Tenho medo de chegar na maioridade e não saber com que idade deixei de ser criança. Tenho medo de que nessa maioridade, eu tenha um choque de realidade, um onde eu veja que a palavra "maior", é definida pela minha inteligência de vivência, não só de idade, dígitos. Não lembro das memórias, não sei se é trauma, alma ficando áspera ou eu mesmo tentando me auto-despistar, mas sei que uma hora vou recordar, mas que horas são quando um relógio perde seu ponteiro? Mesmo que há pilha, do que me adianta se não haverá exatidão? Não pode-se brincar com o tempo, no final das contas, ele que sempre brinca com a gente. E eu sei que tanta gente se pergunta como, mas é só olhar por tudo, você de ontem, você hoje, você criança, você em todas as fases da vida que anseia, até mesmo você imaginando como surgiu a ideia de seus pais quererem ser pais, caso tenha sido um desejo, assim esperamos. Buscamos por uma autonomia de sentinela, tão padronizada que o meu choque de realidade é saber que ainda consigo sentir o horror do mundo, mas só às vezes. Tantos buscam o que querem e encontram, outros não, mas e os que se perdem tentando encontrar o que querem? Pior, os que se perdem tentando procurar um lugar para se encaixar? Eu entendo, não minto, mas eu não me poupo, por isso não absolvo ninguém. É assim que o tempo é, ele te favorece te matando ou te regenerando, mas nunca curando, porque cura não tráz aprendizado, só fascínio seja lá pelo o que for, mas a regeneração, faz com que uma das poucas memórias que você tenha, seja de cada sutura tendo seu ponto costurado.
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Contos Cruelmente Crus
Kısa HikayeSão contos aleatórios com assuntos aleatórios, apenas algo onde irei expressar o que se passa em minha mente.