin continuou sentindo falta dela, todos os dias. Jitae era o porto seguro de Jimin.

— Oh, que bebê grudento! Vamos, cumprimente seu Hyung também. — Exclamou, tentando parecer furiosa, enquanto retribuía o abraço apertado. Aos olhos de Jitae, Jimin sempre seria seu bebê, mimado, grudento e extremamente bochechudo.

O adolescente desgrudou dela com muito esforço, depois gargalhou correndo para agarrar-se a Jungkook, que até então estava atrás de Jitae.

— Hyung! — Jimin gargalhou, abraçando o mais velho pela cintura. Olhou para cima, encostando o queixo no peito de Jungkook, mostrando o sorriso cheio de dentes brilhantes para ele. O homem olhou para ele, sem dizer uma palavra, ou expressar alguma reação, enquanto sentia os braços do garoto por cima do tecido da camisa. — Hyung, você veio mesmo, achei que não viria!

— Jiminie! Onde estão os modos, rapazinho? É assim que se cumprimenta um convidado?

— Jungkook Hyung, é um convidado especial, merece abraços. —Olhou para Jungkook, esperando que o mais velho o defendesse, mas o outro apenas retribuiu brevemente, ainda não dizendo nada.

O mais novo agora, encarou Jitae e mostrou língua, ela mostrou língua de volta, vendo-o soltar-se de Jungkook para correr, alegremente em direção a cozinha.

—Vamos, vamos, estávamos apenas esperando vocês para lanchar!

Ela riu da corridinha de jogador de futebol, feita propositalmente para fazer graça. Mas, algo a fez lembrar-se do desconforto que o namorado sentia com aproximação de pessoas pouco familiares, ou apenas notar que ele pudesse não ter gostado da recepção calorosa.

Mary On a Cross.Onde histórias criam vida. Descubra agora