❛ moth to a flame ❜

65 3 0
                                    

    Para ser sincero, Nathaniel já estava farto daquela situação em que havia se metido antes de sequer tomar ciência. Porra, aquela mulher estava o enlouquecendo, e ele não podia, ou melhor, não conseguia fazer absolutamente nada sobre aquilo. Era desgastante, mas tornara-se tão vicioso que ele simplesmente não conseguia mais contornar ou se pronunciar sobre.

    Honestamente, muitas questões rondavam a mente turbulenta do rapaz. Quando aquilo tudo começou? Quando tornou-se tão devoto àquela mulher, que outrora apenas uma garota em seus dezessete anos, novata no colégio, com um ar de graça e uma delicadeza incabível, agora tornara-se de uma intensidade sem igual e uma beleza ainda mais avassaladora? Ou será que ela sempre teve aqueles mesmos olhos que pareciam o sondar até a alma, examinando-o com resquícios de curiosidade e malícia; Também não se lembrava de sua voz doce o atingir como atingia agora, dizendo-o petulâncias e sempre o enfrentando, quando ninguém mais tinha coragem de o fazer.

    Afinal, muitas coisas estavam ligadas àquela mulher. Parcialmente, o fato de ter tornado-se quem era hoje em dia. Não, não a culpava de forma alguma, suas escolhas certamente ridículas que o colocaram no "mal caminho" e que o tornaram tão irreconhecível para seus amigos. Amigos, se é que podia os considerar assim. Ela foi a primeira e a única a não virar as costas para ele, mesmo quando suas palavras frias saíam sem que pensasse antes de sua boca, atingindo-a como facas. Céus, como podia ser tão babaca com aquela moça? Aquela quem sempre esteve alí por si em momentos difíceis, sempre tinha uma palavra amiga para o confortar e aquela que esteve ao seu lado durante aquela guerra familiar em que esteve há alguns anos atrás. De qualquer forma, Nathaniel era o único culpado por ser reconhecido como era atualmente, e nunca, em hipótese alguma, quis tratar duramente àquela mulher.

    Mas no momento, não eram aquelas suas principais questões, ressentimentos ou inseguranças. Ela estava saindo com aquele maldito garçom. Sequer fazia questão de lembrar o nome do asiático, tratando-o dessa forma mesmo sabendo não ser do agrado alheio. Ela estava se comprometendo com ele, enquanto o atiçava de todas as maneiras possíveis. Mas é claro que não ficava para trás; Sabia do relacionamento — ou seja lá a droga do rótulo — de ambos, e mesmo assim, decidiu seguir com aquilo. Decidiu ser dela, tanto quanto ela era dele.

    Nathaniel sabia, céus, nunca o deixariam esquecer de como Hyun e ela faziam um belo casal. Como ele era atencioso, gentil, cavalheiro... A merda de um verdadeiro príncipe para com sua princesa. Nathaniel sabia que ela merecia ser tratada assim. Ele sabia que Hyun era um ótimo ficante, namorado, que seja. Sabia que a garota merecia um relacionamento saudável e alguém que pudesse a proporcionar o melhor possível de si. Sua garota merecia o mundo.

    No entanto, se questionava. Hyun sabia que, todas as noites enquanto já estava adormecido, ela o ligava? Quando estava com insônia, preocupada, chateada... Será que Hyun sabia que unicamente era sua voz que podia a acalmar e fazê-la adormecer?

    Sabia que, nas gavetas de sua cama e no fundo de sua carteira, tinham fotos dela com Nathaniel? Que, sempre que estavam todos unidos, jogando conversa fora, seus olhares se encontravam numa intensidade quase que palpável no ar? Sabia a razão pela qual você se entristecia, ou entendia o que queria dizer ou estava sentindo apenas com um olhar?

    Esse Hyun sabia que, de vez em quando, os dois se encontravam num ponto cego dos dormitórios e que Nathaniel conseguia arrancar os suspiros e gemidos mais deliciosos e manhosos daquela garota? Que ela abria àquelas belas pernas para si em seu quarto e chamava por seu nome com todas as letras, num tom ofegante e que poderia o derreter facilmente?

    Definitivamente não. Hyun podia gostar dela, e ela até podia gostar dele, mas Nathaniel e ela se amavam. Hyun podia ser um príncipe para ela, mas mesmo que Nathaniel estivesse longe do título, sabia que o coração da garota pertencia tanto a ele quanto o próprio pertencia a ela.

    Nathaniel estava cansado daquela paixão ardente às escondidas, mas não deixaria de seguir com aquilo. Contanto que estivesse com ela, não se importaria com aquele amor proibido.

MOTH TO A FLAME.Onde histórias criam vida. Descubra agora